Ministério Público denunciou, até dezembro, pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e organização
criminosa, 36 envolvidos
Publicado em 30/12/2014, às 10h20
Da Agência Brasil
Ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa
Foto: Reprodução/Internet
Em 2014 as atenções no meio político voltaram-se para as revelações e desdobramentos da Operação Lava Jato, da Polícia Federal (PF). Iniciada em março de 2014, a investigação mostrou um grande esquema de corrupção dentro da maior empresa pública brasileira, a Petrobras
O Ministério Público denunciou, até dezembro, pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa, 36 envolvidos. Na lista estão o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor de Abastecimento da companhia, Paulo Roberto Costa, acusado de receber propina de Youssef para facilitar negócios na estatal.
A PF chegou ao ex-diretor depois de descobrir que ele recebeu um jipe Land Rover de Youssef. O ex-diretor da estatal também é acusado de superfaturamento na compra, pela Petrobras, da Refinaria de Pasadena, no Texas (EUA).
Após negar à CPI da Petrobras que houvesse corrupção na estatal, Paulo Roberto Costa aceitou fechar acordo de delação premiada com os procuradores que atuaram na Lava Jato. Por meio desse instrumento, o suspeito de cometer crimes se compromete a colaborar com as investigações e denunciar outros integrantes do esquema. Em troca, o delator recebe benefícios como a redução da pena. Por causa do acordo, Paulo Roberto Costa cumpre prisão domiciliar.
Costa denunciou, então, a participação de integrantes de cinco partidos no esquema: PT, PMDB, PP, PSDB e PSB. Eles teriam recebido dinheiro desviado da estatal. O doleiro Alberto Youssef e dois executivos da empresa Toyo-Setal também fecharam acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal.
Ainda entre os denunciados por crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa estão 22 empresários de seis empreiteiras: Camargo Corrêa, Engevix, Galvão Engenharia, Mendes Júnior, OAS e UTC. Outras três empresas - Odebrecht, Iesa e Queiroz Galvão - foram investigadas pela PF, mas não tiveram executivos denunciados. Segundo a PF, as nove empresas investigadas têm R$ 59 bilhões em contratos com a Petrobras.
Segundo as investigações, a Petrobras contratava as empreiteiras que assinavam com a estatal contratos superfaturados para prestar serviços como construção de obras e fornecimento de materiais. Os valores extras eram rateados entre doleiros, lobistas e partidos políticos.
Em abril, a apreensão de documentos na sede da Petrobras, no Rio de Janeiro, pela PF, marcou o início da segunda fase da Operação Lava Jato. Em maio, foi concedida pela Justiça a quebra do sigilo bancário da estatal.
Em novembro, já na sétima fase da operação, em mais uma ação, a PF prendeu vários suspeitos de envolvimento no esquema como o ex-diretor de Serviços da Petrobras, Renato Duque, e executivos de grandes empreiteiras, como a OAS, Camargo Corrêa e Queiroz Galvão. Parte dos executivos foi solta após depoimentos.
O procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa do Ministério Público Federal (MPF) responsável pela Operação Lava Jato, estima que o esquema denunciado desviou cerca de R$ 300 milhões. Segundo o MPF, o valor mínimo de ressarcimento é R$ 1 bilhão.
Depois de meses de pressão, em dezembro, a presidenta da Petrobras, Graça Foster, reuniu a imprensa para dizer que conversou com a presidenta Dilma Rousseff sobre a sua própria demissão e sobre a saída dos outros diretores da empresa. Segundo ela, o assunto foi tratado algumas vezes com a presidenta, devido às investigações da Operação Lava Jato e ao atraso que isso tem causado ao fechamento do balanço financeiro do terceiro trimestre da empresa.
Na mesma entrevista, Graça Foster disse que os e-mails encaminhados pela ex-gerente da Petrobras Venina da Fonseca, antes de 2014, não explicitavam denúncias sobre irregularidades. Segundo ela, ninguém da diretoria atual sabia da corrupção dentro da empresa até a Petrobras ser citada na Operação Lava Jato.
A presidenta Dilma Rousseff, em café da manhã de Natal com jornalistas, saiu em defesa da presidenta da Petrobras. Dilma disse aos jornalistas que não há motivos para demitir Graça Foster por não haver provas das denúncias feitas contra ela. Apesar disso, a presidenta sinalizou que trocará os representantes do Conselho de Administração da estatal.
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