Inventário
Num final do ano recebi o livro “Pequeno Inventário Afetivo”. Se você procura entre as pessoas que ama, que conhece, que são amigas, que despertam admiração, então está no caminho certo para entender a palavra afetiva, que eu conheço tão bem, escolhida pelo autor José Paulo Cavalcanti Filho quando pensou no título.
Pequeno afetivo tem raízes plantadas na amizade, cita os tempos de Homero e outros clássicos, demonstra que amizade compensa e justifica o prazer do convívio, da alegria, da confiança e admiração que sentimos por outras pessoas. E mais os seus valores pessoais, literários, artísticos e humanos. Nesse último caso, o quanto uma pessoa se preocupa e até sacrifica por outras pessoas. É um livro que não pode ser julgado pelo tamanho, mas pelo que o autor revela, em poesia com rima, os seus amigos preferidos, confessando que “acaba de descobrir que a gente só faz amizades até os quarentas anos, depois começam as ausências”.
Então me lembrei dos versos de Fernando Pessoa ao dizer: “A morte é a curva da estrada / Morrer é só não ser visto”. Mas as suas perdas José Paulo foram poucas, acredito, que a maior de todas, e a mais irremediável, foi o seu pai que você consegue “ver” incontáveis vezes por dia, talvez até “conversem”, quem sabe. Eu conheço o que é perder não o pai, mas a mãe. Ele também gosta de Fernando Pessoa como eu, então vou transcrever esta frase: “Sempre soube que a vida não é uma estrada reta em que se pode ver sempre o destino que nos espera”. Tem uma ou mais curvas, digo eu.
*Textos extraídos do livro “Ao lado do Arcanjo” - Prosa Poética, de autoria de Alex, editado pela Intergraf em 2005.
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