Ao lado de Erlon de Souza, baiano de 22 anos disputará terceira medalha nos Jogos do Rio, sábado, no C2 1.000m, para se isolar como maior brasileiro em uma edição
Por Cahê Mota, Felipe Siqueira, Gabriel Fricke e Marcelo RussioRio de Janeiro, RJ
O barulho do inocente! Isaquias Queiroz está em mais uma final olímpica. Agora, no C2 1.000m, ao lado de Erlon de Souza, passou direto à final depois de terminar em primeiro na bateria classificatória. O baiano é daqueles personagens cada vez mais raros. Sem filtros, principalmente nas palavras, é o carisma em pessoa e parece não ter noção da grandeza que está tomando. O sorriso fácil acompanhado do olhar petrificado diante da multidão que grita seu nome na Lagoa Rodrigo de Freitas expõe um garoto de 22 anos que caminha para se tornar o maior brasileiro em uma edição de Olimpíada.
Erlon de Souza Silva e Isaquias Queiroz classificaram sem maiores problemas para final (Foto: AP Photo/Andre Penner)
Tal qual Garrincha na Copa de 1958 - guardada as devidas proporções -, trata o maior evento da vida como mais um. Ubaitaba e Rio de Janeiro não são tão diferentes assim. A classificação para mais uma final, na manhã desta sexta-feira, apenas mais uma vitória contra um monte de "João" - por mais grandioso que isso possa se tornar em menos de 24 horas. Vencedor de sua eliminatória, ao lado de Erlon de Souza, ele atropelou os concorrentes com mais de dois segundos de vantagem. De quebra, um dos principais concorrentes, Sergey Tarnovish, da Moldávia, sequer largou após ser pego no doping.
- Sabemos do nosso potencial, de nossas obrigações. Estamos preparados. Sermos os atuais campeões mundiais é bom para botar uma pressãozinha neles, que também estão se preparando bem - disse Isaquias logo depois da classificação.
Campeões do mundo na prova, os brasileiros não tiveram dificuldades para avançarem à final olímpica. Na primeira prova da manhã, marcaram 3m33s269, na liderança disparada de ponta a ponta, com direito a se pouparem no final. O resultado garantiu o lugar na decisão sem passar pela semifinal. Foram dez "João" a mais no caminho até o posto de maior nome brasileiro nos Jogos do Rio. O cenário, entretanto, não tira o sono do baiano. Muito pelo contrário:
- Mantenho a tranquilidade. Durmo tranquilo, sem ansiedade, evito falar de prova no hotel, no telefone, para não ficar pensando muito. Eu prefiro manter a tranquilidade e esperar chegar a hora para ver o que acontece.
Erlon Souza e Isaquias Queiroz se classificam para a final da C2 1000m (Foto: Agência Reuters)
Depois de mais uma sessão de selfies, Isaquias se prepara para retornar à raia olímpica às 9h21 (de Brasília) de sábado. Um lugar no pódio o coloca na história - e garantimos que não trata-se de só mais um clichê. Nunca nenhum brasileiro conquistou três medalhas em Jogos Olímpicos. Com a prata no C1 1.000m e o bronze no C1 200m, o baiano tem Gustavo Borges, Cesar Cielo, Guilherme Paraense e Afrânio Costa ao seu lado. Nada, porém, é capaz de deixá-lo pressionado:
- Ah, é um campeonato. Por ser uma Olimpíada é preciso ter a cabeça focada, mas os atletas que enfrento aqui, eu enfrento no Mundial. Então, sei das minhas possibilidades de medalha, das chances que eu tenho ou não tenho, e mantenho a tranquilidade.
- Ah, é um campeonato. Por ser uma Olimpíada é preciso ter a cabeça focada, mas os atletas que enfrento aqui, eu enfrento no Mundial. Então, sei das minhas possibilidades de medalha, das chances que eu tenho ou não tenho, e mantenho a tranquilidade.
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Isaquias Queiroz e Erlon de Souza na canoagem dupla 1000m (Foto: Reuters)
O lugar mais alto do pódio é o que falta acontecer para Isaquias no Rio, e ele não trabalha com outra possibilidade. Afinal, o Rio das Contas, em Ubaitaba, e a Lagoa Rodrigo de Freitas não são tão diferentes assim. E que ninguém ouse tentar prová-lo do contrário.
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Brasileiros são discretos em outras provas
Outras duas provas na manhã desta sexta-feira contaram com brasileiros. No K1 de 200m, na primeira disputa do dia, Edson Silva foi eliminado ao ficar em sétimo em sua bateria, terminando na 20ª colocação geral. No K4 1.000, o quarteto brasileiro formado por Roberto Maehler, Vagner Júnior, Celso Oliveira e Gilvan Ribeiro ficou em sexto na primeira eliminatória e 11º geral, classificando-se para semifinal.
Confira a classificação das eliminatórias do C2 1.000m:
1) Erlon Souza / Isaquias Queiroz (BRA) - 3m33s269 (classificado para final)
2) Brendel/Vandrey (ALE) - 3m33s482 (classificado para final)
3) Torres/Jorge (CUB) - 3m34s939
4) Ianchuk/Mishchuk (UCR) - 3m35s284
5) Vasbanya/Mike (HUN) - 3m35s501
6) Radon/Dvorak (RTC) - 3m36s818
7) Shtokalov/Pervukhin (RUS) - 3m43s105
8) Kaminski/Kudla (POL) - 3m44s717
9) Kochnev/Mirbekov (UZB) - 4m00s330
10) Szekszardi/Marinov (AUS) - 4m07s372
11) Chamaune/Lobo (MOZ) - 4m14s002
1) Erlon Souza / Isaquias Queiroz (BRA) - 3m33s269 (classificado para final)
2) Brendel/Vandrey (ALE) - 3m33s482 (classificado para final)
3) Torres/Jorge (CUB) - 3m34s939
4) Ianchuk/Mishchuk (UCR) - 3m35s284
5) Vasbanya/Mike (HUN) - 3m35s501
6) Radon/Dvorak (RTC) - 3m36s818
7) Shtokalov/Pervukhin (RUS) - 3m43s105
8) Kaminski/Kudla (POL) - 3m44s717
9) Kochnev/Mirbekov (UZB) - 4m00s330
10) Szekszardi/Marinov (AUS) - 4m07s372
11) Chamaune/Lobo (MOZ) - 4m14s002
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