Líder da direita radical, deputado do Democratas tem sido a grande atração dos encontros do Partido Socialista Brasileiro no interior de Goiás; a aliança, impensável do ponto de vista ideológico e programático, pode extrapolar as fronteiras goianas e culminar no apoio do DEM ao projeto presidencial de Eduardo Campos; é exatamente o que defende Caiado, que afirma contar com o apoio de pelo menos seis diretórios estaduais; se isso acontecer, Miguel Arraes dará um duplo twist carpado no túmulo
25 DE AGOSTO DE 2013 ÀS 09:23
Realle Palazzo-Martini (Goiás247) -A incoerência ideológica e programática dos partidos produziu ao longo dos anos aberrações políticas Brasil adentro. Nada comparável, porém, ao que pode acontecer em Goiás, onde o Partido Socialista Brasileiro (PSB) se esforça para construir uma aliança com o Democratas do deputado federal Ronaldo Caiado, um expoente da ultradireita no País. O entusiasmo é tão grande que Caiado fala mesmo em estender a aliança à disputa nacional, com o apoio do DEM ao presidenciável Eduardo Campos.
Miguel Arraes deve estar se revirando no túmulo. No sábado (24), o PSB promoveu um encontro regional no município de Porangatu, Norte de Goiás, distante 410 quilômetros da capital, Goiânia, onde a principal estrela foi Caiado. O líder ruralista é o maior crítico do governo Dilma Rousseff no Congresso. Governo, aliás, apoiado pelo PSB. A presença de Caiado, que por vezes até fala pelo PSB, tem gerado constrangimentos a alguns (poucos) membros da agremiação socialista.
A aproximação entre PSB e Caiado em Goiás atende a arranjos regionais, onde há dois eixos políticos muito bem definidos, restando ao Democrata a tentativa de construir uma terceira via. O primeiro eixo é comandado pelo governador Marconi Perillo, de quem Caiado se diz adversário ferrenho (embora seu partido tenha apoiado o tucano desde 1998). O segundo eixo é formado pela aliança PT-PMDB.
Diante deste cenário, Caiado se aliou ao empresário Vanderlan Cardoso, egresso do PMDB e recém-chegado ao PSB. Curiosamente, os dois (tanto Caiado como Vanderlan) se apresentam como pré-candidatos a governador.
Vanderlan chegou ao PSB neste ano pelas mãos do presidente nacional da legenda, Eduardo Campos, governador de Pernambuco, que agiu rápido para preencher a lacuna deixada no partido com a saída do empresário José Batista Junior, ex-dirigente do Grupo JBS. Batista foi cooptado pelo PMDB pelas mãos de Michel Temer, numa estratégia que pretendia (entre outros interesses), fragilizar o palanque regional de Campos.
Mas a resposta do governador pernambucano veio à altura com a filiação de Vanderlan, que também é empresário do ramo de alimentos e tem negócios baseados em Goiás e Pernambuco. Vanderlan disputou o governo goiano em 2010 e obteve perto de 16% dos votos. Naquele pleito, Perillo sagrou-se vencedor em disputa com Iris Rezende (PMDB) no segundo turno.
Nacional
Caiado anda tão empolgado na parceria com os socialistas que já pensa até mesmo em tentar levar o Democratas de mala e cuia para o pau de arara presidencial de Eduardo. A informação consta da coluna do jornalista Elimar Franco, no jornal O Globo deste domingo (25).
Caiado contou a Ilimar que seis diretórios regionais (GO, CE, MT, MS, TO, PA) já estão fechando com Campos e que o grupo tende a crescer. “O PSDB é muito predador com o DEM. Há dificuldades de convivência nos estados”, disse o Democrata. O principal exemplo das rusgas entre demos e tucanos está na própria cozinha de Caiado, Goiás.
E não sem motivo.
Em 2002, diante da ameaça de Caiado em não apoiar seu projeto de reeleição, Perillo iniciou uma ofensiva junto à base do então PFL e levou para o PSDB nada menos do que 23 prefeitos ligados a Caiado. O episódio está entalado na garganta do líder ruralista até hoje e, vez por outra, ele renova as juras de vingança.
Diante desse quadro, Caiado prevê que haverá um embate, no ano que vem, para decidir se o partido apoiará Aécio Neves (PSDB) ou Eduardo. E avisa (para Ilimar): “Vou trabalhar fortemente para isso. Estamos equilibrando o jogo. Temos chances reais de levar o partido para Eduardo Campos”.
Se isso acontecer, Arraes dará um duplo twist carpado no caixão.
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