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quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Em votação secreta, Câmara mantém mandato de Natan Donadon

Condenado pelo STF, deputado está preso em Brasília por desvio de dinheiro público

Jornal do Brasil

Por 233 votos a favor, 131 contra e 41 abstenções, a Câmara manteve o mandato do deputado Natan Donadon (PMDB-RO). Para ser cassado, seriam necessários 257 votos ou mais a favor da perda do mandato.
Donadon está preso em Brasília desde o dia 28 de junho, condenado em última instância pelo Supremo Tribunal Federal (STF) pelo desvio de R$ 8,4 milhões da Assembleia de Rondônia, quando era diretor financeiro da instituição.
Devido à rejeição do parecer da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves tomou a decisão de afastar o parlamentar devido à impossibilidade de ele exercer suas atribuições de deputado federal.
“Me cabe nessa hora, no dever de presidente dessa Casa, com a experiência de parlamentar de 12 mandatos, assumir a responsabilidade de fazer esse comunicado à Casa e ao País”, afirmou Alves.
Natan Donadon faz a sua defesa no plenário da Câmara e diz que nunca roubou nada
Natan Donadon faz a sua defesa no plenário da Câmara e diz que nunca roubou nada
“Entretanto, devido ao fato de o parlamentar cumprir pena de privação de liberdade, considero-o afastado do exercício de seu mandato devido à impossibilidade de exercer suas atribuições e convoco o suplente para exercer o mandato em caráter de substituição durante o tempo em que permanecer a privação de liberdade de Natan Donadon”, disse o presidente. O suplente de Natan Donadon é Amir Lando (PMDB-RO).
Alves afirmou que não colocará em votação mais nenhum processo por perda de mandato enquanto o voto continuar secreto.
Relator pediu cassação do mandato de Natan Donadon
O deputado Sergio Zveiter (PSB-RJ) defendeu a perda do mandato do deputado Natan Donadon (PMDB-RO). “A conduta pela qual ele foi condenado é de natureza gravíssima e absolutamente incompatível com o mandato parlamentar”, disse.
Zveiter foi relator do processo de cassação de Donadon, que foi preso no final de junho por ter sido condenado em última instância por peculato e formação de quadrilha. 
O relator disse que o Congresso não pode ampliar a sensação de impunidade. “A sociedade tem direito de receber resposta da Câmara dos Deputados para impedir que a sensação de impunidade se alastre”, disse.
“Nunca fiz nada de ilícito, nunca desviei um centavo da Assembleia”, diz Donadon
Antes da decisão do Plenário, Donadon fez a sua defesa e disse que todos os pagamentos feitos por ele na diretoria financeira da Assembleia Legislativa de Rondônia foram atestados pelo controle interno da instituição e feitos de acordo com os parâmetros legais. Donadon afirmou ainda que assumiu a diretoria financeira com contratos já feitos.
“Eu fui convidado a assumir o departamento financeiro com procedimentos feitos e empresas contratadas, as licitações já haviam sido feitas, já havia pagamentos feitos a essa empresa de publicidade e eu dei sequência aos pagamentos não só dessa empresa e de outras”, disse. “Nunca fiz nada de ilícito, nunca desviei um centavo da Assembleia”, emendou.
O deputado disse que o Ministério Público de Rondônia teria invadido a Assembleia Legislativa e tomado posse de toda a documentação que poderia absolvê-lo. “Eu não desviei nenhum centavo, o Ministério Público não mandou as provas que me absolviam. Eles sabem que o serviço foi executado”, disse.
O deputado afirmou ainda que tem um patrimônio pequeno, de apenas uma casa, o que comprova que ele não desviou recursos e que continua com popularidade alta na sua região. “Pesquisa mostrou 82% de aprovação do mandato na minha cidade de mais de 100 mil habitantes. A população sabe a minha conduta”, disse.
Renúncia
Donadon disse que foi condenado em 2010, quando era um cidadão comum. Ele reconheceu que, naquele momento, renunciou ao mandato de deputado com a intenção de levar o processo criminal para a Justiça de Rondônia. Ele disse que estava confiante no precedente judicial de que os processos de ex-parlamentares voltam para a justiça estadual. “Confiei no Supremo, achei que fossem me tratar com igualdade, mas não o fizeram. Se voltasse para Rondônia, seria solto”, declarou.
Ele afirmou ainda que a sua pena foi desproporcional aos demais réus no processo. “Eles pegaram seis anos e eu, como cooptado, como pego 13 anos?”, questionou.

Com Agência Câmara

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