Paulo de Tarso Lyra
O PSDB afina o discurso para entrar competitivo na eleição presidencial de 2014. A exemplo do PMDB, que elegeu nesse sábado o vice-presidente Michel Temer como presidente da legenda por dois anos, os tucanos se preparam para eleger o senador Aécio Neves para conduzir o tucanato e pavimentar a própria candidatura ao Palácio do Planalto. A eleição interna está marcada para maio.
Até lá, Aécio e os defensores de sua candidatura buscam um fino equilíbrio para evitar a repetição das três eleições presidenciais anteriores – 2002, 2006 e 2010, quando, rachados por disputas internas no partido, foram derrotados pelo PT de Luiz Inácio Lula da Silva e de Dilma Rousseff. Em 2002, o atual presidente do Instituto Teotônio Vilela, Tasso Jereissatti, defendeu a candidatura de Ciro Gomes (PPS-CE). Nos dois pleitos seguintes, os tucanos paulistas não conseguiram a unanimidade do partido.
Aécio tem buscado a conciliação com os correligionários de São Paulo. “Está caminhando, lentamente. São Paulo sempre é mais difícil”, reconheceu ao Estado de Minas, demonstrando otimismo com as negociações. Ele conta com o apoio do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que abraçou a sua candidatura presidencial e costura um armistício com José Serra e o governador paulista, Geraldo Alckmin. O próprio senador mineiro também já conversou com a dupla mais de uma vez.
Aliados de Aécio lembram que o processo de reunificação partidária ficou congelado ao final do ano passado à espera da decisão do presidenciável em lançar-se como candidato a comandar o partido. A inércia foi revertida a partir do aval dado pelo próprio parlamentar de Minas de que assumiria o desafio de conduzir o partido.
O Estado de Minas apurou que, nas mexidas previstas no tabuleiro tucano encontra-se o deslocamento do atual presidente do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), para a presidência do Instituto Teotônio Vilela. O ITV é o responsável pela elaboração do material teórico que será discutido nos diversos seminários que a legenda fará ao longo de 2013, como o que será realizando amanhã, em Goiânia, com o tema “Discutindo o futuro de Goiás e do Brasil”. Aécio, Guerra e os líderes do partido no Congresso estarão presentes ao fórum.
As negociações políticas não param por aí. Para mostrar que não há interesse do futuro grupo que comandará a legenda em prejudicar a ala paulista, o segundo cargo mais importante da máquina partidária – a secretária-geral do PSDB – será oferecida aos tucanos de São Paulo. “Não vamos influenciar no nome que eles vão apresentar para nós. Esperamos que um consenso seja obtido pelo bem do partido”, disse um aliado de Aécio.
A eleição dos líderes partidários no Congresso também obedeceu às mesmas regras de prudência. As duas lideranças escolhidas – Aloysio Nunes Ferreira (Senado) e Carlos Sampaio (Câmara) – são paulistas, em substituição ao paranaense Álvaro Dias e ao pernambucano Bruno Araújo.
Um dos responsáveis pelo desenho do novo formato do PSDB lembra que o mais importante é evitar que os paulistas se sintam desprestigiados. “Em todas as negociações para a escolha dos nomes que vão compor a direção do partido, eles sempre terão voz ativa para propor candidatos”, prometeu um tucano mineiro.
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