Quantidade de gases do efeito estufa na atmosfera atingiu novo pico em 2011
Foto: JF Creative / Image Source / AFP
Confrontados com os sinais crescentes do aquecimento global e os apelos urgentes para a ação, cerca de 190 países vão se reunir na segunda-feira (26) em Doha para avançar nas difíceis negociações para salvar o clima e lançar o Ato II do Protocolo de Kyoto.
"É necessário oferecer uma resposta mais rápida às mudanças climáticas, e isso é possível", declarou a diretora para o clima na ONU, Christiana Figueres, poucos dias antes da grande reunião de cúpula anual. "Em Doha, temos de garantir que vamos passar para o próximo nível", prosseguiu.
A conferência acontecerá de 26 novembro a 7 de dezembro. No dia 4, os negociadores serão acompanhados por mais de 100 ministros que devem chegar a um acordo, o próximo passo no árduo processo de negociações da ONU lançado em 1995.
Os alertas se multiplicaram nos últimos dias: o Banco Mundial advertiu para os risco de um aquecimento de 4 graus até 2060 e "a cascata de tragédias" que devem atingir os países pobres.
A quantidade de gases do efeito estufa na atmosfera (GEE) atingiu um novo pico em 2011, e a ONU alertou que os esforços da comunidade internacional para conter o aquecimento global em 2 graus estão ainda mais longe de serem suficientes. O objetivo de 2 graus fixado pela comunidade internacional é o máximo, segundo os cientistas, para evitar que o sistema climático dispare, com efeitos que acelerariam fortemente o aquecimento.
Uma das grandes questões a ser discutida em Doha será o Ato II do Protocolo de Kyoto, o único instrumento legalmente vinculante que compromete os países industrializados, com a notável exceção dos Estados Unidos, que nunca ratificaram, a reduzir as emissões de GEE.
Decisão simbólica
"O princípio de uma segunda fase de compromisso após 2012 foi acordada em Durban", ultima cúpula da ONU sobre o clima no final de 2011, e "atualmente, é preciso avançar" sobre a duração do Quioto 2, resumiu à AFP um negociador europeu.
É principalmente uma decisão simbólica. Com a retirada do Canadá, Japão e Rússia, Kyioto 2 deve ser assinado apenas pela União Europeia e a Austrália, o que representa 15% das emissões globais de gases de efeito estufa. "É um instrumento que não vai mudar grandes coisas no mundo real, mas sua extensão é importante para combater as dinâmicas, ainda muito pobres, de desconfianças dos países do sul ante os do norte", diz o negociador.
Um acordo global e mais ambicioso, desta vez envolvendo todos os países, inclusive os dois maiores poluidores do mundo, a China e Estados Unidos, deve ser assinado em 2015 para entrar em vigor em 2020. As discussões sobre a forma legal deste acordo e a repartição "igualitária" dos esforços devem iniciar em Doha.
Mas os países do sul, e principalmente as pequenas ilhas, especialmente vulneráveis à elevação do nível do mar, não querem esperar mais oito anos para assumir compromissos mais firmes. "É absolutamente essencial. O tempo claramente não está do nosso lado", declarou à AFP a representante da Aliança dos Pequenos Estados Insulares (AOSIS), Marlene Moisés. "Eu espero que a trágica experiência do furacão Sandy, por exemplo, leve os países mais relutantes para estas negociações para que se envolvam neste esforço", acrescentou.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, prometeu agir rapidamente para "ver o que podemos fazer em curto prazo para reduzir as emissões de carbono". Mas a composição do Congresso sugere pouco espaço de manobra para medidas drásticas sobre esta questão.
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