ATUALIZADO EM 22/07/2016 - 12:54
Em troca, o presidente interino sela estratégia de nomear apadrinhado do senador na Câmara para o Ministério Turismo, visando passes de governabilidade
Jornal GGN - A inclinação de Michel Temer de deixar o Ministério do Turismo nas mãos de um apadrinhado de Renan Calheiros (PMDB-AL) tomou densidade após a reunião do presidente do Senado com o interino e o novo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). É que no encontro da noite desta terça-feira (19), Renan assegurou a Temer que vai atuar para o impeachment contra Dilma Rousseff passar no Senado.
De acordo com reportagem de O Globo, Renan mostrou-se "engajado" na aprovação da saída definitiva de Dilma e chegou a fazer, ao lado de Temer e Maia, uma conta dos votos já alcançados de parlamentares. Antes disso, o peemedebista evitava tocar no assunto, tentando transmitir certa isenção sobre o processo.
Nas contas daquele jantar, Renan Calheiros disse estar trabalhando sobre o posicionamento de três dos indecisos: Romário (PSB-RJ), Cristovam Buarque (PPS-DF) e Otto Alencar (PSD-BA). O resultado do balanço seria já de 60 votos pela interrupção definitiva do mandato de Dilma e a permanência de Temer nos próximos dois anos.
Apesar de registrarem disputas de influência opostas dentro do PMDB, marcando uma difícil convivência dentro da sigla, os dois caciques mostram que o assunto ficou no passado. Isso porque tanto Temer, quanto Renan guardam uma meta maior em comum: evitar turbulências entre Congresso e Planalto e superar a crise política para a aprovação de propostas - políticas e econômicas - de interesse de ambos.
O bom gesto do presidente do Senado, de garantir a sua atuação para o impeachment ser maioria na votação prevista para agosto, foi respondido com outro pelo presidente provisório. O Ministro do Turismo será um nome de Renan.
Mesmo já negando a ida do deputado Marx Beltrão (PMDB-AL) para a pasta, por ser réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por falsidade ideológica, Temer garantiu que o ministro será de Renan. E mais: que a indicação seja do peemedebista, mas o nome seja um deputado federal, para atender o "combo": Rena Calheiros e bancada de apoio na Câmara, selando de vez a estratégia de governabilidade e aprovação de pautas para os próximos meses.
Quando Renan indicou Marx Beltrão, Temer teve receio de sofrer nova reação pública de outro ministro investigado. No Supremo, Beltrão é acusado de fraudar a quitação previdenciária da cidade de Coruripe, entre 2010 e 2011, quando era prefeito do município alagoano.
Sobre o deputado, um ministro do interino disse à jornalista Andréia Sadi, da Globonews, que "Temer não vai nomear Marx Beltrão, é levar agenda negativa para o Planalto". "Estou sendo alvo de um pseudo escândalo. A ação em curso é improcedente. Não houve prejuízo aos cofres públicos e já prestei todos os esclarecimentos”, defendeu-se Beltrão. Apesar de o deputado negar as acusações, o interino recuou e pediu a Renan a escolha de outro ocupante do cargo.
Mas o freio de mão foi puxado pelo presidente temporário. Temer quer aguardar um mês, com a confirmação do impeachment da presidente Dilma Rousseff, conforme assegurado por Renan, para fazer nova mudança nos planos ministeriais. É mais um voto de confiança e cobrança para o peemedebista do Senado garantir o seu trabalho na votação final contra Dilma.
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