Barbosa citou preocupação do senador com possível investigação contra Sérgio Cabral
O presidente da Odebrecht Infraestrutura, Benedicto Barbosa Junior, disse à força tarefa da Operação Lava Jato que trocou mensagens em novembro de 2014 com o presidente do grupo Odebrecht, Marcelo Odebrecht, sobre a doação eleitoral feita ao senador Aécio Neves (PSDB-MG), derrotado no mês anterior na disputa pela presidência. No depoimento à PF no dia 24 de fevereiro, Barbosa destacou ainda que, na mesma troca de mensagens, também comentou sobre a preocupação de Aécio em relação a uma possível investigação contra o ex-governador do Rio, Sérgio Cabral Filho (PMDB-RJ).
O depoimento à Polícia Federal foi divulgado pelo jornal O Estado de S. Paulo na segunda-feira (22). Para a PF, a troca de mensagens confirma "a noção de que Benedicto é funcionário acionado por Marcelo para a tratativa de assuntos escusos, certamente não se limitando a obter recursos para financiamento oficial de campanhas eleitorais".
No fim de seu interrogatório, Barbosa disse à delegada Renata da Silva Rodrigues que queria esclarecer o teor das mensagens trocadas com Marcelo Odebrecht, que foram citadas pela Polícia Federal em representação de 5 de fevereiro. No texto da petição, a PF colocou tarjas pretas em palavras que poderiam indicar políticos com foro privilegiado.
Na mensagem interceptada, Marcelo escreveu a Barbosa: "Vc [você] acabou não falando depois. [tarja preta] está preocupado com SCF e outros no tema MF". Barbosa respondeu: "Ok, preciso resolver R$ 100 mil [tarja preta]. Vou aproveitar esse momento PT/PSDB".
Barbosa declarou no depoimento que tratava "de doação eleitoral relacionada a Aécio e Piciani e não há nada de criminoso a respeito da tal doação". Jorge Picciani (PMDB-RJ) foi eleito deputado estadual em 2014 e é presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Barbosa também falou que mencionou a preocupação de Aécio sobre investigações ligadas a Márcio Faria, ex-executivo da Odebrecht preso na Lava Jato.
Em nota, a assessoria de Aécio Neves informou que "o depoimento mencionado pelo jornal apenas confirma as informações prestadas à Justiça Eleitoral. É de conhecimento público que a empresa Odebrecht, assim como diversas outras, fez doações à campanha do PSDB, inclusive, como prevê a lei, depois das eleições, para cobrir débitos existentes".
A assessoria de Jorge e Leonardo Picciani relatou que "não constam recursos da Odebrecht para nenhuma das campanhas da família Picciani, nem de forma direta nem indireta", e que "a única explicação que pode haver para que o nome de Picciani ter sido citado neste contexto é o fato de ele, como é sabido, ter coordenado, no Rio, a campanha presidencial de Aécio Neves em 2014, tanto no primeiro quanto no segundo turno".
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