No inverno, salas ficam alagadas e, por isso, algumas turmas da Escola Estadual Ministro João Alberto, em Jaboatão, têm, em média, só três aulas por semana
Publicado em 31/07/2013, às 06h39
Marcela Balbino
marcelabalbino1@gmail.com
Foto: Hélia Scheppa/JC Imagem
Eram 7h50 e o sinal já havia batido há 20 minutos, mas os alunos do 5º ano B aguardavam na frente da Escola Estadual Ministro João Alberto, em Cavaleiro, Jaboatão dos Guararapes, o primeiro turno acabar, às 10h, para eles iniciarem a jornada de estudos. Um aviso fixado na entrada da unidade explica o sistema de rodízio. O prédio está com a estrutura comprometida e apenas algumas salas funcionam. Cada turma, do 5º ao 8º ano, só assiste em média a três aulas por semana. Para o 5º ano, a aula, desta terça-feira, durou uma hora e meia, das 10h às 11h30. Enquanto o sinal não tocava, os adolescentes com o uniforme da escola se dispersavam pelas ruas do bairro, em busca de algo para fazer no horário vago. Do lado de fora da escola, fechada com corrente e cadeado, alguns meninos esperavam o toque para começar a estudar.
O reflexo negativo do sistema de rodízio sobre o desempenho dos estudantes pode ser visto no Índice de Desenvolvimento da Educação de Pernambuco (Idepe) 2012. A média dos alunos da Escola Ministro João Alberto, tanto nas séries finais quanto no ensino médio, está abaixo do resultado estadual. O índice registrado nas séries finais foi 2,8. O do Estado ficou em 3,7. Já no ensino médio, a média da escola foi 2,36. A pernambucana subiu de 2,6 para 3,4 no mesmo período.
Em frente à escola, os alunos explicam que o rodízio foi adotado, porque em épocas de chuva a água entra no térreo do prédio, que fica abaixo do nível da rua, e as salas ficam alagadas. Seis das nove salas estão no andar inferior. O problema, segundo eles, é que a situação não fica restrita aos períodos de inverno. “A estrutura da escola está horrível. O teto, cheio de goteiras e o prédio, ameaçado”, afirmou um aluno de 14 anos, do 5º ano.
A professora Valéria Barros, 42, tem uma filha matriculada na escola e acompanha de perto a precariedade do espaço. Aflita com o estado crítico, ela afirmou que tenta reunir pais para levar o caso à Secretaria de Educação. “O colégio precisa ser visitado pela secretaria, porque a estrutura está horrível e o conhecimento dos alunos, totalmente prejudicado. Tentaram montar um esquema para os meninos irem à tarde, mas no período também tem aula e é muito desorganizado. Não vou mandar minha filha para deixá-la solta pela rua sem saber se vai ter ou não aula”, desabafa a mãe.
“Quando não passamos de ano, dizem que somos burros, mas não é bem assim. O colégio não dá estrutura, nem assistência”, acrescenta a aluna Gilvânia Rita, 14 anos.
Segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco (Sintepe), o caso da unidade não é isolado. Na Escola Zequinha Barreto, em Candeias, professores denunciaram que existe rodízio porque faltam cadeiras para os estudantes. A informação foi registrada no dia último dia 23.
Em nota, a Secretaria Estadual de Educação explica que as salas alagaram por causa de transbordamento do córrego localizado próximo à área da escola e, por conta das chuvas, houve um alagamento em apenas duas salas. O órgão informa ainda que vai realizar, de imediato, a drenagem e a recuperação das áreas afetadas para que as salas sejam utilizadas. A nota afirma ainda que o prédio não está condenado e que já se encontra sob análise um projeto de intervenção definitiva para a escola.
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