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domingo, 15 de setembro de 2013

Internos » Preconceito afasta voluntários da Funase

Enquanto apenas duas pessoas trabalham com jovens infratoras, no Imip há 410

Publicação: 15/09/2013 09:30 

Luciana ensina espanhol a adolescentes do Centro de Atendimento Socioeducativo. Foto: Cristiane Silva/Esp.DP/D.A Press
Luciana ensina espanhol a adolescentes do Centro de Atendimento Socioeducativo. Foto: Cristiane Silva/Esp.DP/D.A Press
Luciana Menezes, 31 anos, aceitou desafiar o senso comum. Melhor para ela. Toda terça-feira, das 13h30 às 15h30, aprende um pouco mais sobre as relações humanas. Em troca, ensina espanhol, de graça, para um grupo de meninas que cumpre medida de internamento no Centro de Atendimento Socioeducativo (Case) Santa Luzia, da Funase. Luciana é quase única. Além dela, somente a cabeleireira Maria das Graças Torres de Souza, 59, presta serviços voluntários na instituição, que conta com 21 unidades no estado. O preconceito relacionado a jovens em conflito com a lei afasta os interessados em doar um pouco do seu tempo livre. O resultado dessa lógica injusta é que a Funase é uma das instituições pernambucanas que mais sofre com a falta de trabalho voluntário, apesar de ser uma das que mais precisa desse tipo de atenção diferenciada.

“Aqui aprendi que as meninas não são como as pessoas pensam lá fora. São doces, carentes. Através desse trabalho, passamos a acreditar mais no outro, no que ele tem a oferecer”, diz Luciana. Nas unidades da Funase, o voluntariado é mais que bem vindo. É necessário. Segundo Lurdes Tomás, da instituição, há carência de oficinas de arte-educação na área de cultura e esportes. “Sentimos falta de rodas de leitura, onde as pessoas sentam e discutem o conteúdo de um livro. Afinal, a leitura abre a cabeça para o mundo”, defende. Lurdes lembra que não há material didático disponível e por isso o voluntário precisa usar a criatividade. As duas voluntárias da Funase desenvolvem seus serviços graças a um convênio firmado entre o Núcleo Ariano Suassuna de Estudos Brasileiros, da Universidade Federal de Pernambuco, e a Funase.

Se a Funase sofre com a falta de voluntários, o Imip, nos Coelhos, é uma das instituições que mais atraem pessoas dispostas a trabalhar sem ganhos financeiros. Apesar da grande procura - hoje são 410 atuando -, a unidade precisa de mais gente para trabalhar. “Precisamos de voluntários na enfermaria do Oscar Coutinho, do Hospital Pedro II. Lá, há oportunidade para conversar com os pacientes, cantar, tocar um violão, ler”, explica Rejane Leão, coordenadora do serviço.

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