Por Jari Mauricio da Rocha
09\03\2016
O que teria, de fato, atrapalhado os planos de levarem o ex-presidente Lula para Curitiba é umas das questões mais levantadas após a última tentativa da equipe de Moro.
Aeroporto de Congonhas, sexta-feira, 04 de março, cedo da manhã.
Soldados da Polícia da Aeronáutica estranham a movimentação de outros policiais armados.
Bloqueiam a entrada e não deixam eles entrarem no aeroporto. Não teriam reconhecido a farda que foi usada pela Polícia Federal, que estava fortemente armada.
Um dos soldados avisa ao coronel o que está ocorrendo.
O coronel fica furioso.
O reforço é chamado. Em poucos minutos a Polícia da Aeronáutica está preparada com centenas de homens para, se preciso for, confrontar os policias da PF.
A confusão é enorme, então descobre-se que o ex-presidente estava sendo conduzido. Neste momento, o coronel assume o comando do aeroporto e dá ordens para que cem homens da Polícia da Aeronáutica cerquem o jatinho que, segundo lhe informaram, levaria o ex-presidente Lula para Curitiba.
Mais tensão.
Sabe-se então que Lula está na sala da PF para interrogatório. Neste instante é aventada a decisão de invadir a sala para resgatar o ex-presidente. Há uma negociação, mas o coronel, que segundo consta é legalista, teria perguntado: “O que vocês pensam que estão fazendo com um ex-presidente?”.
Em meio a isso, o ex-deputado, professor Luisinho já estaria protestando contra a detenção de Lula e há uma baderna enorme defronte a sala da PF. Manifestantes contra Lula entram em êxtase.
Desmentidos surgem, mas o coronel do aeroporto não dá sinais de recuar. A PA permanece a postos, pronta para qualquer tentativa de condução de Lula.
A equipe da lava-jato desiste do plano A, que seria levar Lula à Curitiba — onde deputados de oposição já estariam comemorando.
Além disso, decidem reduzir o tempo do interrogatório, que era pra ser bem mais longo e, consequentemente, mais cansativo ao ex-presidente.
A Polícia da Aeronáutica, sob o comando do coronel, não arreda pé.
Diante do impasse, o juiz Sergio Moro teria dado ordens para abortar a operação.
O ex-presidente Lula é libertado.
A operação fracassou.
Quem forneceu essas informações, relatou tudo isso, exatamente desta forma.
Provavelmente quem esteve no local, naquela fatídica manhã de sexta-feira, possa ter visto parte desse impasse.
Sobre a veracidade desta versão, cabem duas questões:
De fato aconteceu desta maneira, a partir da ótica do narrador.
Ou, como disse a personagem do filme “Cortina de Fumaça”, Paul Benjamin, interpretado por William Hurt, após ouvir a história de natal de Auggie Wren (Harvey Keitel):
“Para se contar uma boa história tem-se que saber apertar as teclas certas. E nisso, você é mestre”.
Quando o narrador dessa história terminou de contar, me disse: “Podia ter acontecido uma tragédia. Foi muito tenso”.
A mim coube apenas a fidelidade do relato sem o uso de qualquer recurso literário.
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