Presidente do Grupo JCPM, João Carlos Paes Mendonça, defende que governos devem "deixar
a iniciativa privada trabalhar"
Publicado em 18/12/2014, às 07h29
Do JC Online
Hélia Scheppa/JC Imagem
O Brasil precisa de menos política e de mais gestão. O alerta é de João Carlos Paes Mendonça, presidente do Grupo JCPM, do qual faz parte o Sistema Jornal do Commercio de Comunicação. O empresário argumenta que os governos devem cumprir com o seu papel e deixar a iniciativa privada trabalhar. Essa foi a tônica principal da entrevista concedida por ele, ontem, na Rádio Jornal, quando conversou com o radialista Geraldo Freire, a apresentadora Graça Araújo e o repórter Francisco José. Para superar a crise, João Carlos defende a inovação, o trabalho e a austeridade.
BRASIL
O País precisa de menos política e de mais gestão. De menos demagogia e de mais disciplina. De menos gastos públicos e de mais ação. Também é necessário deixar a iniciativa privada cumprir com o seu papel e o governo cumprir o dele, promovendo segurança, saúde, educação, entre outras obrigações. Quem gera desenvolvimento econômico é a iniciativa privada. Temos que trabalhar, sermos criativos, inovadores, porque o mundo não vai se acabar. É importante se indignar com o que está acontecendo no Brasil, cujo crescimento este ano é zero. O próximo ano não será diferente: é zero e vai aumentar a inflação e o déficit público. Precisam ser tomadas medidas corajosas. Espero que essa nova equipe da Fazenda resolva esses problemas, porque não é difícil. O difícil, quem se lembra, foi fazer o Plano Real. Depois do Real, vivemos no céu. Agora, estamos entrando no purgatório e caminhando para o inferno.
CRESCIMENTO
O Brasil em quatro anos cresceu, em média, 3,3%; Pernambuco, 4,9%; o Ceará, 4,8% e a Bahia, 3,8%. O Nordeste cresceu ligeiramente acima e tem que crescer muito mais do que isso durante 25 anos para reduzir a disparidade inter-regional de renda. No terceiro trimestre deste ano, Pernambuco cresceu 2,7%; a Bahia, 0,6%; e o Ceará, 5,6%. O Ceará vem crescendo. É preciso trabalhar pelo Nordeste brasileiro e por Pernambuco. No Estado, o governador vai ter um trabalho grande pela frente para arrumar a área política de gestão e lidar com as vaidades. Precisa ter mão de ferro. Os nossos prefeitos também precisam trabalhar bastante, principalmente os da Região Metropolitana. Precisamos crescer.
NOVO GOVERNO
Torcemos muito pelo sucesso do novo governador. Paulo Câmara tem um conhecimento geral do Estado, participou da equipe do governador Eduardo Campos, é uma pessoa inteligente e preparada. Tive somente dois contatos com ele até hoje, mas fiquei muito bem impressionado. Não será fácil para ele nem para ninguém administrar, principalmente agora nesse momento que o Brasil atravessa. Não vão vir recursos do governo federal, porque o Brasil não tem recursos. É preciso que haja muita criatividade, inovação, austeridade, controle dos desperdícios e aplicação correta do dinheiro público.
INVESTIMENTO
A crise não afeta o planejamento do nosso grupo. Temos um investimento consolidado no Ceará, o RioMar Fortaleza, e estamos construindo um segundo shopping, o RioMar Presidente Kennedy. Faremos uma ampliação no RioMar Aracaju e outra no Salvador Norte. Aqui, fizemos um projeto excepcional de grande magnitude, que foi o RioMar, um shopping diferenciado para qualquer parte do mundo. Em Portugal, temos um hobby, uma quinta na Região do Douro.
BUROCRACIA
É lamentável que se tenha uma burocracia tão grande neste País. Tem que haver modificações tremendas. Acho que Pernambuco, para crescer, precisa desburocratizar, ser ágil nas decisões. As dificuldades para se aprovar um projeto nesta cidade estão começando a desmotivar os empresários. Precisamos desburocratizar e partir para as reformas.
REFORMAS
A mãe de todas as mudanças é a reforma política. Não pode continuar do jeito que está. A sociedade está parada. Nós não temos, inclusive, nem oposição. É preciso uma reforma política. Redefinir a legislação que permite eleição a cada dois anos, analisar a reeleição e, em seguida, fazer as outras reformas: tributária, trabalhista e várias que precisam ser implementadas no Brasil. Não estamos decidindo na hora correta para melhorar a gestão e a disciplina na política brasileira. O que o governo deveria era não atrapalhar, deixar de tanta burocracia, ser mais rápido nas suas decisões e ter menos complicação.
INFRAESTRUTURA
Temos o problema da falta de estradas. A Fiat, por exemplo, deve estar preocupada. Quando foi para Goiana tinha a promessa do Arco Metropolitano, obra que até agora não saiu. Também falta uma maior integração entre os prefeitos da Região Metropolitana do Recife. A mobilidade é o problema da maior gravidade, que precisamos resolver com urgência.
PERFIL
A polivalência das pessoas no setor público me impressiona. Em um time de futebol, há muita dificuldade de se transferir o goleiro para a posição de centro-avante. Na iniciativa privada, as pessoas seguem uma carreira e vão crescendo mais ou menos dentro das mesmas atividades. Nos governos, muda-se de função com a maior facilidade. O funcionário sai de uma área para a outra com a maior facilidade, o que dificulta a continuidade dos projetos e a especialização em uma determinada área: o profissional chuta com os dois pés, amacia a bola, mas o gol dificilmente sai.
SOLUÇÃO
O cidadão deve votar certo porque estando em uma Democracia quem decide é o Congresso. Ele é responsável pela formulação das leis. Não podemos pensar de maneira diferente. Precisamos votar melhor, mandar para o Congresso pessoas que tenham compromissos com o Brasil, com as pessoas, e não apenas compromissos de ordem pessoal. Hoje, distribuem-se benefícios sociais de acordo com os interesses políticos-partidários. Isso precisa acabar.
SOCIAL
Temos orgulho de manter o Instituto JCPM de Compromisso Social. Não é de responsabilidade social porque entendemos que ter responsabilidade social é obrigação de todo cidadão. Temos 1.080 jovens de 16 a 24 anos que moram em Brasília Teimosa ou no Pina, foram treinados pelo IJCPM e hoje trabalham no RioMar. Já treinamos mais de 7 mil jovens para o mercado. No nosso escritório, 8% das pessoas são de Brasília Teimosa. Temos esse trabalho no Recife, em Salvador e em Fortaleza. Na capital cearense, temos 370 pessoas do entorno do empreendimento oriundos das escolas públicas trabalhando no RioMar Fortaleza. Acho que as pessoas têm que cumprir o seu papel e não podem esperar só pelo governo. O cidadão também tem sua obrigação. Cada um deve ajudar na área social porque temos um problema da maior gravidade. Está faltando indignação. Estamos acomodados, precisamos reagir.
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