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sábado, 20 de julho de 2013

MISSA DO VAQUEIRO Prova de fé para os vaqueiros do Sertão

O evento, em sua 43ª edição, é considerado o maior da região e ficou famoso por unir o sagrado e o profan

Publicado em 20/07/2013, às 10h02

Do JC Online

 / Foto: Alexandre Severo/JC Imagem

Foto: Alexandre Severo/JC Imagem

Culto, shows, vaquejada e lançamentos de livros e CDs estão na programação da Missa do Vaqueiro. Uma verdadeira prova de fé para o sertanejo. A festa, que acontece entre 24 e 28 deste mês, em Serrita, promete atrair 60 mil pessoas. O evento, em sua 43ª edição, é considerado o maior da região e ficou famoso por unir o sagrado e o profano.
De acordo com Helena Sancio, uma das produtoras da festa, esse é o evento mais esperado do ano pelos moradores da região. “A missa contextualiza toda a cultura nordestina, porque congrega a religiosidade das pessoas e a tradição. Essa herança é muito grande e nós nos preocupamos muito em manter a essência”, disse. 
Durante as celebrações, o livro Missa do Vaqueiro - 40 anos, de Adriana Victor, Frederico Pernambucano de Melo e Janduhy Finizola será lançado. Além dele, outra obra será divulgada na festa: o CD Rezas de Sol, que reúne as canções entoadas na missa. “Os dois têm um valor muito grande para nós. Ambos retratam bem a emoção vivida pelas pessoas que participam da festa”, acrescentou Helena. Para animar o público, haverá shows com grandes nomes como Josildo Sá e Cezzinha.

Frequentador da missa desde 1980, o funcionário público Antônio Feitosa disse que a celebração é o evento mais bonito que já viu na vida. “Vim do interior do Ceará e quando cheguei para morar no Recife, fiquei sabendo da missa e me identifiquei bastante. Passei uns anos sem ir, mas fui no ano passado e pretendo não deixar mais de ver de perto essa tradição”.
As únicas dificuldades que Freitas encontra ao se deslocar da capital pernambucana até Serrita é a falta hotéis e pousadas na cidade. “Existem poucas por lá, então sempre vou até Salgueiro ou a outras cidades até achar. Mas isso não é motivo para não ir. O importante é viver aquele momento”. Para Feitosa, a festa é uma oportunidade de autoconhecimento. “Gosto de ir sozinho. Assim, posso comemorar e, ao mesmo tempo, refletir sobre a vida com o culto.”
A festa é uma homenagem a um vaqueiro habilidoso chamado Raimundo Jacó. Na arte de boiar ele era o melhor entre todos; achava qualquer bicho, onde quer que estivesse. A lenda que paira no Sertão é de que ele era tão bom que o seu canto atraía o gado. Tomados pela inveja, os colegas de profissão fizeram uma emboscada e assassinaram Jacó. 
A lenda conta, ainda, que o vaqueiro tinha um fiel companheiro, um cachorro, que ficou ao lado do corpo de Jacó dia e noite, morrendo posteriormente de fome e sede. O enterro do vaqueiro atraiu uma pequena quantidade de pessoas no Sertão e a coragem de Jacó se transformou em um mito. A história percorreu o mundo inteiro, até ser transformada em versos pelo Rei do Baião, Luiz Gonzaga. 
Em 1970, houve a primeira Missa do Vaqueiro, celebrada no Sítio Lajes, Serrita, pelo padre João Câncio. A tradição manda que no início da celebração seja feita uma uma procissão de mil vaqueiros a cavalo, que levam oferendas como chapéu de couro, chicote e berrante ao altar de pedra rústica em formato de ferradura em homenagem a Jacó. A missa acontece ao ar livre, sempre em um domingo.

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