"Índia e Brasil precisam abrir espaço para que outras nações em desenvolvimento também continuem a crescer, a diminuir as desigualdades e a incluir milhões de novos consumidores"
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta sexta (23), em Nova Déli, uma reestruturação do Conselho de Segurança da ONU para refletir com justiça a nova realidade da economia mundial. Lula discursou durante pouco mais de 20 minutos em homenagem a Jawaharlal Nehru, primeiro primeiro-ministro da Índia e considerado o fundador do estado democrático indiano. Entre as autoridades presentes, estiveram o primeiro ministro indiano Manmohan Singh, o vice-presidente Mohammad Hamid Ansari, e Sonia Gandhi, presidenta do Partido do Congresso Nacional Indiano.
Lula lembrou parte de seu discurso de 2006, quando ainda era presidente e recebeu do governo da Índia o Prêmio Jawaharlal Nehru para Compreensão Internacional. Na ocasião, ele disse sobre Nehru: “Sua política externa independente elevou a Índia a um lugar de destaque na comunidade internacional. Sua defesa da solução pacífica dos conflitos e do direito à autodeterminação, foi sempre fonte de inspiração para os povos que buscam dignidade”. Resguardando as diferenças entre a conjuntura atual e aquela de 50 anos atrás, Lula destacou a importância da atitude de líderes como Nehru. “Como aprendemos com Nehru, os desafios de hoje também exigem uma atitude mais afirmativa e mais ousada”.
No discurso desta sexta, Lula destacou a nova realidade econômica mundial. “O relatório do Fundo Monetário Internacional, divulgado em abril deste ano, mostra que as economias dos países em desenvolvimento vão ultrapassar, em seu conjunto, o PIB dos países mais desenvolvidos”. E disse que essa realidade não pode continuar sendo ignorada. “A ordem política mundial deve necessariamente refletir esta nova realidade, e não aquela que correspondia ao equilíbrio de poder ao término da Segunda Guerra Mundial. Não é razoável que o Conselho de Segurança da ONU, não tenha nenhum país da América Latina ou da África, ou da importância da Índia, entre seus membros permanentes”.
O ex-presidente defendeu que a mudança aconteça não somente o Conselho de Segurança. “Não é razoável, tampouco, que os organismos financeiros internacionais ignorem a nova dinâmica da economia, muito distinta dos tempos de Breton Woods. Não é minimamente razoável continuar ignorando a necessidade de apoiar o desenvolvimento dos países mais pobres do mundo, e de criar oportunidades para os excluídos, que compõem a maioria da população”.
O ex-presidente disse ainda que Índia e Brasil, com o papel de destaque que têm no novo cenário mundial, “precisam abrir espaço para que outras nações em desenvolvimento também continuem a crescer, a diminuir as desigualdades e a incluir milhões de novos consumidores”. Para o ex-presidente, esse caminho é essencial para reequilibrar a economia mundial e manter a paz, sem a qual, como disse Nehru, todos os outros sonhos desaparecem e são reduzidos a cinzas.
Após a conferência, o ex-presidente retorna ao Brasil. Lula esteve em viagem por três países africanos e pela Índia. Na Etiópia, anunciou que o Instituto Lula vai organizar, junto com a FAO e a União Africana, um encontro para discutir a erradicação da fome na África. Esse encontro acontecerá nos dias 4 e 5 de março do ano que vem, em Adis Abeba, na Etiópia.
Para ler mais notícias sobre a viagem do ex-presidente, visite o site do Instituto Lula: http://www.institutolula.org
(Assessoria de Comunicação/Instituto Lula)
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