Educador ambiental desenvolveu projeto que usa papel, casca de amendoim e palha de coqueiro para fazer carvão ecológico, evitando o corte de árvores
Publicado em 09/06/2013
Marcela Balbino
marcelabalbino1@gmail.com
Ednaldo Nascimento mostra prensa que dá forma aos briquetes
Divulgação
Papel picado, jornal, palha de coqueiro ou casca de amendoim são resíduos, normalmente, tratados como lixo. Porém, da união desses materiais nasceu uma ideia para reaproveitar detritos, gerar renda e preservar a mata atlântica: o carvão ecológico, também chamado de briquete artesanal.
A experiência desenvolvida pelo educador ambiental maranhense Ewir Caldas e testada pela Fundação Mata Atlântica Cearense (FMAC) em comunidades do Maciço do Baturité, no Sertão do Ceará, surge como alternativa para reduzir o uso da lenha e prolongar a vida útil de itens que seriam descartados. “Os briquetes são naturais, atóxicos e têm fácil estocagem e conservação”, explica Ednaldo Vieira do Nascimento, presidente da FMAC.
O carvão ecológico, segundo Ewir Caldas, queima tão rápido quanto a lenha, graças à combinação da alta capacidade de gerar calor e o baixo grau de umidade. Um quilo do briquete corresponde a uma hora de queima. Outra característica do produto é que, quando queimado, ele não gera muita fumaça, ao contrário do que ocorre com a madeira.
Isso contribui para diminuir a incidência de doenças respiratórias nas comunidades que adotaram a produção do carvão de lixo. Além disso, segundo o ambientalista Ednaldo Nascimento, as oficinas têm o objetivo de promover a cidadania sustentável e melhorar a gestão dos resíduos sólidos.
Segundo Ednaldo, técnica do carvão de lixo é recomendável para ser aplicada em comunidades rurais, onde os briquetes podem ser compartilhados pelas famílias. Ele explica que o primeiro passo para confeccionar a peça é iniciar coleta seletiva.
“Separamos jornais, papel branco picado (a celulose presente nele ajuda a unir os materiais), pó de serra e resíduos orgânicos, como palha de coqueiro e casca do amendoim”, explica. O material fica de molho na água por três dias, em recipientes separados. Em seguida, passa por uma prensa de madeira. Um cano de PVC é responsável por dar forma ao carvão, semelhante ao processo de confecção de queijo. Após a prensagem da biomassa e confecção dos briquetes, as unidades são colocados para secar ao sol por dois ou três dias.
A experiência foi selecionada em 2012 pelo Ministério do Meio Ambiente, por meio de edital público da Secretaria de Articulação Institucional e Cidadania e o Departamento de Educação Ambiental, para fazer parte da publicação “Boas práticas em educação ambiental na agricultura familiar, exemplos de ações educativas e práticas sustentáveis no campo brasileiro”. No fim de maio, no evento Viva a Mata, promovido pela Fundação SOS Mata Atlântica, em São Paulo, a FMAC expôs a fabricação do carvão ecológico.
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