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sexta-feira, 22 de julho de 2016

Pedir socorro ao FMI pode ser a saída para o Brasil, diz artigo da ‘Forbes’

  • André Dusek - 24.jun.2016/Estadão Conteúdo
    O presidente interino, Michel Temer, durante entrevista no Palácio do Planalto
    O presidente interino, Michel Temer, durante entrevista no Palácio do Planalto

SÃO PAULO - Um assunto-tabu no Brasil, a possibilidade de recorrer ao FMI (Fundo Monetário Internacional) volta e meia ganha destaque no noticiário internacional. Desta vez, o colunista Kenneth Rapoza, da revista "Forbes", fez um artigo sobre o tema, citando ainda a aversão que os brasileiros têm do órgão. 
Aliás, afirma, por conta dessa aversão, o PT foi alçado ao poder, uma vez que boa parte da população estava cansada de ouvir o mesmo discurso de como o governo teria de pagar credores estrangeiros e não tinha dinheiro para desenvolver uma economia pobre.
Com isso, Lula ascendeu à presidência e, durante o seu governo, o Brasil acabou virando credor do FMI em 2009. Antes isso, o Brasil pagou a última dívida de US$ 15,5 bilhões em 2005 para o Fundo. 
"Para a população, o governo Lula deu ao Brasil sua soberania econômica de volta. Eles odiavam o FMI e se viram contra o PSDB por causa disso. Lula rapidamente se tornou o presidente mais popular nas Américas, se não do mundo. Ele cumpriu sua promessa. O mundo ficou agradavelmente surpreso", avalia a "Forbes". 
Porém, 11 anos depois da última ida ao fundo, o Brasil pode voltar a recorrer a ele, uma vez que uma reversão de fortunas está acontecendo, com as surpresas para o país sendo consistentemente negativas. Segundo Rapoza, outubro de 2002 no Brasil, com Lula eleito, foi equivalente a novembro de 2008, com a eleição de Barack Obama nos EUA, em meio a uma sinalização de mudança. 

Mudança para pior

Atualmente, o cenário aponta também para uma mudança, mas para pior. Em entrevista à "Forbes", a ex-economista do FMI e agora gestora de ativos Alicia Garcia-Herrero afirmou que o FMI é necessário "mais do que nunca" para o Brasil.
"O governo interino fez progressos com novas metas fiscais, mas não é nem transparente nem crível e será impossível de implementar, nas circunstâncias atuais, com um governo interino com um baixo grau de aceitação por parte da população", diz ela, em referência ao governo interino de Michel Temer, que substituiu Dilma Rousseff. A presidente afastada está sofrendo um processo de impeachment. 
Rapoza ressalta os números deteriorados da economia brasileira, com deficit primário do Brasil subindo para 2,5% do PIB em maio, ou 10% do PIB em termos nominais. A nova meta para o deficit deste ano é de 2,6% do PIB.

Aumento de impostos

Além disso, a matéria destaca que, devido a restrições constitucionais, a despesa é muito rígida no Brasil e, portanto, não é fácil de cortar. A "Forbes" destaca a fala do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, de que o "plano A é controle de despesas, B é privatização, e C, aumento de imposto". Ou seja, o plano C está em linha com os planos de ajuste fiscal do FMI.
Para Garcia-Herrero, deve-se aumentar os impostos e "um programa do FMI parece ser o ponto de entrada certo para tais medidas desagradáveis uma vez que ele poderia ser usado como bode expiatório pelo governo. Basicamente, culpando o fundo para aumentar impostos."
No caso de Dilma voltar, a avaliação da "Forbes" é que a melhor opção seria a convocação de novas eleições. Se ela ficar, um impasse político é provável.
"E isso faz com que um pacote de resgate do FMI se torne ainda mais relevante. A economia estagna. Não vem dinheiro novo para o governo. O peso da dívida piora. E alguém vai ter que limpar essa bagunça".

Escândalo de corrupção

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