QUA, 17/08/2016 - 13:06
ATUALIZADO EM 17/08/2016 - 13:09
Jornal GGN - O interino Michel Temer (PMDB) levará a ONU (Organização das Nações Unidas) um discurso um tanto contraditório sobre o acolhimento aos refugiados. Segundo o colunista Ilimar Franco (O Globo), "Temer deve fazer um apelo, na abertura da Assembleia Geral da ONU, para que os países não fechem suas fronteiras". Ele também defenderá que os países se unam no combate ao terrorismo.
A fala de Temer guarda alguma controvérsia com uma das primeiras atitudes tomadas pelo seu governo: suspender, via Ministério da Justiça, as negociações que o Brasil sob Dilma Rousseff mantinha com a União Europeia para receber famílias desalojadas pela guerra civil na Síria.
O governo brasileiro buscava recursos internacionais para alojar cerca de 100 mil pessoas que fugiram do conflito. Quando Alexandre de Moraes assuniu a Justiça no lugar de Eugênio Aragão, as tratativas foram paralisadas a mando do novo titular.
Segundo fontes ouvidas pela BBC Brasil, "a decisão segue uma nova - e mais restritiva - postura do governo quanto à recepção de estrangeiros e à segurança das fronteiras."
Na semana da abertura das Olimpíadas, os Estados Unidos consultaram o chanceler José Serra sobre a possibilidade de receber refugiados da prisão de Guantánamo, mas o tucano declinou. "Recebê-los exigiria esquema de segurança e monitoramento especial dos ex-presos. O chanceler, porém, se prontificou a ajudar outros refugiados, como os da Síria", descreveu Natura Nery na Folha.
Por Ilimar Franco
O Globo
O presidente interino, Michel Temer, deve fazer um apelo, na abertura da Assembleia Geral da ONU, para que os países não fechem suas fronteiras para os refugiados, que procuram a paz e a democracia para não serem massacrados pela violência e pela intolerância religiosa e política.
Em seu discurso, no dia 28 de setembro, deve apoiar os esforços para que os países se unam no combate ao terrorismo, pois este tem como objetivo solapar a estabilidade econômica e política mundial. O Brasil, cuja população foi formada por várias etnias europeias que fugiram da fome e das guerras, recebeu milhares de haitianos, desde 2010, quando um terremoto sacudiu aquele país e deixou cerca de 150 mil mortos.
Mantendo a linha adotado pelo Brasil pelos presidentes José Sarney, Itamar Franco, Fernando Henrique, Lula e Dilma, Temer deve ainda se posicionar contra o protecionismo e defender o fortalecimento da Organização Mundial do Comércio (OMC).
Integrantes do governo afirmam que há um recrudescimento do protecionismo, sobretudo na Europa, e que isso representa uma barreira principalmente para a exportação de alimentos brasileiros. O agronegócio é um dos setores mais dinâmicos da economia do país. Eles acreditam que com a saída do Reino Unido da União Europeia, haverá um crescimento do nacionalismo.
-- Nossa prioridade é manter as portas abertas para exportar alimentos. O comércio internacional exige reciprocidade - afirmou um assessor do presidente interino.
O Brasil é contrário à posição dos Estados Unidos, que defende a redução da OMC como um órgão de resolução de controvérsias. A principal potência econômica do planeta sustenta que as divergências deveriam ser resolvidas de forma bilateral. Mas para o Brasil, a OMC tem um papel fundamental, o de evitar a adoção de medidas unilaterais para fechar mercados a outros países. Um dos assessores de Temer diz que é preciso adotar, tanto quanto possível, regras comuns. Cita, como um dos exemplos, a necessidade de regras fitosanitárias que sejam seguidas por todos os países.
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