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sexta-feira, 1 de abril de 2016

Após decisão do STF, Lava Jato mira em PT e retoma caso Celso Daniel

Publicado às 10h e atualizado
 
 
Jornal GGN - Após o Supremo Tribunal Federal (STF) tirar do juiz federal de Curitiba, Sergio Moro, o poder de decidir sobre as investigações contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mantendo a análise do caso na última instância, Moro autorizou a deflagração de mais uma etapa da Lava Jato com objetivo de mirar no PT. 
 
Na manhã desta sexta (01), delegados da Polícia Federal cumpriram dois mandados de prisão temporária: contra o ex-secretário nacional do PT, Silvio Pereira, conhecido como Silvinho, e contra o dono do Diário do Grande ABC, Ronan Maria Pinto. Também foram levados para depor, sob coerção, o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, e o jornalista e diretor do Opera Mundi, Breno Altman.
 
O objetivo da 27ª fase, denominada de "Carbono 14", é investigar se o empréstimo do Banco Schahin para o pecuarista José Carlos Bumlai tem relação com a morte do ex-prefeito de Santo André, Celso Daniel. O empresário Ronan Maria Pinto é acusado de chantagear o PT no caso da morte do político.
 
Em coletiva de imprensa, os investigadores afirmaram que o foco é "investigar a lavagem de dinheiro do Banco Schahin", cuja suspeita é de um rombo de R$ 6 milhões de gestão fraudulenta no banco. "Os fatos investigados nesta fase apuram, ao menos em tese, a prática dos crimes de extorsão, falsidade ideológica, fraude, corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro", disse a PF, em nota.
 
"Constatou-se que José Carlos Bumlai contraiu um empréstimo fraudulento junto ao Banco Schahin em outubro de 2004 no montante de R$ 12 milhões. O mútuo, na realidade, tinha por finalidade a 'quitação' de dívidas do Partido dos Trabalhadores (PT) e foi pago por intermédio da contratação fraudulenta da Schahin como operadora do navio-sonda Vitória 10.000, pela Petrobras, em 2009, ao custo de US$ 1,6 bilhão", disse a PGR. 
 
A fase foi deflagrada após o depoimento do lobista Fernando Antonio Guimarães Hourneaux de Moura, em janeiro, afirmando que Silvio Pereira recebia R$ 50 mil "em dinheiro vivo", em troca de silêncio para as irregularidades de duas empreiteiras investigadas - a OAS e a UTC Engenharia.
 
Também aos investigadores, Bumlai afirmou que metade do empréstimo do banco foi destinado à Santo André, onde o partido teria sido chantageado pelo empresário Ronan Maria Pinto. O dono do Diário do Grande ABC teria pedido R$ 6 milhões para não contar o que sabia sobre o caixa 2 do diretório regional, e a relação desses recursos com a morte do ex-prefeito Celso Daniel, em 2002.
 
Em outubro de 2014, o doleiro Alberto Youssef levantou a suspeita de que o jornalista Breno Altman seria um dos envolvidos em uma operação para a compra de silêncio de um chantagista que poderia revelar novas informações sobre o caso da morte do ex-prefeito de Santo André. Altman é amigo de José Dirceu e atuou como seu interlocutor, em diversos momentos. 
 
Ao todo, estão sendo cumpridas 12 ordens judiciais: além, das prisões e coerções, mandados de busca e apreensão em São Paulo, Carapicuíba, Osasco e Santo André também integram a fase, envolvendo cerca de 50 policiais. 
 
As diligências também estão sendo realizadas na empresa de ônibus controlada pelo empresário Ronan, a "Expresso Nova Santo André", além da "DNP Eventos", em Osasco.
 
O nome "Carbono 14" é uma referência ao registro de itens para a datação e análise de fatos antigos. Ronan e Silvinho estão sendo encaminhados para a Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, de carro. Delúbio chegou à sede da PF em São Paulo, por volta das 8h20, e Altman foi conduzido coercitivamente em Brasília.

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