O jornalista e analista político José Roberto de Toledo fez uma análise criteriosa da pesquisa Ibope sobre o (des)governo do golpista Michel Temer. O sujeito continua afundando cada vez mais e dificilmente saíra nas ruas, pois seu lugar é o fundo do poço.
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Tempo urge para Temer
Em lugares onde as opiniões de que Temer faz um governo ruim ou péssimo não aumentaram, suas taxas de ótimo e bom diminuíram, como em Sorocaba (SP), Porto Velho e Maceió. Nas exceções, onde o movimento foi inverso, como Porto Alegre, o resultado ainda está longe de ser favorável ao novo presidente: 13% de avaliações positivas e 36% de negativas (-23 pontos de saldo).
A tendência principal, porém, foi o crescimento significativo e quase universal dos eleitores que dizem não saber avaliar o governo. Na maioria dos casos, a migração foi da taxa de “regular” para o não sabe/não respondeu.
Não é possível afirmar com certeza que essa tendência seja ruim para Temer. Mas, combinada com o crescimento das avaliações negativas, é mais provável que o destino final dessa migração seja o ruim/péssimo do que o bom/ótimo. É como se esse eleitor que estava dando um voto de confiança ao governo dizendo que ele é “regular” não se sentisse mais confortável para opinar.
O aumento do ruim/péssimo combinado com a diminuição do bom/ótimo deixa ainda mais desfavorável um clima de opinião pública que já era ruim. Em todas as 41 grandes cidades cujas pesquisas do Ibope foram analisadas, Temer é impopular. Isto é: há mais opiniões negativas do que positivas sobre seu governo.
Nos melhores casos, o saldo é negativo em sete pontos, como em Joinville (SC) e Boa Vista. No pior, chega a 57 pontos negativos, como em Feira de Santana (BA). A impopularidade de Temer é pior – e crescente – principalmente no Nordeste. Seu saldo negativo supera os 30 pontos em todas as principais capitais nordestinas: -38 em João Pessoa; -44 em Fortaleza; -45 em São Luís; -46 no Recife; -47 em Teresina; e -48 em Salvador.
Como se ouviu nas vaias em cerimônias olímpicas no Maracanã, o sentimento contrário ao governo é grande também no Sudeste. No Rio, o saldo de Temer está negativo em 38 pontos (apenas 8% de ótimo/bom contra 46% de ruim/péssimo). Em São Paulo, faltam 33 pontos para zerar a conta (11% de avaliações positivas contra 44% de negativas). Eram -22 em agosto.
Como se ouviu nas vaias em cerimônias olímpicas no Maracanã, o sentimento contrário ao governo é grande também no Sudeste. No Rio, o saldo de Temer está negativo em 38 pontos (apenas 8% de ótimo/bom contra 46% de ruim/péssimo). Em São Paulo, faltam 33 pontos para zerar a conta (11% de avaliações positivas contra 44% de negativas). Eram -22 em agosto.
Embora a teoria das redes tenha tornado ultrapassada a teoria da pedra no lago – segundo a qual a propagação da opinião pública se daria em ondas homogêneas e concêntricas a partir dos grandes centros urbanos –, é sempre um mau sinal para o governo, qualquer que seja ele, quando sua imagem piora nas metrópoles.
Não é que o eleitor da cidade grande influencie o da cidade pequena. É que a crise econômica costuma ser sentida primeiro nas maiores cidades. Muitas vezes a agricultura e a pecuária conseguem minorar seus efeitos no interior. Se o humor do eleitor das metrópoles piora, é sinal de que a crise – ou ao menos a sua percepção – está piorando também. Uma hora ela acaba chegando nas menores cidades, e a rede negativa se completa.
O governo Temer acha que seu problema é de comunicação. Ministros palacianos disputam seu controle. Um possível novo porta-voz deve se encontrar com o presidente nesta semana.
Fosse só isso, Temer poderia mudar-se para o Palácio da Alvorada com a certeza de que iria dormir tranquilo em meio às emas. Infelizmente para ele e o PMDB, há humanos no processo. O tempo corre contra o novo presidente. Trocar de fuso viajando ao exterior não faz o relógio da impopularidade andar mais devagar.
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