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terça-feira, 3 de setembro de 2013

CASO JEREMIAS Memorial a Jeremias deve ser erguido em Itambé

Existe uma proposta de construir um centro cultural no local onde funcionou a antiga delegacia sindical do município

Publicado em 03/09/2013, às 07h55

Moradores fizeram uma passeata no sábado (31) pelas ruas do distrito de Serrita até a antiga sede da delegacia sindical, local de atuação de Jeremias / Edmar Melo/JC Imagem

Moradores fizeram uma passeata no sábado (31) pelas ruas do distrito de Serrita até a antiga sede da delegacia sindical, local de atuação de Jeremias

Edmar Melo/JC Imagem

As iniciativas de resgate histórico do “Caso Jeremias” não ficarão restritas à pressão para que sua morte seja enquadrada como crime político e analisada pela Comissão Estadual da Verdade. O primeiro passo foi dado no último sábado (31), no antigo distrito de Serrinha, no município de Itambé, onde Jeremias comandou, em 1963, a delegacia sindical dos trabalhadores rurais da região. Lá, foi a parada final de uma caminhada organizada pelo historiador Felipe Gallindo junto com o movimento sindical e agricultores da cidade.
O ato funcionou como um convite aos moradores para que conheçam a trajetória de um personagem que se confunde com um pedaço da história do próprio município. Mais do que isso: fez com que pessoas que conviveram com Jeremias se aproximassem voluntariamente da caminhada para darem seus testemunhos. Foi o caso do senhor Raimundo da Silva. Aos 92 anos, ele mora a quatro ruas da antiga sede da delegacia sindical de Serrinha. Disse ter ouvido o nome de Jeremias ser evocado no carro de som e resolveu sair de casa para conferir do que se tratava.


Fez o trajeto devagar, sozinho, apoiando-se num guarda-chuva, até a linha de chegada da passeata. Ficou só observando, mas bastou ser abordado para contar que presenciou a chacina do Oriente e assistiu à morte de Jeremias. Na época, tinha 42 anos e trabalhava num engenho da região. Seu testemunho confirma a versão de que o crime foi premeditado. “Mandaram chamar Jeremias, mas já tava tudo preparado lá no engenho. Foi recebido com bala e ainda atingiu mais gente aquele pessoal do Zé Borba”, lembra.
Para que o caso Jeremias seja difundido em Itambé, existe a proposta de produzir cartilhas educativas e distribuir a alunos e professores das escolas do município. Outra ideia é desapropriar o terreno baldio onde funcionou o sindicato de Serrinha e erguer um centro cultural em homenagem a Jeremias. O prefeito de Itambé, Bruno Ribeiro (PSB), chegou a participar do início do ato no sábado e se comprometeu em apoiar a iniciativa. “Vamos dar todo o suporte à construção desse memorial, que é de fundamental importância para a história da cidade”, garantiu.
O presidente do sindicato dos trabalhadores rurais do município, Genésio da Silva, quer aproveitar o resgate do caso Jeremias para fazer um pleito ao poder público: conseguir a regularização do assentamento “Manoel Matos”, fundado há 11 anos por 34 famílias. Seu relato de um dos embates que viveu com um latifundiário da região é um retrato da tensão que se perpetua no campo até hoje.
Ao negociar a concessão de um benefício aos camponeses, Genésio disse ter ouvido a seguinte frase do proprietário: “Se fosse em outro tempo, a gente resolvia isso de outro jeito”, lembrou.

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