PRF revela que, de janeiro até a semana passada, foram 1,8 mil batidas nos 213 quilômetros da BR-101 em Pernambuco
Publicado em 23/07/2013, às 09h12
Do JC Online
As mortes de Erasmo Pereira dos Santos, 35 anos, e Grécia Francisca Santana, 32, na sexta-feira (19), ao desviar de um buraco na BR-101, em Paulista, no Grande Recife, não são um fato isolado. Longe disso. Os 213 km de extensão da rodovia no Estado, caminho certeiro da reclamação de motoristas, foram palco de mais de 1,8 mil acidentes este ano. O levantamento feito pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) também revela que os desastres deixaram 44 mortos e 702 feridos. Apenas este mês, foram registradas 149 batidas. A PRF não precisa quantos acidentes foram ocasionados por buracos.
O último balanço do órgão federal, que contabiliza ocorrências até quinta-feira, não inclui os óbitos de Erasmo e Grécia. Foram 1.807 desastres, 195 feridos graves e 507 feridos leves. No mesmo período do ano passado, a PRF registrou 1.905 acidentes, 58 mortes, 169 feridos graves e 509 feridos leves.
O inspetor Eder Rommel, assessor de comunicação da PRF, disse que a BR-101 é a rodovia mais violenta de Pernambuco. “Há uma conjunção de fatores: é a mais movimentada, corta todo o perímetro urbano da Região Metropolitana e tem uma situação de solo lunar, pelo excesso de buracos. As mortes ocorrem por negligência do poder público e imprudência dos motoristas, que trafegam em velocidade alta apesar das condições da pista”, afirmou.
A tragédia mais recente ocorreu na sexta-feira passada. Erasmo, Grécia e as duas filhas, Emanuelli e Ewiliane Gabriele dos Santos, voltavam de Natal (RN), onde haviam passado férias. Um buraco, entre os tantos cravados na pista, interrompeu o retorno da viagem. Erasmo não conseguiu desviar, caiu na fenda aberta, o pneu esquerdo furou, o veículo invadiu a via contrária e bateu de frente em um caminhão, no km 53, na altura de Paratibe, em Paulista. O homem morreu na hora. A esposa faleceu no Hospital Miguel Arraes.
A cratera, aberta há dias, só foi fechada no sábado à tarde. “Vieram recapear por causa do acidente. É muito buraco e muito acidente por aqui. Estava trabalhando na hora da batida e corri quando ouvi o barulho”, disse o pedreiro Antônio Ferreira da Costa, 53, que trabalha numa fábrica em frente ao ponto do desastre.
O recapeamento às pressas não maquia a realidade de uma estrada abandonada pelo poder público, resultado de meses de um jogo de empurra entre os governos federal e estadual. A poucos metros da região do desastre, nos dois sentidos, o festival de buracos recomeça. Uma cratera gigante, com cerca de 20 metros de extensão, provoca lentidão no tráfego ainda em Paratibe. O trecho mais danificado, contudo, é em Guabiraba, Zona Norte do Recife. Uma das faixas está quase inutilizada na altura da lombada eletrônica, tamanho o buraco. “O desmantelo nessa BR-101 é grande, desde muito antes desse acidente. Moro no Curado, vou todo dia para Paulista e já cansei de ver batida por causa da buraqueira”, contou o caminhoneiro Wellington Ramos, 40.
O Departamento de Estradas de Rodagem de Pernambuco (DER-PE) informou, via assessoria de imprensa, que iniciou há 15 dias obra emergencial de tapa-buraco na BR-101. A ação, orçada em R$ 6,5 milhões, visa recapear em 30 dias 31,4 km de rodovia, entre Paulista e Prazeres, em Jaboatão. O gerenciamento da estrada, todavia, é responsabilidade do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).
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