Entrevista
Milton Coelho (PSB) Secretário estadual de Governo
Milton Coelho (PSB) Secretário estadual de Governo
Por Gilberto Prazeres e Ricardo Dantas Barreto
Da Folha de Pernambuco
Da Folha de Pernambuco
A suposta ofensiva do PT à possibilidade de o PSB lançar a candidatura do governador Eduardo Campos (PSB) à Presidência da República parece não inibir as pretensões socialistas. Secretário estadual de Governo e homem de confiança de Campos, Milton Coelho (PSB) rechaçou qualquer tentativa de ingerência petista, inclusive do ex-presidente Lula, em sua legenda, destacando que a resposta virá com trabalho. “Vamos neutralizar com trabalho, mobilizando as forças vivas do País que querem estabelecer novo patamar de desenvolvimento no Brasil”, disparou. Nesta entrevista, Coelho ainda destacou que a agremiação encontrou a maturidade necessária para fazer o Brasil avançar e que, em abril, apresentará seu modelo de governar aos brasileiros, com as inserções de rádio e TV. “O PSB entende que o partido está maduro com todas as condições objetivas para lançar candidatura a presidente da República”, arrematou.
O governador Eduardo Campos (PSB) está com o nome colocado para a Presidência da República. Na semana passada, ele teve uma reunião com governadores do PSB e deputados do partido. Qual é a estratégia do PSB?
Não foi feita reunião da executiva. Não chamamos importantes dirigentes para tratar de lançamento ou não para presidente da República. O governador chamou a bancada para conversar sobre a MP dos Portos. Os dirigentes partidários para discutir outros assuntos que são seminários regionais e programa de TV que vai ao ar a partir de abril.
O governador vai ser o protagonista das inserções?
Ele sempre teve participação privilegiada. É presidente do partido e uma liderança importante. Aproveitamos oportunidade para discutir conteúdo e estratégia do programa. Os governadores também foram convocados. Vi que apenas dois governadores faltaram: Cid Gomes (Ceará) e o do Amapá (João Capiberibe). Eles não estiveram pessoalmente, mas ele conversou com eles por telefone sobre a mesma temática. É preciso dizer que tem feito intenso debate do posicionamento de Eduardo. Eduardo tem sido procurado por lideranças do Brasil inteiro. Filiadas a partidos políticos e outras que atuam em setores da economia brasileira, consultando sobre a possibilidade de ele vir a liderar novo projeto para 2015. A outra é que o PSB entende que o partido está maduro com todas as condições objetivas para lançar candidatura a presidente da República. Decidindo-se pela candidatura, o quadro hoje que se apresenta é o do governador Eduardo Campos. À presidente Dilma, em conversa com Campos, o governador procurou ser claro e o PT está informado. Não estamos cometendo nenhum pecado, nem nenhuma afronta. O PSB não está tratando esta questão de maneira oculta. Estamos muito claros. O partido entende que o Brasil precisa dar um passo adiante. Nos sentimos capacitados e discutimos isto abertamente com todos os setores da sociedade brasileira e vamos continuar a fazê-lo. Se isto vai acontecer ou não, vamos amadurecer no momento de tomar decisão. Esta é uma decisão que não admite interferência de nenhuma força.
Nem do ex-presidente Lula (PT)?
Respeitamos muito o presidente Lula, mas nunca fizemos interferência de qualquer natureza, nem procuramos operar dentro de partidos aliados. Nós apoiamos o presidente Lula, é preciso fazer menção histórica, desde 1989. O governador Miguel Arraes foi o primeiro governador a apoiar Lula como candidato a presidente e de lá para cá apoiamos em todas as eleições. Da mesma forma que nos sentimos à vontade para, durante todos estes anos, ajudar o PT a crescer, a ajudar Lula a comandar um projeto nacional. Assim, também nos sentimos à vontade para fazer a construção de um projeto sobre liderança do PSB.
Então, Lula está sendo ingrato?
Não se trata de ser ingrato. Trata-se de o Partido Socialista Brasileiro (PSB) entender que devemos, neste instante, discutir se vamos ou não dar um passo à frente, rumo à consolidação programática do partido e estabelecer o partido como uma força política que pode conduzir o destino do Brasil a mudanças e transformações importantes e necessárias.
O PT não alcançou essas mudanças?
O PT alcançou e cumpre as suas etapas. Nós respeitamos, inclusive, porque nós não só apoiamos desde 1989 essa trajetória na direção do Governo Federal e de municípios importantes, como também participamos dele também. Agora, isso não nos amarra e não nos impossibilita que também façamos o mesmo. Se formos capazes de ter compreensão histórica de apoiar o PT em todos os instantes que o PT foi protagonista da luta política brasileira, nós também, agora, entendemos de forma madura e tranquila que precisamos fazer essa discussão interna e nós estamos fazendo e entendemos que o momento é este.
Por que no próprio partido os irmãos Gomes dizem que esse projeto não está maduro?
É preciso a gente entender qual a natureza da discussão política que um partido exige. Entre eles, está o respeito às minorias, às posições minoritárias e ao contraditório. O que eles estão fazendo é exercitar isto. Enquanto eles estão fazendo dentro do protocolo da política, respeitando as instâncias do partido, vamos fazer com a mesma tranquilidade que nós fizemos em 2010. Agora, algumas coisas é preciso que fiquem claras. Em 2010 quando Ciro quis ser candidato e o partido era maduro, o partido era grande e era forte e merecia ter um candidato a presidente da República. Hoje, nós somos muito maiores do que éramos na ocasião. Nós representamos um contingente muito maior, pensamento muito mais consolidado e, inclusive, em alguma medida, com contribuição deles. E porque que agora nós não estamos na condição de ter candidato?
Além de tudo isso, o PSB também tem um candidato muito melhor do que em 2010?
Essa discussão de ser melhor ou maior você nunca ouviu do Eduardo Campos dizer que sabe tudo, que é o melhor, que é ele só que conhece o Brasil. Eu não vou cair no mesmo equívoco, nem nas contradições que outros companheiros possam ter explicitado nos últimos dias.
O PSB vai ser claro em abril pra dizer à população que está pronto para governar o Brasil?
Eu defendo que sim. Nós temos esta compreensão interna no partido. Todas as discussões que fizemos no partido apontam para isto. E mais. As manifestações das bases do PSB nos estados e municípios brasileiros, vêm de longe. Não são de 2010. Já antes, há um desejo latente que vem se expressando a cada vez que as instâncias partidárias se reúnem na direção que devemos conduzir um processo nacional. E nós, na direção nacional e das instâncias estaduais, fomos amadurecendo essas discussões, fomos conduzindo com calma e estamos chegando a esta conclusão de agora. Nós não temos porque não colocar isso de forma aberta no nosso programa de televisão.
O PSB teve o discurso de um novo Pernambuco e de um novo Recife e em todas elas foi contra candidaturas do PT. Isso também será usado para um novo Brasil?
Não foi contra o PT. Nós trabalhamos com planejamento. Essa é uma marca do PSB. Planejamento e projeto. Não trabalhamos contra ninguém. Mas a favor de projetos transformadores. Naquela ocasião, colocávamos que o PSB não só tinha condições de ganhar eleição, como também tinha condições de fazer gestão transformadora, como o fez, a ponto de isso transbordar para o Brasil e já entusiasma brasileiros de diversas regiões do Brasil. Não estamos disputando espaços partidários. Nós estamos querendo construir projetos que se consolidem, se aprofundem ao longo do tempo.
Há uma especulação de que a presidente Dilma Rousseff (PT) fez um convite para o ministro Fernando Bezerra Coelho (PSB) ir para o PT e ser candidato ao Governo do Estado e ele ainda não negou…
Fernando deu contribuições importantes para a consolidação do PSB e nossos projetos políticos em todos os momentos em que tivemos em disputa em Pernambuco. Ele foi colocado lá por uma decisão da direção nacional do partido e tem contribuído porque é legítima nossa contribuição na medida em que ajudamos nesta vitória. Esse convite não houve e Fernando não dá cabimento a isto. Fernando está nos Estados Unidos e eu tive oportunidade de conversar com ele. Ele é membro da direção nacional. Ele disse que não ia responder por que a atitude com o partido não deixa qualquer dúvida com o compromisso dele. Neste ambiente que estamos vivendo é contaminado com disse me disse e há quem dê ouvidos a isso e não damos ouvidos a isso. Temos um plano que não está acabado, está em construção, cujos objetivos estratégicos estão definidos.
O que está sendo feito para conter o ímpeto do ex-presidente Lula (PT)?
Isso faz parte da política. Não estamos preocupados com isto.
Mas como neutralizá-lo?
Vamos neutralizar com trabalho, mobilizando as forças vivas do País que querem estabelecer novo patamar de desenvolvimento no Brasil, com estabilidade, com o novo pacto federativo, menos concentração de recurso no Governo Federal, procurando incentivar o desenvolvimento local, aumentando o nível de emprego. Vivemos um momento único, rico, e uma oportunidade imperdível. Estamos com a população brasileira com fase de vida economicamente ativa e pronta para produzir. Temos que aproveitar este bônus demográfico. O Brasil cumpriu uma etapa e neste instante estamos voltados para isto. A minha impressão é que o Brasil precisa de correção de rumos na política e na economia. Estamos tentando ajudar a presidente Dilma a fazê-la.
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