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sábado, 24 de novembro de 2012

Maternidade de Natal atende a mulheres no corredor após greve de médicos da prefeitura


Trinta mães estavam nessa sexta-feira (23) “internadas” nos corredores da Maternidade Escola Januário Cicco, em Natal.  São mulheres que não encontraram atendimento nas maternidades do município, por conta da greve dos médicos cooperados da prefeitura.


A diretora da Januário Cicco, Maria da Guia de Medeiros, informou que, antes de a greve começar, eram realizados 350 partos por mês no local. Agora, ocorrem 460 no mesmo período.
Um total de 40% dessas pacientes não são de Natal, mas de municípios vizinhos. Nessa sexta, por volta de 11 horas da manhã, 20 mulheres já tinham procurado por atendimento.
"É assim o tempo todo. Umas saindo, outras entrando. Não podemos deixar de receber essas mães, que, em muitos casos, já vieram de outras maternidades nas quais não conseguiram atendimento. Depois que têm seus filhos aqui, também não podemos liberá-las logo para casa porque nem tem posto de saúde funcionando”, disse a diretora
A estudante Geane  do Nascimento, 21, era uma das que aguardavam a vez no corredor. Com a ajuda da comerciante Antônia Crispim, 43, sua mãe, ela procurou a Maternidade das Quintas na madrugada de quinta-feira (22), porém, ao ser informada de que não haveria médico para realizar o parto, seguiu para a Maternidade Januário Cicco.
“Minha filha foi bem atendida na Januário, mas ela teve bebê na sala de pós-parto. Aqui está tão lotado, que passei o parto da minha filha e toda a noite seguinte em pé porque não havia uma cadeira de acompanhante disponível para eu sentar”, disse Antônia.
As cadeiras as quais a comerciante se refere foram todas retiradas das enfermarias e estão nos corredores, sendo usadas como leitos para “repouso” das mães que acabaram de ter filho.
Também no corredor, ontem, estava a comerciante Doracy Fernandes, 32, acompanhando a filha de 14 anos que teve bebê. “Minha filha passou por uma cesárea e está em uma maca no corredor. É neste mesmo corredor que temos que guardar tudo de que ela precisa, trocar de roupa. Banho aqui é difícil”, disse Doracy.
“Estou há nove anos neste hospital e nunca vi um ano tão difícil e com este  excedente todo de pacientes como agora em 2012. Os médicos chegam a chorar aqui comigo”, afirmou a diretora.
Segundo ela, a própria condução dos procedimentos está prejudicada com o grande número de pacientes. “Somos uma maternidade escola, e qualquer procedimento aqui deveria ser feito de forma mais lenta, para que os estudantes aprendessem etapa por etapa, mas como a demanda é grande, acabamos apressando tudo.”
“Agora é uma questão de esperar a prefeitura pagar os médicos cooperados para que eles possam voltar a trabalhar e de a governadora colocar os hospitais regionais em funcionamento. Porque o Santa Catarina (único hospital da rede estadual que funciona como maternidade) também está lotado. Só assim desafogaríamos o Januário Cicco”, explicou.

Outro lado

A Prefeitura de Natal informou que o pagamento de R$ 1,8 milhão para a Coopmed – cooperativa dos médicos que atendem às unidades de saúde do município, inclusive maternidades – será feito na próxima segunda-feira (26). Até lá, os médicos decidiram manter a greve.


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