Dom João Evangelista foi comunicado, por telefone, de sua eleição logo após o escrutínio e está sendo aguardado em Olinda, ainda hoje à noite, ou amanhã pela manhã, para conhecer a comunidade religiosa e marcar a data da posse.
Don João Evangelista exercia a função de prior do Mosteiro de São Paulo desde 2006, é formado em Filosofia Antiga e Medieval e lecionava as duas matérias na Faculdade de São Bento. Prior é o cargo de confiança do Abade de um Mosteiro, liderança maior da instituição. Ele chegou ao cargo de prior aos 33 anos, após entrar no Mosteiro de São Bento depois de largar o curso de Medicina em São Paulo.
Assista a trecho do documentário sobre São Bento e a Fundação da Ordem de São Bento, com a participação de Dom João Evangelista Kovas, então Prior do Mosteiro de São Bento. Apresentação de Marcelo Pereira, com direção e produção de Cadu:
Os beneditinos chegaram a Pernambuco em 1586, quando residiram primeiramente na pequena Igreja de São João Batista, transferindo-se depois para a pequena ermida de Nossa Senhora do Monte, uma das mais antigas Igreja do Brasil, doada pelo então Bispo do Brasil, Dom Antonio Barreiros. Em 27 de outubro de 1597 os monges adquiriram um terreno que se chamava Olaria, junto ao Varadouro da Galeota, que pertencia a Gaspar Figueyra e Maria Pinta, mais tarde aumentado com a compra de mais três lotes vizinhos, quando iniciaram a construção de um mosteiro, que ficou pronto em 1599, mas logo foi destruído quando, em 1632, um incêndio consumiu grande parte de Olinda, deflagrado em decorrência da invasão pelos holandeses.
Dom Felipe da Silva foi eleito Abade de Olinda em agosto de 2006, cargo vacante desde a renúncia do Abade Dom Bernardo Alves. A sua posse canônica no Rio de Janeiro deverá ocorrer no dia 1º de dezembro. Ele será o 87º Abade nos 400 anos de história da comunidade beneditina no Rio.
Dom Filipe nasceu em Rio Largo, Alagoas, a 5 de junho de 1962, batizado com o nome de José Cláudio da Silva. Atualmente é o primeiro assistente do abade presidente da Congregação Beneditina do Brasil.
Leia artigo de dom João Evangelista Kovas, até então prior do Mostério de São Bento em São Paulo, publicado em abril de 2010 no jornal O Estado de S. Paulo:
“O mal está no homem
“No crime de um sacerdote que trai suas convicções oculta-se a mais cruel das chagas humanas
Os beneditinos chegaram a Pernambuco em 1586, quando residiram primeiramente na pequena Igreja de São João Batista, transferindo-se depois para a pequena ermida de Nossa Senhora do Monte, uma das mais antigas Igreja do Brasil, doada pelo então Bispo do Brasil, Dom Antonio Barreiros. Em 27 de outubro de 1597 os monges adquiriram um terreno que se chamava Olaria, junto ao Varadouro da Galeota, que pertencia a Gaspar Figueyra e Maria Pinta, mais tarde aumentado com a compra de mais três lotes vizinhos, quando iniciaram a construção de um mosteiro, que ficou pronto em 1599, mas logo foi destruído quando, em 1632, um incêndio consumiu grande parte de Olinda, deflagrado em decorrência da invasão pelos holandeses.
Dom Felipe da Silva foi eleito Abade de Olinda em agosto de 2006, cargo vacante desde a renúncia do Abade Dom Bernardo Alves. A sua posse canônica no Rio de Janeiro deverá ocorrer no dia 1º de dezembro. Ele será o 87º Abade nos 400 anos de história da comunidade beneditina no Rio.
Dom Filipe nasceu em Rio Largo, Alagoas, a 5 de junho de 1962, batizado com o nome de José Cláudio da Silva. Atualmente é o primeiro assistente do abade presidente da Congregação Beneditina do Brasil.
Leia artigo de dom João Evangelista Kovas, até então prior do Mostério de São Bento em São Paulo, publicado em abril de 2010 no jornal O Estado de S. Paulo:
“O mal está no homem
“No crime de um sacerdote que trai suas convicções oculta-se a mais cruel das chagas humanas
04 de abril de 2010
Dom João Evangelista Kovas
“Com muita tristeza acompanhamos os relatos de abuso sexual de menores por parte de integrantes do clero da Igreja Católica, noticiados abundantemente na imprensa nacional e internacional. Semelhante delito causa profunda comoção, sobretudo em se tratando de uma instituição à qual é confiada a tarefa de anunciar a palavra da esperança aos povos. Nós brasileiros somos profundamente devedores desse anúncio, que formou os melhores ideais de nossa sociedade. Tamanha chaga na vida da Igreja não deixa de causar escândalo, a ponto de levar muitos, sobretudo os jovens, a questionar o poder renovador dos valores evangélicos.
As insistentes notícias veiculadas pela imprensa revelam, antes de tudo, um legítimo alerta para toda a sociedade a respeito desse mal, que é a corrupção sexual de menores. Afinal, é de interesse da sociedade a integridade da Igreja Católica, a qual guarda um patrimônio comum de vida espiritual e moral. As críticas dirigidas à Igreja são oportunidades singulares de renovação e purificação.
Isso, no entanto, não nos faz fechar os olhos para tentativas recorrentes de manipular a dor alheia para fins ideológicos. Seguiram-se à comoção em torno do tema da pedofilia persistentes tentativas de envolver inclusive a pessoa do papa Bento XVI no assunto. Partia-se do princípio de que todos os homens têm sua culpa, a qual insistentemente procurada, seria encontrada. Nem o sumo pontífice escaparia dessa sina. Se não bastasse o sarcasmo de fundo em relação à condição humana, tão contrário ao princípio de que todos são inocentes até se prove o contrário, constata-se uma atitude preconceituosa para com a Igreja Católica: os crimes envolvendo a sexualidade seriam vistos de maneira conivente por membros da Igreja porque a corrupção sexual adviria de uma prejudicial disciplina em relação à sexualidade, sobretudo por parte do clero católico.
O risco maior desse tipo de intento é esconder mais a fundo o drama no qual está inserido o problema da pedofilia. O mal que flagela a Igreja está no homem. É o homem sempre que está em questão. Lamentavelmente, muitas vezes se trabalha para esquecer esse mal, como se todos os males não passassem de meros acertos ideológicos, estando a Igreja em um dos polos privilegiados que se pretende combater. Não se deve esquecer que o crime de um sacerdote que trai suas convicções mais profundas a respeito do bem está inserido no mistério de alguém que inicialmente pretendia fazer o bem e acabou cometendo crimes hediondos. Trata-se de uma chaga humana, a mais cruel.
Nenhuma instituição atual, no entanto, combate com tamanha coragem e ousadia a corrupção moral e espiritual envolvendo a sexualidade humana como faz a Igreja Católica. Nenhum sumo pontífice foi tão persistente, claro e franco nesse assunto quanto o papa Bento XVI. Sua Carta aos Católicos Irlandeses, recentemente publicada, revela de modo exemplar qual deve ser a atitude da Igreja ao enfrentar internamente esse problema.
Na carta, o papa fala sobre a dor das vítimas e dos seus familiares, que é também a dor da Igreja. Fala com muito respeito e compreensão do pesado encargo colocado sobre os ombros daqueles jovens que deverão enfrentar internamente o problema de serem injustiçados, o mais difícil dos desafios humanos.
O tom da carta é ao mesmo tempo severo e reconciliador. Sobretudo, convoca todos os segmentos a estarem atentos à renovação espiritual da Igreja. O papa não poupa severas críticas aos bispos que cometeram erros ao tratar da solução desses delitos envolvendo o clero. Decidiram por iniciativa própria não lançar mão dos recursos judiciais do próprio direito canônico e não entregar à Justiça comum os malfeitores. A denúncia dos clérigos à Justiça comum viria em acudimento aos mais fracos, missão prioritária na Igreja.
Em tempos de declínio das ideologias e de afastamento da religião, considera-se o sexo como algo “natural”, diante do qual o ser humano deixa de ser sujeito de decisão. Não se estranha o tom pouco severo, atônito, dispersivo e excessivamente conivente com a corrupção sexual em nossa sociedade. Dúvidas psicologizantes de toda ordem causam mediocridade e paralisia em muitos, o que dificulta assumir uma salutar responsabilidade sexual. Nesse sentido, a Igreja Católica na sua função de mãe e educadora, está atenta para evitar que falte aos jovens o acudimento necessário a fim de ajudá-los no desenvolvimento pessoal, que é ao mesmo tempo social, moral e espiritual”.
Isso, no entanto, não nos faz fechar os olhos para tentativas recorrentes de manipular a dor alheia para fins ideológicos. Seguiram-se à comoção em torno do tema da pedofilia persistentes tentativas de envolver inclusive a pessoa do papa Bento XVI no assunto. Partia-se do princípio de que todos os homens têm sua culpa, a qual insistentemente procurada, seria encontrada. Nem o sumo pontífice escaparia dessa sina. Se não bastasse o sarcasmo de fundo em relação à condição humana, tão contrário ao princípio de que todos são inocentes até se prove o contrário, constata-se uma atitude preconceituosa para com a Igreja Católica: os crimes envolvendo a sexualidade seriam vistos de maneira conivente por membros da Igreja porque a corrupção sexual adviria de uma prejudicial disciplina em relação à sexualidade, sobretudo por parte do clero católico.
O risco maior desse tipo de intento é esconder mais a fundo o drama no qual está inserido o problema da pedofilia. O mal que flagela a Igreja está no homem. É o homem sempre que está em questão. Lamentavelmente, muitas vezes se trabalha para esquecer esse mal, como se todos os males não passassem de meros acertos ideológicos, estando a Igreja em um dos polos privilegiados que se pretende combater. Não se deve esquecer que o crime de um sacerdote que trai suas convicções mais profundas a respeito do bem está inserido no mistério de alguém que inicialmente pretendia fazer o bem e acabou cometendo crimes hediondos. Trata-se de uma chaga humana, a mais cruel.
Nenhuma instituição atual, no entanto, combate com tamanha coragem e ousadia a corrupção moral e espiritual envolvendo a sexualidade humana como faz a Igreja Católica. Nenhum sumo pontífice foi tão persistente, claro e franco nesse assunto quanto o papa Bento XVI. Sua Carta aos Católicos Irlandeses, recentemente publicada, revela de modo exemplar qual deve ser a atitude da Igreja ao enfrentar internamente esse problema.
Na carta, o papa fala sobre a dor das vítimas e dos seus familiares, que é também a dor da Igreja. Fala com muito respeito e compreensão do pesado encargo colocado sobre os ombros daqueles jovens que deverão enfrentar internamente o problema de serem injustiçados, o mais difícil dos desafios humanos.
O tom da carta é ao mesmo tempo severo e reconciliador. Sobretudo, convoca todos os segmentos a estarem atentos à renovação espiritual da Igreja. O papa não poupa severas críticas aos bispos que cometeram erros ao tratar da solução desses delitos envolvendo o clero. Decidiram por iniciativa própria não lançar mão dos recursos judiciais do próprio direito canônico e não entregar à Justiça comum os malfeitores. A denúncia dos clérigos à Justiça comum viria em acudimento aos mais fracos, missão prioritária na Igreja.
Em tempos de declínio das ideologias e de afastamento da religião, considera-se o sexo como algo “natural”, diante do qual o ser humano deixa de ser sujeito de decisão. Não se estranha o tom pouco severo, atônito, dispersivo e excessivamente conivente com a corrupção sexual em nossa sociedade. Dúvidas psicologizantes de toda ordem causam mediocridade e paralisia em muitos, o que dificulta assumir uma salutar responsabilidade sexual. Nesse sentido, a Igreja Católica na sua função de mãe e educadora, está atenta para evitar que falte aos jovens o acudimento necessário a fim de ajudá-los no desenvolvimento pessoal, que é ao mesmo tempo social, moral e espiritual”.
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