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sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

'Todo mundo sabia', diz enfermeira sobre mortes provocadas em hospital


Médica foi indiciada pelas mortes ocorridas em hospital de Curitiba.
Evangélico disse que o caso é pontual e ocorreu em uma das quatro U
TIs.


Bibiana Dionísio
Do G1 PR

Médica é suspeita de mortes no Hospital Evangélico (Foto: Reprodução/RPCTV)Médica é suspeita de mortes no Hospital
Evangélico (Foto: Reprodução/RPCTV)
Uma enfermeira auditora que trabalhou no Hospital Evangélico, o segundo maior deCuritiba, afirmou ao G1 que os demais funcionários – de médicos a técnicos – sabiam que a ex-chefe da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Virgínia Helena Soares de Souza provocava a morte de pacientes. “Todo mundo no hospital sabia o que a doutora fazia, desde o clínico até os técnicos. Então, não adianta abrir sindicância, todos sabiam (...) Isso não é uma coisa nova. Isso vem de longa data”.
A médica foi indiciada nesta quarta-feira (20) pelas mortes ocorridas na UTI. Para a polícia, se trata de homicídio qualificado, porque as pessoas não tinham chance de se defender. A delegada do Núcleo de Repressão aos Crimes Contra a Saúde de Curitiba, Paula Christiane Brisola, evitou comentar detalhes do inquérito, que segue sob sigilo de Justiça, mas garantiu que os esforços da polícia estão voltados para o levantamento de provas sobre os casos.
Em nota, a direção do Evangélico disse que o caso é pontual e ocorreu em uma das quatro UTIs do hospital, na qual toda a equipe foi substituída. Reiterou também que os mais de 300 médicos do Evangélico não devem ser julgados pela atitude de uma funcionária, e que o atendimento em todos os setores do hospital seguem sendo feitos normalmente.
O advogado da médica, Elias Mattar Assad, disse que teve acesso a parte do inquérito e que não há provas contra Virgínia Soares. "Nas várias certidões de óbito de pessoas que teriam morrido, nenhum dos atestados foi firmado pela minha cliente. Todos as certidões também tinham laudos do IML atestando as mortes como sendo ou de causas acidentais ou naturais", ressaltou o advogado.

Desde a prisão da médica, ex-funcionários e familiares de pacientes que faleceram no hospital se sentiram encorajados para entrar em contato com veículos de comunicação e denunciar como ela agia. Segundo a enfermeira, ainda que soubessem da conduta da médica, os demais profissionais do setor não a denunciavam por medo de repressão. Ela disse ainda que o temor aumentou quando a instituição passou por dificuldades financeiras e os salários dos funcionários começaram a atrasar. A enfermeira não trabalhava diretamente com Virgínia Soares, mas a conhecia e, assim como os demais profissionais,  tem conhecimento do que ocorria na UTI.
Ela chegava na UTI e apontava este, este e este. Daí todo mundo já sabia o que era"
Ex-funcionária do Hospital Evangélico
“Era argumentado que ela detinha os equipamentos da UTI, ela era considera a dona da UTI e as pessoas tinham medo. Ela era considerada o verdadeiro demônio da UTI”, enfatizou a enfermeira. “Por que eles [diretores do hospital] deixavam ela com tanta autonomia na UTI? É rentável”, pontuou.

"Ela chegava na UTI e apontava este, este e este. Daí todo mundo já sabia o que era", contou. Segundo a enfermeira, não era a médica que desligava os equipamentos. Ela mandava e integrantes da equipe agiam para provocar a morte do paciente.
O diretor clínico do Hospital Evangélico, Gilberto Pascolat, rebate as acusações. "Oficialmente, nós não temos nenhuma queixa contra a doutora Virgínia nem contra a sua equipe da UTI. Todas as queixas que vem da equipe médica ou da equipe de enfermagem tem que chegar a mim e não tem nada contra ela. Nesses vinte anos que ela trabalha na UTI eu que estou no hospital não me lembro de nada que desabonasse a conduta dela nem na parte técnica nem na parte ética", explica Pascolat.


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