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terça-feira, 23 de julho de 2013

Exímio instrumentista, Dominguinhos demonstrou desde cedo habilidade com a sanfona

Músico, natural de Garanhuns, tornou-se um dos principais artistas do Brasil


23/07/2013 20:25 - Geison Macedo, do FolhaPE


De fala mansa, tímido, sotaque típico agrestino, generosidade sem tamanho e de talento único. Predestinado para a música. Símbolo de um povo, que se encantou com sua voz marcante e com a maestria do dedilhar da sanfona. Das mãos de Luiz Gonzaga, José Domingos de Moraes recebeu o bastão para dar continuidade a um dos maiores legados já construídos na história cultural do País. Não deixou o bonde desandar e deu ao forró o seu mais ilustre tratamento. Assim como fez o Rei do Baião um dia, Dominguinhos utilizou a força dos versos e do seu cantar para gritar socorro por sua região. Também falou de amor, saudade, desilusões e do cabra namorador.
José Patrício/Estadão
Ao todo, José Domingos de Moraes lançou mais de 40 discos, entre CDs e LPs, em toda a carreira
Atendia pelo codinome Dominguinhos, porém os mais íntimos se reservavam no direito de chamá-lo de Nenê. Mas o que vingou mesmo foi o primeiro, dado por Luiz Gonzaga, para fazer uma homenagem ao seu antigo mestre José Domingos Ambrósio. Iniciou os primeiros acordes na sanfona de oito baixos, apresentando-se em hotéis e feiras próximas a Garanhuns. Conheceu o Velho Lua em uma das ocasiões, quando ainda tinha 13 anos, e pouco tempo depois foi cobrar do mestre a sanfona que havia prometido. Promessa feita, palavra cumprida.
    Com a sanfona no peito e o chapéu de couro na cabeça, Dominguinhos começara a ganhar o mundo. Ao longo da carreira, recebeu influências dos mais variados estilos musicais, da bossa-nova ao jazz, dando ao seu repertório um amplo e variado leque. Junto com os irmãos, percorreu o interior do Rio de Janeiro tocando em circos. Na capital Vitória, Espírito Santo, incrementou às apresentações o samba e o boleto. Pouco antes, fundou com Miudinho e Borborema o famoso Trio Nordestino. Em 1965, recebe de Pedro Sertanejo o convite para gravar um LP direcionado aos nordestinos que viviam no Sul do País.
    Nara Leão e Dominguinhos, parceiros em 1978. Foto: Reprodução/InternetCrédito:
    Em 1954, surge na vida de Dominguinhos a pernambucana Lucinete Ferreira, a Anastácia, mulher de fundamental importância para a carreira do cantor, compositor e sanfoneiro garanhuense. O encontro não rendeu apenas a parceria artística, mas também uma das histórias de amor de Seu Domingos. Um dos momentos marcantes do dueto se deu no Festival de Música Regional Nordestina, realizado em 1969, quando classificou a composição “De amor eu morrerei” em segundo lugar. Além da bela voz, Dominguinhos o exímio instrumentista que se tornara.
    Conhecido pelo medo inveterado de viajar de avião, o sanfoneiro encarou o desafio e embarcou rumo à França com Gal Costa, para se apresentar no Midem. Continuou acompanhando a artista no show Índia. No mesmo período, inicia amizade com Gilberto Gil, outro músico que se tornaria fundamental na vida artística do pernambucano. Trabalhou por mais de um ano com o músico baiano, que sempre fez questão de valorizar a obra de Seu Domingos. Na voz de Gil, Dominguinhos tornou-se ainda mais conhecido, com a canção “Eu Só Quero um Sodó”, que, pouco tempo depois, registrou mais de 250 regravações, em diferentes idiomas. Juntos, compuseram ainda “Lamento Sertanejo”.
    Ao todo, José Domingos de Moraes lançou mais de 40 discos, entre CDs e LPs, em toda a carreira. Em 2002, venceu o Grammy Latino com o CD “Chegando de Mansinho” e, em 2007, concorreu novamente ao prêmio, na categoria melhor disco regional.  Um ano depois, foi o grande homenageado do Prêmio Tim de Música Brasileira. Em 2010, conquista outro importante prêmio: Shell de Música. Com o parceiro Nando Cordel, lançou os sucessos “Isso Aqui Tá Bom Demais”, “De Volta Pro Aconchego”. É autor também de canções como “Pedras que Cantam”, na parceria com Fausto Nilo, “Retrato da Vida”, com Djavan e “Tenho Sede”, de coautoria com Anastácia.  O último trabalho de Seu Domingos foi o instrumental “Iluminado”, lançado em 2010.

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