Por Redação, com ACSs - de Recife e Brasília
O primeiro grupo de médicos cubanos que chega ao Brasil trabalhar pelo Programa Mais Médicosdesembarcou às 13h55 no no Aeroporto Internacional dos Guararapes, no Recife. Depois, em Brasília, às 18h. Na capital federal, eles chegaram no Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek e foram recebidos pelo secretário especial da Saúde Indígena do Ministério da Saúde, Antônio Alves, pois vão atuar nas áreas indígenas. O restante do grupo chega neste domingo em Fortaleza, às 13h20, no Recife, às 16h, e em Salvador, às 18h, segundo o ministério.
Ao todo, 644 médicos, incluindo os 400 cubanos, com diploma estrangeiro chegam ao Brasil neste fim de semana. Na sexta-feira, começaram a chegar os médicos inscritos individualmente em oito capitais. Neste sábado, no Recife, eles foram recebidos com aplausos por um grupo de funcionários do Ministério da Saúde que os recepcionou cantando a marchinha carnavalesca “Ó Abre Alas”, de Chiquinha Gonzaga. A letra dizia “Ó Abre Alas, que os cubanos vão passar”. Eles agradeceram a acolhida do povo brasileiro.
Os profissionais cubanos fazem parte do acordo entre o ministério com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) para trazer, até o final do ano, 4 mil médicos cubanos. Eles vão atuar nas cidades que não atraírem profissionais inscritos individualmente no Mais Médicos. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, rebateu as críticas das entidades médicas que questionam a formação médica dos profissionais cubanos.
– Neste sábado e domingo chegam 400 médicos cubanos muito experientes e 86% deles têm mais de 16 anos de experiência em missões internacionais. Chegam para os 701 municípios que nenhum médico brasileiro ou estrangeiro escolheu individualmente. O ministério vai acompanhar a qualidade dos médicos cubanos. Por isso que nós exigimos que sejam médicos experientes, todos eles têm especialização em medicina da família e outros programas de pós-graduação – disse Padilha.
Sobre as críticas de que os médicos cubanos vão receber menos (entre R$ 2,5 e R$ 4 mil) do que os outros médicos do programa, que vão ganhar R$ 10 mil, o ministro destacou que não é possível fazer comparação por serem realidade diferentes.
– Os médicos cubanos têm uma carreira e vínculo permanente com Cuba, o fato de virem em uma missão internacional faz com que os salários deles aumente, é um bônus no salário além da remuneração que vão ter aqui, diferentemente de outros médicos estrangeiros que vêm para cá (Brasil) e não têm emprego no país de origem. Esses médicos terão moradia e alimentação garantidas pelos municípios que assumiram o compromisso de participar do programa. O Ministério da Saúde vai acompanhar de perto as condições de vida desses profissionais para que tenham tranquilidade para atuar e atender bem a nossa população – declarou o ministro.
De acordo com o Ministério da Saúde, serão repassados R$ 10 mil por médico cubano à Opas, que fará o pagamento ao governo cubano. Em acordos como esse, Cuba fica com uma parte da verba. Na segunda-feira, tantos os médicos inscritos individualmente (brasileiros e estrangeiros), quanto os 400 cubanos contratados via acordo, começam a participar do curso de preparação, com aulas sobre saúde pública brasileira e língua portuguesa. Após a aprovação nesta etapa, eles irão para os municípios. Os médicos formados no país iniciam o atendimento a população no dia 2 de setembro. Já os com diploma estrangeiro começam a trabalhar no dia 16 de setembro.
Vocação
Assim que desembarcaram no Recife, os médicos cubanos disseram que vieram (ao Brasil) “por solidariedade, e não por dinheiro”.
– Nós somos médicos por vocação e não por dinheiro. Trabalhamos porque nossa ajuda foi solicitada, e não por salário, nem no Brasil nem em nenhum lugar do mundo – afirmou o médico de família Nélson Rodríguez, de 45 anos.
Rodriguez disse que a atuação dos profissionais no Brasil seguirá as ações executados em países como Haiti e Venezuela, onde já trabalhou.
– O sistema de saúde no Brasil é mais desenvolvido que nesses outros países que visitamos, então poderemos fazer um trabalho até melhor na saúde básica – afirmou.
À imprensa, outros médicos que deram entrevistas concordaram com o colega. Todos eles falaram “portunhol” – afirmaram que tiveram contato com o português quando trabalharam na África ou por terem amigos que já trabalharam no continente.
A médica Natacha Sánchez, de 44 anos, que trabalhou em missões médicas na Nicarágua e na África, disse que os cubanos estão preparados para o trabalho em locais com “condições críticas” e querem trabalhar em conjunto com os médicos brasileiros. Ela desconhece as críticas feitas pelo Conselho Federal de Medicina ao programa Mais Médicos.
Vestindo jaleco, com bandeiras do Brasil e de Cuba, os médicos cubanos cumpriram os procedimentos de imigração e alfândega, depois seguiram em vans para alojamentos das Forças Armadas na capital pernambucana.
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