Dom Luiz Cappio participa das comemorações pelos 20 anos da Peregrinação da Nascente à Foz do rio São Francisco Publicado em Quarta, 10 Outubro 2012
Dom Luiz Cappio, o bispo que ficou conhecido pela sua luta em defesa do rio São Francisco, participará hoje, 10 de outubro, em Belo Horizonte, de uma série de atividades em comemoração aos 20 anos da Peregrinação da Nascente à Foz do rio São Francisco. Da Articulação Popular São Francisco Vivo
As festividades terão início às 13 horas, na Igreja São José na capital, com uma coletiva de imprensa, em que o bispo e representantes da Articulação Popular São Francisco Vivo falarão sobre as comemorações da Peregrinação, as principais lutas pela revitalização do Rio São Francisco, desde Minas até Sergipe e Alagoas, o processo de Transposição, além dos principais problemas vivenciados pelo ecossistema e pelas comunidades ribeirinhas ao Rio.Logo após a coletiva haverá um ato público nas escadarias da Igreja São José, com apresentações culturais, exposição de fotos de resgate dos 20 de peregrinação, além de depoimentos e denúncias das comunidades ribeirinhas de toda a bacia sobre os problemas vivenciados pelo “Velho Chico”. Na parte da noite haverá o seminário O rio São Francisco nestes 20 anos pós-peregrinação, no auditório da Faculdade de Direito da UFMG. Já dos dias 11 a 13 de outubro, as atividades serão realizadas em São Roque de Minas (MG), onde está localizada a nascente do São Francisco. Estão sendo planejadas exposições fotográficas, seminários e momentos místicos no local. Sobre a PeregrinaçãoA Peregrinação é considerada a maior mobilização ecológica/religiosa em defesa do rio São Francisco, sendo realizada entre outubro de 1992 e outubro de 1993, por quatro peregrinos: Dom Luiz Cappio, Adriano Martins, Orlando Araújo e Irmã Conceição Menezes, mobilizando 350 comunidades nos 2.863 km de percurso do rio São Francisco.Muitas iniciativas surgiram durante e depois do evento, por ela motivadas: plantios de árvore, preservação de nascentes e matas em propriedades particulares e comunitárias, mutirões de limpeza da beira do Rio, programas de educação ambiental e semanas ecológicas nas escolas, mutirões de arborização das cidades.A Peregrinação foi motivada, na época, pela alarmante degradação do rio e foi uma das primeiras mobilizações organizadas em defesa do Velho Chico. Passados 20 anos, a degradação que impulsionou os peregrinos agravou-se. O rio São Francisco perdeu 35% da sua vazão nos últimos cinquenta anos e passou a sofrer com a construção de empreendimentos econômicos que tem degradado ainda mais o rio. Recentemente, pesquisadores da Universidade do Vale do São Francisco (Univasf) divulgaram uma pesquisa alertando para a extinção da caatinga e as consequências para o Rio, que segundo eles, corre o risco de ser extinto se a degradação continuar nesse ritmo. Dom Luiz CappioDom Luiz convive há mais de 30 anos com os problemas do Vale do São Francisco e, por duas vezes, ofereceu a sua vida em defesa do rio e das comunidades que vivem do Velho Chico. Em setembro de 2005, o bispo de Barra iniciou uma greve de fome que durou cerca de 11 dias, pela não realização da Transposição e pela Revitalização do rio São Francisco. Em 2007, depois do não cumprimento da promessa do governo Lula de promover debates sobre a transposição, de discutir as alternativas propostas pelo Atlas do Nordeste e de promover a revitalização do rio, Dom Cappio retomou a greve de fome que durou, dessa vez, 24 dias.Em 2007 D. Luiz foi premiado pela Pax Christi International, organização criada em 1945, para promover direitos humanos. Em 2008, recebeu o Prêmio Kant de Cidadão do Mundo, na Alemanha.Sobre a ArticulaçãoA Articulação Popular São Francisco Vivo (APSFV) existe desde 2005, atuando em todos os estados por onde o Rio São Francisco perpassa. Sua finalidade é congregar e fortalecer movimentos populares e organizações sociais (associações, sindicatos, pastorais, ONGs) na luta em defesa das comunidades e de toda a vida dependente do grande rio e de seus afluentes.Nestes cinco anos, cerca de 320 destas entidades de toda a bacia hidrográfica têm feito parte de uma permanente mobilização social por uma revitalização do São Francisco compreendido como Terra e Água, Rio e Povo.Seja no enfrentamento de um Projeto de Transposição imposto como falsa solução para a questão hídrica do Semiárido e em completa desatenção quanto ao estado de degradação do rio, seja na luta por uma inexistente Revitalização verdadeira do complexo de vida que é o Rio São Francisco, a Articulação tem marcado o cenário político e social-ambiental brasileiro.
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