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terça-feira, 23 de janeiro de 2018

CASO LULA – Uma reflexão do significado político de seu julgamento

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Com a aproximação do julgamento do Lula em segunda instância em Porto Alegre neste dia 24, mais uma vez o calor das discussões políticas em estratificações médias do país aumenta. Em grande medida, o estranhamento parte na realidade de enorme incapacidade de um setor amplo dos assalariados urbanos em entender didaticamente o que ocorre de fato no país.

É pensando nesta situação que urge mais uma incansável tentativa de ser didático e explicar pausadamente o que se passa.
A questão do Lula não é um assunto simplório. Quando se fala em Lula no Brasil de 2018, estamos entrando num departamento muito sério da vida política, social e econômica deste país. O apoio por parte desta massa de trabalhadores que se dirigiram à Porto Alegre a favor de Lula não significa que são pessoas que olham pra cara dele e o acham espontaneamente um senhor “bonzinho”, “coitadinho”, “inocentezinho”. É importante pontuar isso porque os críticos do Lula pensam em grande medida isso e acusam os apoiadores do Lula de ignorantes, vejam vocês à que nível de confusão chegamos!
As lideranças dos movimentos que mobilizaram com sucesso toda essa massa em Porto Alegre demonstraram com clareza ao povo trabalhador brasileiro o REAL significado por trás da tentativa de anular politicamente uma figura como o Lula na vida institucional brasileira. Não estamos diante de um problema superficial que “fulano de tal tem opinião X e sicrano tem Y”, ou seja sem que haja qualquer tipo de análise de teoria política.
Toda pessoa bem antenada em Política brasileira sabe que o Lula nunca foi, não é e nunca será revolucionário. O Lula é um CONCILIADOR da política e em vários momentos o próprio Lula foi INSTRUMENTO da Burguesia para governar o Brasil.
A questão que está colocada para o momento no Brasil e no Mundo é que a crise política e econômica de repercussão mundial impede que a Burguesia queira jogar com políticos conciliadores como ele ou qualquer outra liderança carismática – mesmo que seja pra jogar a favor da Burguesia em certos momentos. O Capital exige atualmente a total destruição de Direitos de que se tem notícia na História do Brasil desde a sua Independência. Anular Lula politicamente significa jogada fundamental na luta de classes no país. Ainda que Lula seja sempre um conciliador que sempre jogará pela via institucional sem confrontar diretamente a Burguesia, a sua defesa hoje desempenha papel vital no desenvolvimento da classe operária do Brasil e diria que até da América do Sul. A questão é: para a Burguesia, falhar no anulamento do Lula significa uma derrota imensa diante do ascenso operário que o caso está suscitando e proporciona. Não cabe aqui pensarmos que uma eventual absolvição de Lula e mesmo eleição de Lula em 2018 irá “causar” uma Revolução redentora no país à favor dos pobres. Não é isso! A luta a favor do Lula é uma expressão intermediária de grandíssima envergadura que ilustra a disposição da classe trabalhadora em iniciar uma política de enfrentamento com a Burguesia para as próximas décadas.
De forma mais simplificada, grande parte da população já percebeu isso. E não há segredo, isso se aprende inclusive na prática quando o povo começa a perder os seus direitos históricos com o Golpe da Reforma Trabalhista, a PEC da morte, a Reforma da Previdência, as demissões em massa, o desemprego, o aumento da violência Policial nas periferias e etc. O povo entendeu o Golpe de 2016 mesmo com a campanha desleal dos Meios de Comunicação monopolistas. Mas uma parcela continua discutindo Corinthians x Palmeiras sem entender a natureza da luta para valer.
A coisa não é “conversa de boteco”, não! Isso aqui é muito sério, envolve MUITA COISA SÉRIA para a classe trabalhadora do Brasil e para o bloco regional sul-americano.

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