Ex-prefeito avalia que o PT corre o risco de perder "definitivamente" o papel de protagonista no Estado
João da Costa pede um "mínimo de convivência" entre os líderes do PT estadual
JC Imagem
Se reorganizando para voltar à cena política recifense, o ex-prefeito João da Costa (PT) está certo de que disputará um mandato eletivo no próximo ano, quando tentará chegar à Câmara Federal. Em sua primeira entrevista após dois meses reclusos, nesta quarta-feira (13), o petista voltou afiado apontando erros no partido e afirmando que o PT precisa “voltar a conviver minimamente”, sob pena de perder definitivamente o protagonismo político em Pernambuco.
“O PT tem que se debruçar sobre seus erros. Não é Geraldo Julio (prefeito, PSB) que vai ficar falando bem do PT. Vai ficar falando bem dele. Vai dizer que o Recife precisa mudar, se transformar, e eu diria o mesmo, até se eu estivesse num segundo mandato. O que precisa discutir é o conteúdo político, programático. Agora, precisa se fazer mais? precisa! Acho que Geraldo Julio tem as condições políticas, econômicas e o apoio social que eu não tive. Ele tem dez vezes mais condições objetivas de apoio para fazer muito mais do que eu fiz. A reunião de sábado tem que ser uma divisão: ou o PT se reestrutura ou vai ter uma possibilidade muito grande, eu não digo de desaparecer, mas de deixar de ter um protagonismo importante na política em Pernambuco”, disparou João da Costa, ao falar sobre o encontro de sábado passado, do partido, que terminou em confusão e troca de tapas entre militantes.
Um dos personagens centrais dessa crise, ao lado do também ex-prefeito João Paulo, ele diz que não é possível esconder a crise política vivenciada pelo PT pernambucano. “É notório que nós temos uma crise de direção do PT aqui no Estado. Então nós devemos e nós temos defendido a reabertura de diálogo, uma pactuação mínima e com a eleição do PED (Processo de Eleição Direta) constituir uma nova direção. Até lá nós vamos viver essa transição e tem uma crise de direção no partido. As lideranças têm bom senso para atravessar esse período sem criar novas crises, para que a gente aproveite o processo do PED para fazer um debate sobre o futuro do PT”, observa.
João da Costa garante que tem dado a sua contribuição para que o clima interno melhore, embora tenha sido mais uma vez protagonista de uma confusão que terminou na confusão do sábado. “Compareci sábado como um gesto de que estou disposto a dialogar”, assegurou em entrevista à Rádio Folha.
Ainda que nos bastidores ainda alimente a intriga com o adversário João Paulo, publicamente João da Costa o reconhece como liderança, apesar da derrota no pleito de outubro passado. “(Humberto e João Paulo) têm força ainda grande dentro do PT. Depois de uma derrota que tivemos, isso acontece com qualquer partido. Temos que ter uma reflexão. A gente ver onde errou, não foi uma derrota fácil, é uma derrota difícil para qualquer partido depois de 12 anos (de poder). Tem que ter maturidade. Primeiro, dar um tempo para refletir o que aconteceu”, opinou, complementando que essa reflexão pautará o debate sucessório interno.
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