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segunda-feira, 3 de outubro de 2016

NUMERIANO SE DESFILIA DO PSOL COM CRÍTICAS AO FISIOLOGISMO E CORONELISMO DO "NAPOLEÃO" PERNAMBUCANO

segunda-feira, 3 de outubro de 2016



Recife/PE, 02 de outubro de 2016

Caros amigos e amigas de jornada,

Encaminhei agora, por email, a um dirigente do Psol de Pernambuco, o meu pedido de desfiliação, decisão tomada há cerca de um mês, em face dos motivos que exponho a seguir.  Cheguei ao partido por convite do atual deputado estadual. Mesmo contrariando familiares e amigos, me filiei para ajudar na construção de um Psol estadual que eu, olhando de fora, imaginava possuir um certo grau de institucionalidade nas instâncias partidárias e na militância. Foi um terrível engano político e ideológico. Apesar da existência residual de alguns quadros sérios, o Psol de Pernambuco revelou-se para mim um partido com os mesmos antigos vícios de uma esquerda que pratica internamente aquilo que acusa na direita: fisiologismo e oligarquismo, falta de transparência e perseguição. Isso explica porque vários quadros políticos e sociais entraram e logo saíram do partido, assim como eu o faço agora.

A rigor, não há um Psol pernambucano, mas um ajuntamento de alguns dirigentes (parte considerável deles fisiológica) em torno de um político já conhecido internamente e fora como “coronel Napoleão” (tirem suas próprias conclusões sobre o porquê do apodo “Napoleão”). Por algum tempo, em vários meios políticos, me confidenciaram que o “coronel Napoleão” não era confiável, nem indo, nem voltando. Sempre achei o tipo idiossincrático e mitômano, mas não é raro encontrar por aí tipos assim, sobretudo na política. E não estamos na política para fazer amizades (ainda que seja ótimo quando fazemos amigos sinceros no meio das jornadas). O fato é que cheguei a considerar, antes das eleições de 2014 (ano de minha filiação ao partido), que o político podia ser tornar um efetivo líder de esquerda, e publicamente externei essa esperança. Até porque, para além do meio político, tenho por método e por índole não colocar ninguém sob suspeição, até prova em contrário. Julguei que parte das críticas fosse motivada talvez por um racismo inconsciente de quem me falava, mesmo porque somente quem me desconhecesse viria destilar junto a mim preconceito disfarçado de crítica política. De todo modo, uma lição básica que aprendemos em política é que devemos avaliar com a mesma atenção aquele que acusa, tanto quanto o acusado. E tratei de observar o tipo de jogo político que se joga no Psol estadual.

Me enganei com o partido local como instituição, e mais ainda com o político. Não conheci, até hoje, ninguém mais traiçoeiro e indigno na esquerda. Lamentavelmente, o deputado é no fundo mais um ressentido social, um sujeito ordinário que está na política não para construir consensos sociais e políticos. Esses tipos fúteis e arrivistas são cada vez mais comuns na política brasileira, à esquerda e à direita, mas no caso o agravante é que “coronel Napoleão” pretende ter ultrapassado a teoria marxiana da sociedade a partir do alto de suas leituras de orelhas e prefácios mal-entendidos. Embora tardiamente, devo pedir desculpas e dar crédito àqueles que me alertaram sobre o político que, uma vez no poder, revelou-se na mesquinhez típica dos que possuem a alma pequena. O poder em si, de fato, não corrompe ninguém, ele apenas revela a natureza real das pessoas.

O Psol de Pernambuco só vai se tornar um partido orgânico, com grau elevado de institucionalidade e democracia interna, se meter uma camisa-de-força política no seu “coronel Napoleão”. Falando em termos estritamente políticos, o Psol estadual, que fez alianças nesta eleição, em dezenas de municípios, com o DEM, o PSDB e o PSB, revela bem a que se reduziu, taticamente: um arranjo personalista e oportunista para, em 2018, garantir a reeleição do “coronel”. No momento, acho impossível começar uma engenharia política para mudar o partido, dado que suas tendências se digladiam nos termos contaminados de uma disputa de poder rebaixada em nível pessoal, prático e teórico. E é típico do líder negativo fomentar e se alimentar da divisão justamente para manter o controle. A rigor, o Psol de Pernambuco é uma oligarquia de esquerda, e do tipo político mais perverso, pois internamente o mando é concentrado pelo monopólio de uma única voz. Tentei lutar contra isso em termos institucionais, mas logo fui isolado e percebi o porquê de o Psol estadual manter-se sob o jugo e o controle de uma pessoa: em sua mediocridade política e vaidade arrogante, “coronel Napoleão” tem um medo tremendo daqueles que possam lhe fazer sombra.

Também tive a prova definitiva, no Psol, que ser de esquerda não é atestado de idoneidade política, relativamente ao comportamento ético e moral de um ator político. Não por acaso, nenhum dos principais candidatos à Câmara (alguns deles típicos “esquerda modinha”), nada fez para coibir o boicote à minha candidatura no guia do Psol, pelo fato óbvio de que imaginaram, mesquinhamente, que estariam numa suposta vantagem eleitoral tendo o candidato Numeriano com menos chance de ser eleito. Tão egoístas eles foram que até esqueceram do quociente eleitoral, necessário ao partido para eleger pelo menos um. Não quiseram arriscar, em seus torpes cálculos políticos, sequer a possibilidade de um mandato que não fosse manietado e controlado pela oligarquia do “coronel”. Queriam a soma dos votos no Numeriano para eleger um deles, mas jamais o Numeriano eleito. Daí eu ter gravado dois programas de 7 (sete) e 3 (três) segundos para o guia, e nenhuma inserção ter sido veiculada. Comprovei na Justiça Eleitoral o boicote à minha candidatura, com o juiz da propaganda eleitoral determinando ao partido a veiculação das inserções gravadas. Os donos do Psol não cumpriram a sentença. Não tive a solidariedade de nenhum dos candidatos principais. Esse cálculo é tão ridículo e vil que eu fico mesmo com pena. E sempre me espanto quando eu os vejo em seus discursos eufóricos, cheios de amor pra dar pela causa dos humilhados e ofendidos, desde que alguém não lhes ameace tirar algum pirão da boca. Mas “quando a fome é grande, a fome come o homem”, como ouvi, certa vez, de um sábio sertanejo.

Não sei o meu destino político imediato. Como a política está no meu sangue, devo em breve procurar um partido no qual haja respeito e consideração pela minha luta de mais de 30 anos, desde a resistência à ditadura. Não sou mais, mas também não sou menos. Não quero privilégios, apenas respeito. Entrei e saio pela porta da frente do partido. Agradeço à solidariedade daqueles simpatizantes do Psol que nunca concordaram com essas práticas, e também ao apoio de alguns funcionários (não vou nomeá-los aqui porque, tenham certeza, eles seriam retaliados). Não desistam de fazer o Psol um partido grande. Lutem por uma entidade orgânica e forte, enraizada no movimento social e nas camadas médias urbanas. O Brasil e os brasileiros necessitam de uma força assim para reconstruir o Estado de Direito democrático, junto com outros partidos do campo progressista. “Coronel Napoleão” vai passar. Ele já revelou a dimensão exata do seu tamanho.


Por fim, queria agradecer aos votos honrosos confiados à minha candidatura. Fiquem certos de que vou continuar na luta pelo ”justo, melhor e bom da vida”, conforme as palavras dessa grande e imortal mulher, Olga Benário Prestes. Aquele abraço, saúde e paz.

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