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domingo, 25 de agosto de 2013

Bolívia trata como fugitivo da Justiça senador opositor no Brasil

O Ministério das Relações Exteriores da Bolívia tratou neste domingo como fugitivo da Justiça o senador opositor Roger Pinto Molina, que cruzou a fronteira com o Brasil no sábado, após passar quase 15 meses asilado na embaixada brasileira em La Paz.
A informação da entrada de Molina no Brasil foi confirmada à Folha por seu advogado, Luís Vasquez. O Itamaraty disse que não comentaria a informação.
As autoridades bolivianas anunciaram que irão tomar todas as medidas legais possíveis para trazer Molina de volta ao país.
Segundo informações da Globonews, Molina desembarcou no início da madrugada de hoje em Brasília em um jatinho particular vindo de Corumbá (MS). O parlamentar boliviano estava acompanhado do senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado.
Gaston Brito 16.abr.2010/Reuters
O senador de oposição Roger Pinto, em foto de 2010, que estava asilado na embaixada brasileira de La Paz
O senador de oposição Roger Pinto, em foto de 2010
O parlamentar recebeu asilo do Brasil em junho do ano passado com o argumento de que é perseguido pelo governo Evo Morales --alegava sofrer ameaças de morte.
Ele, no entanto, não podia deixar a embaixada por falta de salvo-conduto da Bolívia --permissão necessária para que o asilado deixe o país em segurança.
Vasquez diz que foi informado sobre a saída do parlamentar do local quando Molina já estava no Brasil.
Segundo ele, a estratégia para a viagem do boliviano foi traçada por funcionários da embaixada brasileira. Molina teria viajado em um carro da representação diplomática.
O advogado afirma que o parlamentar ainda não decidiu onde vai morar.
Inicialmente, Molina não informou nem à família em que cidade estava. "Por segurança dele e da família, ele apenas nos disse que estava bem, que havia chegado ao Brasil, e que nós não nos preocupássemos", disse à Folha Denise Pinto, filha do boliviano.
Em junho, Molina recebeu sentença de um ano de prisão após ser acusado de causar danos econômicos ao Estado.
Segundo a acusação, enquanto era diretor da Zona Franca de Cobija, em 2000, Pinto teria desviado cerca de R$ 3,5 milhões para a Universidade Amazônica de Pando.
O senador nega que tenha havido desvio e defende que o dinheiro foi aplicado na universidade.
Foi a primeira sentença contra o oposicionista, que enfrenta mais de 20 processos no país.
O parlamentar e seu partido, o Convergência Nacional, argumentavam que os processos eram arranjados e que ele não tinha acesso a um julgamento imparcial.
Em junho, o advogado dele no Brasil, Fernando Tibúrcio, protocolou no STF (Supremo Tribunal Federal) um habeas corpus extraterritorial --classificado no documento como o primeiro caso na Justiça do país.
Uma das possibilidades era que o STF determinasse a concessão de um carro diplomático para Molina deixar a Bolívia.
FELIPE MAIA, de São Paulo, e FILIPE COUTINHO, de Brasília

DE SÃO PAULO

25/08/2013 - 05h52

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