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quinta-feira, 18 de maio de 2017

Moro precisa explicar ao país, porque não quis ouvir a denúncia de Cunha sobre Temer

Será que se a delação de Cunha fosse contra Lula, Moro consideraria apenas “chantagem” e não abririam um processo criminal contra o ex-presidente?
18\05\2017

Será que se a delação de Cunha fosse contra Lula, Moro consideraria apenas “chantagem” e não abririam um processo criminal contra o ex-presidente?
SÃO PAULO – Em despacho desta sexta-feira, o juiz Sérgio Moro afirmou que o ex-deputado cassado Eduardo Cunha, mesmo preso, não abandonou o modus operandi de extorsão, ameaça e chantagem e tentou constranger o presidente Michel Temer. Segundo Moro, Cunha tentou constranger o presidente ao arrolá-lo como sua testemunha de defesa e incluir perguntas sobre o relacionamento de Temer com José Yunes, amigo e ex-assessor. Nos questionamentos, a defesa de Cunha indagou se Yunes havia recebido alguma contribuição de campanha para alguma eleição dele próprio ou do PMDB e se as contribuições, caso tenham sido recebidas, foram ou não declaradas. Temer enviou aos respostas ao juízo por meio de carta.
Em deleação premiada, o ex-vice-presidente de Relações Institucionais do Grupo Odebrecht Cláudio Melo Filho afirmou que a empreiteira entregou R$ 4 milhões no escritório de José Yunes, em São Paulo.
Moro classificou a atitude de Cunha como “reprovável”:
(…)
Agora veja o que Cunha diz de Temer:

Sei que é um sacrifício acima e além do dever cívico, mas tive a pachorra de assistir o depoimento de Eduardo Cunha a Sérgio Moro, de quase três horas. (aqui, no Estadão)
E no final do post coloco o trecho que reputo mais importante, onde ele responsabiliza diretamente Michel Temer pela aprovação dos diretores da Petrobras que seriam os operadores do PMDB na empresa.
Antes, descrevo a impressão que me ficou do show de hipocrisia.
Impressionante como, apesar do asco que a figura do ex-presidente da Câmara, ele se expressa com muito mais segurança que seu inquisidor, Sérgio Moro, que fica, praticamente, naquilo que está noticiado na mídia.

A história dos trustees não avançou um milímetro, exceto pelo fato de que não está ali o grosso das vantagens e do ervanário de Cunha.
Moro se baseava, volta e meia, em entrevistas dadas à imprensa, que Cunha rebarbava, com toda a razão jurídica, dizendo que estava ali para discutir depoimentos e não notícias que possam ter sido veiculadas apenas em parte.
Em momento algum Cunha foi colocado diante de evidências irrespondíveis.
O Ministério Público, que estranhamente não escala as “estrelas” da Força Tarefa para estes interrogatórios, mas apenas para as apresentações de powerpoint sobre Lula, estava representado por um procurador anônimo.

Nem mesmo a evidente contradição entre a alegação de Cunha de que não administrava nem podia fazer movimentação dos trustees  e um deles pagar as contas do cartão de crédito o Dr. Moro teve capacidade de expor e cobrar explicação do réu.
O mais importante nem sequer mereceu perguntas ou aprofundamento: Cunha disse que Michel Temer foi o grande árbitro da nomeação de diretores da Petrobras.
É, no mínimo, estranho que numa instrução criminal isso não chame a atenção, nem do juiz, nem da imprensa.
A impressão que fica, mesmo com todo o nojo que se possa ter de uma figura como Eduardo Cunha, é que não há a menor preocupação de apurar a verdade, mas a de fazer apenas o papel de moralizador.
E, acima de tudo, como mesmo ainda não descendo aos fatos mais crus, Cunha faz questão de mostrar que Temer está em suas mãos, embora a mídia não o queira ver.


Falandoverdades

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