Artistas, produtores e críticos dão opinião sobre novo secretário. A nomeação causou estranhamento entre a
maioria
Publicado em 17/12/2014, às 06h00
Do JC Online
A nomeação do novo secretário de Cultura do Estado gerou estranhamento entre a classe artística, sobretudo pelo fato de Marcelino Granja não ser ligado ao setor e desconhecido de muitos que o compõem. A produtora e atriz Paula de Renor, por exemplo, declarou estar “pasma” com a escolha.
Uma das organizadoras do Festival Janeiro de Grandes Espetáculos e militante do setor de artes cênicas, Paula analisa a nomeação de Marcelino para a pasta como “uma danças das cadeiras”. “Ninguém se incomoda com os perfis de quem vai para a Cultura. Fico me perguntando como um engenheiro civil, técnico da Receita Federal e que foi secretário de Tecnologia vai ocupar a pasta”, protesta.
“A gente começou bem com a gestão de Eduardo (Campos), mas se perdeu. Nos primeiros anos, parecia que estavam em busca de uma política pública para a Cultura; depois, com os problemas que aconteceram e alguns escândalos na Fundarpe, parece que o castigo foi ‘vamos esquecer tudo aquilo que começamos’”, completa Paula.
O diretor do grupo Acupe de Dança, Paulo Henrique Ferreira, concorda com Paula, afirmando que o fato de Marcelino não ser ligado à Cultura transforma sua gestão na secretaria como um cargo “meramente político”. “Até ele engrenar com as linguagens culturais, vamos perder um tempo precioso”, diz.
A despeito de Marcelino Granja ser igualmente desconhecido da classe cinematográfica, vários diretores acenam com um voto de crédito ao novo secretário. “Espero que ele entenda a importância do São Luiz e do cinema que a gente está fazendo hoje, como também tenha conhecimento das outras manifestações artísticas do Estado”, adianta o cineasta e curador Kleber Mendonça Filho
Para o cineasta e chefe da Divisão do Centro Audiovisual Norte-Norte – Canne, Pedro Severien, a secretaria deve investir no fortalecimento dos equipamentos. “Vale lembrar que a reforma do Museu da Imagem e do Som de Pernambuco – Mispe foi prometida diversas vezes, um projeto museológico foi construído até, mas o espaço ainda encontra-se de portas fechadas e o seu acervo em risco”, alerta. A questão da formação de mão de obra é um dos pontos levantados pelo cineasta Paulo Caldas. “Na última reunião com Eduardo Campos, debatemos sobre a criação de uma escola técnica de cinema. Já temos um curso universitário, mas é preciso formar técnicos também”, aponta.
Na parte dos livros, uma das expectativas é que a mudança de gestão mantenha o diálogo da Coordenadoria de Literatura com o setor. “Acho que o novo secretário é uma boa indicação, espero que tenha condição de manter as atividades existentes e também continuar o que estava sendo planejado”, diz Alexandre Melo, do Nós Pós e da comissão setorial de literatura.
O produtor e crítico Thiago Correa, da revista Vacatussa, espera “continuidade e avanço”, com a manutenção de ganhos como o Prêmio Pernambuco de Literatura, os recursos do Funcultura, o Festival Internacional de Poesia, o Clisertão e a presença da literatura no Nação Cultural. “E avanço principalmente na relação da pasta da Cultura com a Educação, com uma política de parceria para levar os escritores às escolas e melhorar as condições e acervos das bibliotecas estaduais”, defende.
O editor e crítico Schneider Carpeggiani, da Cesárea, defende que é preciso “desburocratizar e democratizar”. “Estamos vivendo um momento tenso na Cultura em âmbito municipal, com reclamação de vários segmentos. Num quadro desses, a Secretaria de Cultura do Estado ganha ainda mais visibilidade”, aponta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário