POLITICA 04/04/2016 ÀS 18:12
Postura arrogante e pedante, combinada com ataques baixos a Eduardo Cunha, marcam atuação do orador mais atrapalhado do governo.
Que José Eduardo Cardozo é um grande orador, é inegável. É uma pena para o petismo que seu talento oratório seja inversamente proporcional à sua capacidade política. Mesmo em uma Comissão de Impeachment sem parlamentares dispostos a qualquer baixaria para tumultuar, sem ser interrompido, ouvido com educação o tempo inteiro, ao contrário do que os governistas fizeram com Janaína Paschoal e Miguel Reale Jr., politicamente a intervenção de Cardozo deixou feridas. Se nesta altura ainda haviam deputados indecisos, Cardozo deu os motivos para eles decidirem contra Dilma.
Cardozo começou com uma aulinha para os parlamentares sobre o quê seria um Estado Democrático de Direito. Nada mais pedante, arrogante e pretencioso justamente na casa que incorpora, mais do que qualquer outro poder da República, o espírito da democracia. Tendo começado tratando os deputados como aluninhos de primeiro semestre de curso de Direito, não tinha como melhorar. Não melhorou.
Cardozo passou a defender que impeachment se equivale juridicamente ao Estado de Sítio. Estado de Sítio que é usado em situações de emergência nacional, com a integridade do país posta em risco. Enxotar Presidentes corruptos não chega nem perto disso. É só um ato de assepsia política. José Eduardo não tem como ignorar que o Brasil já realizou um impeachment e o país não correu qualquer risco de se desintegrar.
O Advogado Geral de Dilma também apelou para várias filigranas, interpretações absolutamente próprias da norma Constitucional e uma não disfarçada insinuação de ilegalidade do processo. Quando quatro ministros do STF já se pronunciaram pela absoluta legalidade do processo de Impeachment, incluindo o insuspeito Luís Roberto Barroso, não será certamente a interpretação exclusiva de Cardozo e do entorno de Dilma que mudarão os fatos.
José Eduardo Cardozo foi defender Dilma em uma Comissão que ele próprio afirma ser ilegal. José Eduardo Cardozo foi defender Dilma diante de deputados que ele tratou como aluninhos no começo do curso de Direito.
Por fim, não satisfeito com as patacoadas já cometidas, Cardozo ameaçou os parlamentares com a história, com o futuro, com o Apocalipse. E terminou acusando o deputado Eduardo Cunha, presidente da Câmara, de ter chantageado o governo e utilizado o impeachment como forma de vingança. É uma acusação de crime. Se Cunha desejar, poderá fazer Cardozo ser obrigado a provar sua acusação diante dos tribunais. Não poderia fechar pior.
Aparentemente o Advogado Geral da União começa a preparar um discurso para apresentar ao STF, dando como certa a derrota na Câmara dos Deputados. Mas este Sul Connection aposta: seu linguajar e sua postura absolutamente pedantes de Mestre-Escola não serão suficientes para que a Suprema Corte, por mais servil ao petismo que possa ser, resolva passar por cima do Legislativo, o sustentáculo da democracia em qualquer lugar do mundo.
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