Pontos de comercialização na Zona Sul estão sendo alvo de arrombamentos. Comerciantes querem mais policiamento na área
Publicado em 03/08/2013, às 06h43
João Carvalho
jcarvalho2112@gmail.com
Abandonados, esquecidos, com medo. Comerciantes de uma área da beira-mar de Boa Viagem dizem que não sabem mais o que fazer depois de uma onda de arrombamentos em alguns quiosques na orla, ironicamente em frente a uma vila militar da Aeronáutica. Em um mês foram mais de oito ocorrências, segundo pessoas que trabalham e circulam pelo local. Eles afirmaram também que alguns locatários simplesmente abandonaram o ponto por falta de segurança.
Os roubos não são novidade na região. Há um ano, o Jornal do Commercio denunciou uma série de arrombamentos no mesmo local. Na época, uma chef de cozinha, responsável por um dos quiosques e vítima dos ladrões três vezes num período de 60 dias, chegou a colocar faixas pedindo aos criminosos que não roubassem mais. O policiamento foi reforçado próximo ao Parque Dona Lindu, onde aconteciam os ataques. Agora, os bandidos agem em outro território, a partir do Hospital da Aeronáutica.
O abandono em alguns trechos da beira-mar não combina com a imagem tão esperada pelos turistas, como dizem os moradores do bairro. Os quiosques 59 e 60 estão largados. Vidros e restos de mercadorias ainda não foram recolhidos, mas ninguém frequenta o local.
“Nunca mais soube nada de quem tomava conta dessa área”, disse Maristela Alves, frequentadora assídua da pista de caminhadas. “É muito triste ver uma praia como Boa Viagem ser deixada de lado por comerciantes. Eles é que dão estrutura para quem quer conhecer a orla”, observou.
Os roubos voltaram a acontecer em série no mês passado. O quiosque de número 57, logo depois do Clube das Águias, frequentado por militares, foi violado duas vezes. “É complicado. Não temos sossego e todo dia ficamos com medo das surpresas”, disse o funcionário de um dos locais, que preferiu não se identificar com medo de represálias dos assaltantes.
Os poucos que falam lembram diversas histórias. “Eu e meu marido começamos a trabalhar aqui há três meses. Antes era de um argentino, que nos falou sobre os arrombamentos”, citou Andréa Bandeira, uma das comerciantes. Entre os problemas, Andréa cita a falta de policiamento ostensivo como a principal. “Não vemos a PM passar por aqui. Nem naqueles carrinhos que eles usam”, comentou.
Para ela, os roubos só não são mais frequentes porque a presença de militares da Aeronáutica, que fazem a segurança da vila próxima, intimida de alguma forma, embora eles não sejam autorizados a agir fora da área militar.
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Quiosques da orla têm sido alvo constante da ação de ladrões
Dois pontos depois de Andréa, trabalha Petrônio Soares. A indignação do comerciante é tão grande quanto os custos extras que está tendo para consertar a fachada, desde que assaltaram o ponto dele. Os criminosos quebraram vidros e roubaram objetos e mercadorias. “Gastei dinheiro com segurança eletrônica, quando a obrigação é do Estado de nos manter seguros”, desabafou. “Eles não têm medo. Atacam mesmo. Acho que se sentem à vontade para roubar”, observou.
Na quinta-feira da semana passada Petrônio teve mais um prejuízo, inclusive físico. Um dos vidros da barraca dele foi quebrado novamente. Só não levaram nada porque o alarme disparou. “Fui consertar e acabei caindo e fraturando o braço”, lembra. Agora ele pretende reforçar a estrutura para evitar novos prejuízos. Mas a vigilância contratada vai continuar.
POLICIAMENTO - A tática usada pelos suspeitos é quebrar o vidro e se esconder. Se o alarme não toca, eles invadem e roubam. Em nota, a Polícia Militar explicou que o policiamento no local é feito por uma Patrulha do Bairro, uma guarnição tática e uma dupla de ciclopatrulha, além de ter reforço aos domingos com motopatrulhamento.
“Sobre os arrombamentos que ocorrem de madrugada, se não houver uma postura por parte dos comerciantes em denunciar na delagacia do bairro, para registro, acompanhamento, identificação e prisão dos autores, pouco se evoluirá na eliminação desses crimes”, disse a assessoria de comunicação da PM.
Os crimes devem ser registrados na Delegacia de Boa Viagem, responsável pela área. As denúncias sobre segurança no bairro de Boa Viagem podem ser feitas pelos números 3181-357 ou 3181-3575.
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