QUI, 24/11/2016 - 12:15
Jornal GGN - A Folha de S. Paulo publicou um artigo com destaque na página principal ameaçando tratar Michel Temer como um "golpista" caso medidas impopulares não sejam aprovadas por seu governo. O jornal pressiona pela PEC do Teto dos gastos, que vai congelar os investimentos em saúde e educação pelos próximos 20 anos, e pelas reformas da previdência e trabalhista.
Assinado pelo repórter Fernando Canzian, o artigo sugere que Temer não tem tido pulso firme e age exatamente como as forças que lançaram a "narrativa do golpe" denunciam: com intenção de "estancar a sangria da Lava Jato", ao invés de colocar a economia nos eixos, conforme as expectativas de quem patrocinou o impeachment.
Para o jornal, Temer tem que se arriscar e conversar com a população sobre "o que está em jogo" com a PEC do Teto e a reforma da previdênca. "Cheio de trejeitos com as mãos, Temer se apequena ao evitar sujá-las minimamente em uma causa legítima depois do que o país passou para que ele chegasse onde está."
O jornal apoiou a saída de Dilma Rousseff (PT) em editoriais e artigos.
Por Fernando Canzian
Na Folha
Pelo modo como age, o presidente Michel Temer até parece ter sido convencido pela tal "narrativa do golpe" que o acusou de ilegítimo para substituir Dilma Rousseff.
Com visível perda de ímpeto, seu governo tenta promover a maior mudança constitucional desde 1988 com um esclarecimento incompleto e envergonhado à população do que está em jogo na PEC do teto e na reforma da Previdência.
Sem seu empenho e protagonismo, e em meio à operação para anistiar o caixa dois no Congresso, Temer aumenta a suspeita de que o maior objetivo de seu governo era mesmo "estancar a sangria" da Lava Jato.
Enquanto Lula convida seu colega uruguaio José Mujica e Chico Buarque para manifestação contra as reformas na av. Paulista, Temer pediu na terça (22) que empresários do chamado Conselhão defendam as mudanças. Como se empresário fosse popular e tivesse capacidade de mobilização.
Ao deixar a discussão para as redes sociais, o presidente só ganha adversários. A maioria instrumentalizada por aqueles que deveriam perder privilégios, sobretudo os representados pelas centrais de servidores.
Temer tomou posse definitiva no final de agosto e nos encaminhamos para o fim de novembro. Em quase três meses, nem o presidente nem nenhum de seus ministros tiveram a coragem e a delicadeza de explicar abertamente ao Brasil o que está em jogo.
Seja em um pronunciamento na TV ou por meio de campanhas didáticas sobre a necessidade urgente e inescapável de tais medidas.
Se está com medo de panelas, Temer tem um ministro neutro como Henrique Meirelles (Fazenda) apto a explicar a gravidade do momento. O Rio e o Rio Grande do Sul quebrados são eloquentes para escancarar o risco de não fazer nada.
A próxima batalha, a da Previdência, também oferece muita munição ao governo. Basta lembrar que só em 2015 menos de 1 milhão de aposentados e pensionistas do setor público geraram deficit de mais de R$ 70 bilhões. No privado, o deficit foi de R$ 86 bilhões, mas para 24 milhões de aposentados.
Cheio de trejeitos com as mãos, Temer se apequena ao evitar sujá-las minimamente em uma causa legítima depois do que o país passou para que ele chegasse onde está.
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