24\11\2016 10:00H
Por Ulf Laessing
BARTELLA, Iraque (Reuters) - Uma imagem danificada de Jesus e um CD do casamento de sua filha foram essencialmente tudo que o cristão iraquiano Said Shaba encontrou quando voltou à casa saqueada da qual teve que fugir quando o Estado Islâmico chegou dois anos e meio atrás.
Os militantes roubaram um cofre com suas economias e atearam fogo na residência de dois andares antes de forças do Iraque os expulsarem um mês atrás de Bartella, cidade do norte do país, durante uma campanha para retomar a vizinha Mosul, o último bastião do grupo militante no Iraque.
Como os jihadistas estão usando carros-bomba conduzidos por suicidas para deter qualquer avanço sobre Mosul, localizada a meros 20 quilômetros de distância, Bartella continua sendo uma cidade-fantasma onde reina a tensão.
Veículos Humvee pretos do Exército patrulham as ruas esburacadas onde combatentes do Estado Islâmico incendiaram casas, e fileiras de lojas e restaurantes foram arrasados durante os combates.
Mas, por estar cansado de morar com sua família de sete pessoas em uma casa alugada na vizinha Erbil, Shaba e outros cristãos retornaram para ver o estado de suas moradias pela primeira vez desde que fugiram de Bartella em 2014, quando o Estado Islâmico ocupou Mosul e a maior parte do norte do Iraque.
"Eles destruíram e roubaram tudo. Levaram embora até nosso cofre", disse o iraquiano de 59 anos, apontando para um guarda-roupa em seu quarto onde um cofre com 1.400 dólares em moeda local e dólares costumava estar.
Quando rumores sobre uma ofensiva dos extremistas se espalharam em agosto de 2014, Shaba levou sua família para Erbil certa manhã em busca de segurança, planejando voltar para pegar dinheiro e documentos – mas jamais conseguiu fazê-lo, porque de tarde os invasores já controlavam Bartella.
Por ora, voltar de vez para Bartella e outras cidades próximas não é uma opção para milhares de civis – sejam cristãos ou muçulmanos – porque a batalha por Mosul continua.
O Exército interditou Bartella e outras cidades e vilarejos para usá-los como uma base avançada. Comandantes de forças especiais e militares dos Estados Unidos, que vêm apoiando a campanha do Exército, se reuniram na cidade na quarta-feira.
Além dos cristãos, também havia muitos muçulmanos xiitas, vistos pelo Estado Islâmico como hereges, tentando seguir para seus lares
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