Em pronunciamento, realizado nesta quarta-feira (28), na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), a deputada estadual Leci Brandão (PCdoB/SP) falou sobre a posição da mídia conservadora a em relação aos médicos cubanos. Para a parlamentar, tal postura reafirma a face cruel do racismo em nosso país.
Leci Brandão destacou ainda que toda essa polêmica revelou algo que a população negra já sabe há muito tempo: em nosso país, as profissões têm cor e classe social.
Leia o pronunciamento na íntegra:
As médicas cubanas e as empregadas domésticas
Hoje, 28 de agosto, faz 50 anos que Martin Luther King, ícone da luta por igualdade racial nos Estados Unidos fez um discurso que se tornou emblemático e entrou para a história. Eu tenho um sonho, ele disse, “de que meus quatro filhos, um dia, viverão numa nação onde não serão julgados pela cor da sua pele e sim pelo conteúdo do seu caráter”.
Por uma infeliz coincidência, também hoje a grande imprensa e as redes sociais repercutem dois fatos que reafirmam a face cruel do racismo em nosso país e nos fazem continuar firmes em nossa luta de combate à discriminação. A primeira é a imagem de um médico cubano negro, que ao chegar em Fortaleza (CE) foi vaiado e hostilizado por dezenas de médicos que o esperavam no aeroporto.
A outra imagem é a da jornalista potiguar Micheline Borges, que postou nas redes sociais a seguinte observação: “Me perdoem se for preconceito, mas essas médicas cubanas tem uma cara de empregada doméstica. Serão que são médicas mesmo?... Médico geralmente tem postura, tem cara de médico, se impõe a partir da aparência...”
Não vou comentar o Programa Mais Médicos do Ministério da Saúde. Por ora vou me limitar a dizer que considero o programa uma grande contribuição para o grave problema na área saúde que existe em centenas de municípios brasileiros.
Mas toda a polêmica que esse programa está trazendo tem revelado algo que a população negra já sabe há muito tempo: em nosso país, as profissões têm cor e classe social. Aos brancos estão reservadas as profissões com os mais altos salários, entre elas a de médico. Aos negros restam as profissões com os mais baixos salários, entre as quais a de empregada doméstica.
Não tenho dúvida ao afirmar que esses dois fatos expõem claramente o racismo.
Acabamos de realizar a Conferência Estadual de Igualdade Racial cujo tema é “Desenvolvimento e Democracia”. Não podemos mais admitir reações racistas como estas.
Assim como Martin Luther King, nós continuamos sonhando com o dia em que não seremos julgados pela cor. Mas para que nosso sonho se torne realidade, precisamos agir. Que os dois fatos não caiam no esquecimento.
Hoje, 28 de agosto, faz 50 anos que Martin Luther King, ícone da luta por igualdade racial nos Estados Unidos fez um discurso que se tornou emblemático e entrou para a história. Eu tenho um sonho, ele disse, “de que meus quatro filhos, um dia, viverão numa nação onde não serão julgados pela cor da sua pele e sim pelo conteúdo do seu caráter”.
Por uma infeliz coincidência, também hoje a grande imprensa e as redes sociais repercutem dois fatos que reafirmam a face cruel do racismo em nosso país e nos fazem continuar firmes em nossa luta de combate à discriminação. A primeira é a imagem de um médico cubano negro, que ao chegar em Fortaleza (CE) foi vaiado e hostilizado por dezenas de médicos que o esperavam no aeroporto.
A outra imagem é a da jornalista potiguar Micheline Borges, que postou nas redes sociais a seguinte observação: “Me perdoem se for preconceito, mas essas médicas cubanas tem uma cara de empregada doméstica. Serão que são médicas mesmo?... Médico geralmente tem postura, tem cara de médico, se impõe a partir da aparência...”
Não vou comentar o Programa Mais Médicos do Ministério da Saúde. Por ora vou me limitar a dizer que considero o programa uma grande contribuição para o grave problema na área saúde que existe em centenas de municípios brasileiros.
Mas toda a polêmica que esse programa está trazendo tem revelado algo que a população negra já sabe há muito tempo: em nosso país, as profissões têm cor e classe social. Aos brancos estão reservadas as profissões com os mais altos salários, entre elas a de médico. Aos negros restam as profissões com os mais baixos salários, entre as quais a de empregada doméstica.
Não tenho dúvida ao afirmar que esses dois fatos expõem claramente o racismo.
Acabamos de realizar a Conferência Estadual de Igualdade Racial cujo tema é “Desenvolvimento e Democracia”. Não podemos mais admitir reações racistas como estas.
Assim como Martin Luther King, nós continuamos sonhando com o dia em que não seremos julgados pela cor. Mas para que nosso sonho se torne realidade, precisamos agir. Que os dois fatos não caiam no esquecimento.
*Leci Brandão é deputada estadual pelo PCdoB – SP.
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