Uma estudante foi atingida no olho e dois fotógrafos foram presos durante a manifestação contra o impeachment na noite de ontem na capital paulista; a aluna da Universidade Federal do ABC Deborah Fabri, que integra o movimento Levante Popular da Juventude, passou por exames nesta manhã em uma clínica particular e informou, pelas redes sociais, que perdeu a visão do olho esquerdo
Daniel Mello – Repórter da Agência Brasil
Uma estudante foi atingida no olho e dois fotógrafos foram presos durante a manifestação contra o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff na noite de ontem (31) na capital paulista.
A aluna da Universidade Federal do ABC Deborah Fabri, que integra o movimento Levante Popular da Juventude, passou por exames na manhã de hoje (1º) em uma clínica particular e informou, via redes sociais, que perdeu a visão do olho esquerdo. Ela foi atendida durante a madrugada no Hospital das Clínicas.
A também militante do Levante Juventude Laryssa Campaio disse que a truculência da polícia na dispersão da manifestação surpreendeu os manifestantes. "Muita gente nossa foi ferida, como nunca tinha acontecido", disse em referência aos cinco pessoas que foram atingidas por balas de borracha ou estilhaços de bombas de gás. "Foi fora do normal, uma espécie de estado de sítio", acrescentou sobre a repressão sofrida pela passeata.
Em nota divulgada na noite de ontem, a secretaria afirma que a repressão começou depois que um grupo de manifestantes incendiou montes de lixo e lançou pedras contra os policiais. Segundo o comunicado, um policial militar foi ferido e levado para receber atendimento médico. A SSP disse que não tem informações sobre a jovem atingida no olho.
Os manifestantes, que também pediam a saída do presidente Michel Temer, começaram a se concentrar na Avenida Paulista, na altura do Museu de Arte de São Paulo (Masp) no início da noite. A passeata seguiu então pela Rua da Consolação, quando na altura do cruzamento com a Rua Maria Antonia, a Polícia Militar começou a usar bombas de gás para dispersar o protesto. Manifestantes regiram lançando rojões contra a tropa.
Durante a noite, a polícia continuou a reprimir os participantes do ato que se espalharam pelo centro da cidade. Também foram registradas diversas depredações, incluindo uma agência bancária na Rua da Consolação, uma viatura policial e a motocicleta de um cinegrafista.
Fotógrafos
Durante a ação policial, os fotógrafos Willian Oliveira e Vinicius Gomes foram detidos pela polícia. Vinícius Gomes afirma que seu equipamento de trabalho foi destruído durante a abordagem policial. Ambos permaneceram detidos até por volta das 5h de hoje.
A Secretaria de Estado da Segurança Pública de São Paulo (SSP) ainda não informou à Agência Brasil o motivo das prisões ou se pronunciu sobre os dados ao equipamento de Vinicius.
O Levante Popular da Juventude divulgou uma nota em solidariedade à jovem. Leia a íntegra:
Nota de solidariedade à militante do Levante Popular da Juventude Deborah Fabri
Comunicação Levante Popular da Juventude
Na noite de ontem, 31 de agosto de 2016, milhares de jovens saíram às ruas de diversas capitais para protestarem e expressar todo seu repúdio ao golpe parlamentar que destituiu a presidenta legítima, Dilma Rousseff, colocando em seu lugar o golpista e usurpador, Michel Temer.
O Levante Popular da Juventude esteve presente em diversas destas manifestações, somando-se ao coro Não ao Golpe, Fora Temer!
Praticamente todas as manifestações ocorreram fortes reações da polícia militar, que agiu de maneira desproporcional, violenta e brutal, reprimindo e agredindo os manifestantes. Em São Paulo, na esquina da rua Caio Prado com a rua da Consolação, mesmo lugar onde ocorreu o massacre de 13 de junho de 2013, a militante do Levante Popular da Juventude, Deborah Fabri, estudante da Universidade Federal do ABC (UFABC), foi atingida por um estilhaço de bomba no rosto, ferindo seu olho esquerdo.
Deborah foi hospitalizada e passa bem, perdeu a visão do olho esquerdo! Isso é inaceitável! Prestamos toda nossa solidariedade à ela e seus familiares e afirmamos que não descansaremos até que os responsáveis sejam punidos e ela disponha de todo a assistência necessária.
Repudiamos veementemente a ação da Polícia Militar do governador Geraldo Alckmin. Exigimos apuração, identificação e punição dos responsáveis imediatamente.
Essa é a marca desse governo ilegítimo e desse golpe: violência, truculência e autoritarismo. Não toleram a democracia, a liberdade de expressão, a soberania popular. Querem nos tirar tudo, desde os nossos direitos à nossa voz: não permitiremos!
Michel Temer e seu governo não nos representa, muito menos irá nos intimidar. Tomaremos todas as medidas judiciais e políticas cabíveis. Lutaremos e resistiremos em todas as trincheiras!
Seguiremos nas ruas, na luta contra esse golpe! Convocamos todos e todas a ocuparem as ruas!
Fora Temer!
Coletivo Nacional de Comunicação do Levante Popular da Juventude
Nenhum comentário:
Postar um comentário