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quinta-feira, 21 de abril de 2016

Estuário do Capibaribe sob ameaça

Pesquisadores da UFPE constataram compostos nocivos nas águas do rio, todos proibidos, inclusive, no Brasil


Thu Apr 21 07:33:00 BRT 2016 - Priscilla Costa, da Folha de Pernambuco

Paullo Allmeida/Folha de Pernambuco

Pesquisa realizada pela UFPE mostrou que substâncias tóxicas oferecem perigo à vida aquática e
 até mesmo a seres humanos

A qualidade da água na par­­­te estuarina do Capibaribe, onde o rio se encontra com o mar, está carregada de compostos nocivos à vida aquática. É o que revela o estudo feito por pesquisadores do Departamento de Oceanografia da UFPE. Foram feitas coletas de amostras de sedimento em 18 pontos do estuário do Capibaribe, compreendendo desde o Porto do Recife até a ponte da BR-101. Entre os contaminantes descobertos estão as bifenilas policloradas, conhecidas como PCBs, e organoclorados, ambos proibidos em muitos países, inclusive no Brasil.
Esses compostos foram muito usados antes da década de 80 durante a produção de isolantes elétricos e pesticidas, respectivamente. No caso dos PCBs foram analisados 182 tipos, verificando o dobro da concentração em comparação ao número de componentes abarcados pela resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). Os exames laboratoriais levaram, em média, dois anos para serem concluídos.
Na avaliação do oceanógrafo pela UFPE e orientador da pesquisa, Gilvan Yogui, a gravidade da descoberta se deve ao fato de o estuário ser um ambiente de elevada importância ambiental. São nessas áreas que espécies marinhas e de água doce encontram um abrigo tranquilo para se reproduzirem e en­­contrarem alimento. “O pei­­xe que se alimenta da lama e areia do Capibaribe está, consequentemente, ingerindo esses compostos altamente tóxicos para dentro do organismo. E nele (no peixe) ficam por décadas, visto que esses contaminantes não são biodegradáveis”, explicou.
Yogui citou alguns dos danos que os poluentes orgânicos persistentes po­­dem causar aos organismos. Entre eles, problemas nos sis­­­temas reprodutivo, nervoso, imunológico e, ainda, cânceres e morte, inclusive, em humanos que consomem os alimentos já contaminados.
Ele recordou que antes da probição do uso desses materiais pelo Ministério de Meio Ambiente, devido à alta toxidade, a iluminação pública utilizava óleo mineral para transformadores à base de PCB. O descarte irregular anos atrás é uma das hipóteses levantadas pelo professor para explicar a situação do Capibaribe.
“É uma incógnita saber se a proibição é levada a sério pelas empresas”, disse, relembrando o incêndio no Centro de Reparação de Óleo da Chesf, ocorrido no último dia 6. “Recolhemos folhas de árvores situadas a um raio de cinco quilômetros de distância da subestação. Levamos para o laboratório para investigar se o resultado acusará a presença de PCB no óleo mineral queimado no incêndio”, adiantou o especialista.

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