12 de Maio de 2017
Qualquer um que tenha assistido o depoimento de Lula sabe muito bem: o ex-presidente ganhou, Moro perdeu. Mais que isso, Lula ganhou de goleada e Moro perdeu feio...
Em determinado momento, se tornou até legítimo questionar como aquelas acusações tolas, mesquinhas e banais acabaram se tornando nesse gigantesco processo criminal...
Após um silêncio inicial da direita - que controla os meios de comunicação e está enraizada nos setores mais reacionários do país - começamos a observar o tradicional espetáculo de bravatas e manipulações sobre o depoimento de Lula.
Nenhuma novidade: a direita brasileira não sabe perder... Mas esse fato é uma questão muito mais séria do que podemos imaginar, como veremos a seguir.
Em primeiro lugar, devemos nos questionar: o que é SABER perder? Para aqueles que trabalham com educação (como é o caso desse autor) é absolutamente claro que um dos momentos mais privilegiados para o crescimento de um indivíduo se encontra nas assim chamadas "derrotas".
Perder faz parte da vida. Quando não conseguimos atingir as metas que havíamos previsto, quando chegamos a um resultado errado, quando tiramos uma nota baixa, quando não conseguimos ser aprovados em um emprego.... Admitimos, enfim, que "dessa vez, não deu..."
Porém, é justamente nesse momento de derrota que temos a oportunidade de aprender com os nossos erros, fazer uma auto-crítica, traçar novas estratégias, dialogar com outras pessoas e - sobretudo - nos levantar e partir novamente para a luta, porque desistir nunca é a resposta para nada que existe nessa vida.
E quando aprendemos o que é SABER perder, podemos enxergar mais facilmente o absurdo que é o NÃO saber perder...
Não saber perder é acreditar que não há nada de errado consigo, que a sua derrota ocorreu porque "é a vida que está errada", porque houve forças excepcionais que lhe fizeram ser derrotado... porque a culpa é do "azar", da "conspiração", do "pensamento negativo", etc.
Em suma, quem não sabe perder se distancia da realidade e abre mão da auto-crítica e da superação.
E é exatamente isso o que ocorre com a direita brasileira. Cada derrota lhe torna mais demente, mais estreita em seus pensamentos e mais diminuta em alternativas para o Brasil. Quando ela perde, apela para os seus instintos mais baixos e primitivos.
Quando o PSDB e a direita perderam as eleições de 2014, não procuraram uma alternativa ao poder, uma reformulação de seu programa de governo. Nada disso. Eles apelaram para a barbárie. Partiram para as ofensas contra os nossos irmãos nordestinos, alegaram fraude eleitoral, boicotaram o governo Dilma, colocaram o país na maior crise política de sua História e protagonizaram um golpe de Estado.
E quando chegaram ao poder, quais foram as sua alternativas? Podemos hoje ver muito bem qual é o projeto da direita brasileira: retirar direitos dos trabalhadores, abolir a aposentadoria, entregar nossas riquezas aos estrangeiros, criminalizar seus inimigos políticos e, sobretudo, destruir os fundamentos do Estado Democrático de Direito.
A cada derrota a direita brasileira regride cada vez mais. E isso não ocorre apenas em sua face política, mas em todo o seu aparato de poder.
O que faz a Rede Globo quando perde audiência? Abaixa o nível de seus programas. O que faz a imprensa escrita quando perde leitores? Demite os melhores jornalistas. O que faz os bancos quando aumenta a inadimplência? Aumenta os juros e escasseia o crédito, para a ruína de milhares de empresas e milhões de trabalhadores.
E agora, nesse episódio particular, quando Lula venceu o maior representante da direita, o juiz Sérgio Moro, o que observamos? Por acaso algum setor da imprensa conservadora pensou em fazer qualquer auto-crítica sobre essa farsa da Lava-Jato? Em hipótese alguma...
Preferem partir para a baixaria... E agora chega-se ao ponto de tentar insinuar que Lula valeu-se de sua falecida esposa para "se safar" do processo contra ele...
Precisamos admitir que o tempo passou e que, de uma forma ou de outra, a democracia brasileira acabou amadurecendo... E viver na democracia é saber ganhar e - sobretudo - saber perder. Não por acaso a direita brasileira é a maior inimiga da democracia. Mais que isso: ela odeia a democracia. Por que? Porque não sabe e - verdade seja dita - nunca soube perder.
Por isso, muito em breve a sociedade brasileira estará não mais diante da tradicional opção, "esquerda versus direita"; mas será obrigada a optar entre "democracia ou direita", algo que se delineia cada vez mais, na prática, em uma disputa eleitoral entre Lula e Jair Bolsonaro.
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