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quarta-feira, 31 de julho de 2013

EDUCAÇÃO Alunos enfrentam rodízio de aulas em escola estadual de Jaboatão

No inverno, salas ficam alagadas e, por isso, algumas turmas da Escola Estadual Ministro João Alberto, em Jaboatão, têm, em média, só três aulas por semana

Publicado em 31/07/2013, às 06h39

Marcela Balbino

marcelabalbino1@gmail.com

 / Foto: Hélia Scheppa/JC Imagem

Foto: Hélia Scheppa/JC Imagem

Eram 7h50 e o sinal já havia batido há 20 minutos, mas os alunos do 5º ano B aguardavam na frente da Escola Estadual Ministro João Alberto, em Cavaleiro, Jaboatão dos Guararapes, o primeiro turno acabar, às 10h, para eles iniciarem a jornada de estudos. Um aviso fixado na entrada da unidade explica o sistema de rodízio. O prédio está com a estrutura comprometida e apenas algumas salas funcionam. Cada turma, do 5º ao 8º ano, só assiste em média a três aulas por semana. Para o 5º ano, a aula, desta terça-feira, durou uma hora e meia, das 10h às 11h30. Enquanto o sinal não tocava, os adolescentes com o uniforme da escola se dispersavam pelas ruas do bairro, em busca de algo para fazer no horário vago. Do lado de fora da escola, fechada com corrente e cadeado, alguns meninos esperavam o toque para começar a estudar.
O reflexo negativo do sistema de rodízio sobre o desempenho dos estudantes pode ser visto no Índice de Desenvolvimento da Educação de Pernambuco (Idepe) 2012. A média dos alunos da Escola Ministro João Alberto, tanto nas séries finais quanto no ensino médio, está abaixo do resultado estadual. O índice registrado nas séries finais foi 2,8. O do Estado ficou em 3,7. Já no ensino médio, a média da escola foi 2,36. A pernambucana subiu de 2,6 para 3,4 no mesmo período.
Em frente à escola, os alunos explicam que o rodízio foi adotado, porque em épocas de chuva a água entra no térreo do prédio, que fica abaixo do nível da rua, e as salas ficam alagadas. Seis das nove salas estão no andar inferior. O problema, segundo eles, é que a situação não fica restrita aos períodos de inverno. “A estrutura da escola está horrível. O teto, cheio de goteiras e o prédio, ameaçado”, afirmou um aluno de 14 anos, do 5º ano.
A professora Valéria Barros, 42, tem uma filha matriculada na escola e acompanha de perto a precariedade do espaço. Aflita com o estado crítico, ela afirmou que tenta reunir pais para levar o caso à Secretaria de Educação. “O colégio precisa ser visitado pela secretaria, porque a estrutura está horrível e o conhecimento dos alunos, totalmente prejudicado. Tentaram montar um esquema para os meninos irem à tarde, mas no período também tem aula e é muito desorganizado. Não vou mandar minha filha para deixá-la solta pela rua sem saber se vai ter ou não aula”, desabafa a mãe.
“Quando não passamos de ano, dizem que somos burros, mas não é bem assim. O colégio não dá estrutura, nem assistência”, acrescenta a aluna Gilvânia Rita, 14 anos.
Segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco (Sintepe), o caso da unidade não é isolado. Na Escola Zequinha Barreto, em Candeias, professores denunciaram que existe rodízio porque faltam cadeiras para os estudantes. A informação foi registrada no dia último dia 23.
Em nota, a Secretaria Estadual de Educação explica que as salas alagaram por causa de transbordamento do córrego localizado próximo à área da escola e, por conta das chuvas, houve um alagamento em apenas duas salas. O órgão informa ainda que vai realizar, de imediato, a drenagem e a recuperação das áreas afetadas para que as salas sejam utilizadas. A nota afirma ainda que o prédio não está condenado e que já se encontra sob análise um projeto de intervenção definitiva para a escola.

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