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quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Política “Sete senadores mudarão de voto por Dilma na votação final”, prevê Humberto Costa

Segundo o senador, alguns parlamentares estariam optando por votar a favor do impedimento para não se expor a “pressões” neste momento, mas acenam com a possibilidade de mudança de posicionamento; Cardozo pretende pedir nulidade do processo
Humberto Costa negocia com senadores em sessão que decidiu por acatar parecer contra Dilma - Foto: Jane de Araújo/Agência Senado
Humberto Costa negocia com senadores em sessão que decidiu por acatar parecer contra Dilma – Foto: Jane de Araújo/Agência Senado
O senador Humberto Costa (PT-PE) disse hoje (10) acreditar ser possível à presidenta afastada Dilma Rousseff conseguir os votos suficientes para evitar o seu impeachment na votação final do Senado. Segundo o senador, alguns parlamentares estariam optando por votar a favor do impedimento para não se expor a “pressões” neste momento, mas acenam com a possibilidade de mudança de posicionamento.
Na madrugada desta quarta-feira, o Senado aprovou, por 59 votos a 21, o parecer do senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) e julgou procedente a denúncia contra Dilma. Para evitar o impeachment, a petista precisa arregimentar o voto de, pelo menos, 27 senadores, pois Renan Calheiros, presidente da Casa, disse que não vai votar. “Alguns votantes contrários ao governo nessas primeiras avaliações que tivemos agora estão decididos a votar pela volta da presidenta, só que votar agora seria permanecer um mês inteiro à mercê das pressões, da chantagem do governo [do presidente interino Michel Temer]”, disse Costa.
Costa, que é líder do PT na Casa, minimizou o resultado da votação, com mais de dois terços dos senadores contra Dilma, e considerou uma “vitória” ter mantido o voto de 21 senadores sem ter nada para oferecer “no toma lá, dá cá do poder”. “Foi uma vitória mantermos o voto de 21 senadores sem termos nada além de ter feito a disputa política e acreditamos que há condição que termos mais seis ou sete votos”, disse.
O julgamento final de Dilma deve ocorrer no final do mês. Para o advogado da presidenta, o ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo, “muita água ainda pode passar embaixo da ponte”: “A grande questão agora vai se colocar para o julgamento final, onde serão necessários os dois terços [dos senadores] e a margem de dois terços ainda continua estreita”, avaliou. “Necessariamente quem vota a favor na pronúncia pode não votar no julgamento, inclusive juridicamente há uma razão para isso. Independente das razões políticas, na pronúncia quem tem dúvida vota favorável, no julgamento final, quem tem dúvida vota pró réu”.
Cardozo pretende pedir nulidade do processo de impeachment após Anastasia incluir “novas provas” ao processo. “Ele (Anastasia) inclui uma nova acusação, de que a presidente da República não pagou desde 2008. É claro que isso é uma alteração do libelo. Uma acusação que trará nulidade a essa decisão de pronúncia hoje, se for confirmada”, criticou.
Operação Lava Jato
Para o senador petista, a situação poderá ser revertida em razão do avanço das investigações da Operação Lava Jato, que pode envolver a cúpula do PMDB. “O fator determinante desse resultado final chama-se Lava Jato e, se de fato as denúncias contra o governo se intensificarem, farão um novo desenho na opinião pública com influência em muitos dos senadores aqui”, disse.
No final de semana, matéria publicadas na imprensa apontam o presidente interino como um dos principais nomes delatados pelo ex-presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, em sua colaboração premiada. Na delação, Marcelo teria dito que Temer, como vice-presidente da República e presidente nacional do PMDB, pediu, após uma reunião no Palácio do Jaburu, uma ajuda extra ao partido de R$ 10 milhões, dos quais R$ 4 milhões teriam sido entregues a Eliseu Padilha, braço direito de Temer. O restante foi doado ao caixa dois de outros candidatos.
Senado decidido
Já o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) disse que o resultado dessa quarta-feira mostra que o plenário já se decidiu pelo impeachment de Dilma. “Essa votação representa a cristalização de uma situação política absolutamente consolidada e irreversível pelo afastamento definitivo da presidente Dilma. Essa convicção já está firmada no Senado”.
Nunes disse que Dilma não teria mais condições de reaver o apoio político para conseguir votos para barrar o impeachment e restabelecer sua base parlamentar. “Ela não tem mais condição de governar o país”, disse.
Com a decisão de hoje, a presidenta afastada Dilma Rousseff vira ré no processo de impeachment. Na última etapa, serão ouvidos os depoimentos de testemunhas da acusação e da defesa, os argumentos de ambas as partes e os senadores decidirão pela condenação ou a absolvição de Dilma. Na fase final, é preciso o voto de 54 dos 81 senadores para confirmar o impedimento. As sessões de julgamento devem ser agendadas a partir do dia 25 de agosto.
*Com Agência Brasil

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