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quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Literatura » Baile do Menino Deus e outras narrativas folclóricas vão virar desenho animado

Auto de Natal será fundido com outras três obras do escritor Ronaldo Correia de 
Brito no roteiro de série de animação. Estreia será em 2016

Fellipe Torres - Diario de Pernambuco

Publicação:  24/12/2014 11:38

Obras de Ronaldo Correia de Brito vão servir de mote para série de animação. Créditos: Gianny Melo/Divulgação, Maria Eduarda Bione/esp.DP/D.A.Press
Obras de Ronaldo Correia de Brito vão servir de mote para série de animação. Créditos: Gianny Melo/Divulgação, Maria Eduarda Bione/esp.DP/D.A.Press


Há três décadas consagrado como espetáculo teatral, o Baile do Menino Deus, auto de Natal escrito por Ronaldo Correia de Brito e Assis Lima, vai inspirar série de animação a ser exibida em canais de televisão do Brasil, da Argentina, Colômbia, do México e Japão. Além da narrativa folclórica de 1983, as obras Arlequim, Bandeira de São João e Pavão misterioso, também de autoria de Ronaldo, fornecerão elementos para desenho animado da produtora Polo de Imagem (SP). A estreia será no fim de 2016, com treze episódios de 12 minutos.

Com forte influência da literatura de cordel, Pavão misterioso será fio condutor e emprestará o título à produção audiovisual. Os protagonistas serão dois irmãos, filhos de cientista que construiu um "pavão-avião". "Queremos pensar uma televisão cultural, ter diferentes olhares, explorar a dramaturgia de festas populares. O mercado geralmente nos obriga a copiar formatos criados lá fora. Nossa vontade é experimentar", diz a produtora executiva Malu Viana. 

Na mesma linha de inovação, a estética vai estabelecer forte diálogo com a xilogravura, sob direção artística da pernambucana Joana Lira, por muitos anos a responsável pela decoração do carnaval do Recife. "Ainda não sei quais caminhos artísticos seguir, mas estou super feliz com o projeto, pois o Pavão misterioso esteve presente na minha infância e também tenho essas raízes culturais como característica do meu trabalho".


Outro toque pernambucano é o do escritor e roteirista Helder Santos, experiente no universo da animação. Para ele, o desafio é combinar os traços de Joana Lira com as narrativas folclóricas dos livros. "Ao criar o roteiro, vamos manter em vista a atualização do texto para uma linguagem accessível para criança de hoje". O público-alvo é formado por crianças de até 10 anos, embora Ronaldo Correia de Brito acredite na transposição de barreiras. "Obras infantis sempre surpreendem, pois alcançam crianças de várias idades, jovens, adultos e idosos. Isso porque tratam de questões universais e muito caras ao homem", comenta o dramaturgo.

Embora esteja animado com a adaptação, o autor planeja manter certa distância do projeto, com pouca ou nenhuma interferência. Como resultado da participação dele, este ano, em um festival de cinema na França, o conto Mentiras de amor, publicado em 2003, está sendo adaptado para quatro curtas-metragens. "Em um deles, três crianças foram transformadas em três cadelas. É muita liberdade criativa! Certa vez, Luís Fernando Veríssimo me aconselhou a ceder os direitos das obras, não aceitar participação, cobrar caro e, de preferência, nunca assistir ao resultado final", brinca.

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