Na manhã do
dia 19 de agosto, cerca de 250 trabalhadores e trabalhadoras rurais, apoiados
pela Comissão Pastoral da Terra, realizaram uma marcha pelas obras do eixo
leste da Transposição do Rio São Francisco, no município de Sertânia/PE. A
mobilização reuniu camponeses e camponesas de diversas áreas de assentamento e
acampamento do sertão, além de várias famílias que sofreram ou estão sofrendo
os impactos da implementação de grandes projetos de desenvolvimento na região.
O principal
objetivo da ação foi denunciar uma série de violações de direitos que o
conjunto destas famílias camponesas que vivem no sertão do estado vem sofrendo.
“Os trabalhadores e trabalhadoras rurais sem-terras, assentados, acampados e
atingidos pelos Grandes Projetos no sertão mostram que estão mobilizados e
reivindicam por Reforma Agrária, pelo acesso à água, à terra, à produção e à
comercialização, à assistência técnica de qualidade e todos os direitos que lhe
estão sendo negados”, afirma Denis Venceslau, agente pastoral da CPT.
Um documento
contento uma ampla pauta de reivindicações foi elaborado pelo conjunto com as
famílias mobilizadas. A Comissão Pastoral da Terra, que acompanha os
trabalhadores e trabalhadoras rurais, também divulgou nota em solidariedade às
famílias. A mobilização foi encerrada na parte da tarde, com todos os
trabalhadores e trabalhadoras ocupando um trecho das obras da transposição.
Confira a
nota da CPT:
CARTA DE
APOIO DA COMISSÃO PASTORAL DA TERRA A PAUTA E A LUTA DOS TRABALHADORES E
TRABALHADORAS RURAIS MOBILIZADOS EM SERTÂNIA - PE
Cansados de
esperar, trabalhadores e trabalhadoras rurais sem terras, comunidades
quilombolas, atingidos por grandes projetos, acampamentos e assentamentos da
Reforma Agrária, apoiados pela Comissão Pastoral da Terra, no canteiro de obras
da Transposição do Rio São Francisco em Sertânia, se mobilizaram no dia 19 de
agosto de 2012 para lutar e reivindicar por seus direitos.
A
mobilização, que aconteceu no Eixo Leste da Transposição do Rio São Francisco,
em Sertânia, no Sertão de Pernambuco, contou com a participação de 250
trabalhadores e trabalhadoras rurais, e teve como objetivo protestar e afirmar
que:
1. As
Grandes Obras, ao contrário do que se afirma por aí, não trazem nenhuma GRAÇA
para a vida do povo: expulsam trabalhadores e trabalhadoras rurais de suas
parcelas, criam falsas esperas e acabam com a biodiversidade loca
2. Houve
muita promessa para resolver o problema da estiagem nos municípios que sofreram
com a seca, mas ficou tudo apenas no discurso político;
3. Os
assentamentos ainda esperam a liberação de Créditos como os de Infra-estrutura
e de questões hídricas que esbarraram na morosidade do INCRA e na burocracia
dos Programas, como as DAP’s que foram entregues pelo INCRA às famílias
assentadas mas o Banco não as recebe por serem inadequadas para as famílias
acessarem o Crédito Estiagem.
4. Os jovens
e mulheres das áreas de Assentamentos não conseguem acessar os créditos
específicos destinados para eles;
5. O INCRA
não consegue avançar nas negociações junto ao Governo Estadual em relação às
áreas do Estado, a exemplo de Cachoeira do IPA, em Sertânia, onde o conflito
cada dia mais aumenta
6. A
regularização das Comunidades Quilombolas caminha a passos curtos, caso de
Varzinha dos Paulinos que o INCRA não consegue dá respostas às famílias
posseiras;
7. Muitas
famílias continuam em baixo de lona preta ou de barracas esperando que o INCRA
vistorie áreas que elas indicaram por serem improdutivas e não responder a
função social da terra, mas o INCRA não consegue realizar uma vistoria sequer.
8. Áreas que
já deveriam ter sidas emitidas posse, as famílias esperam ansiosas, pois para o
INCRA já foram desapropriadas, tais como: Samambaia (Custódia), Cedro Branco
(Iguaracy), Umburana (Custódia).
9. De
maneira geral a CPT apoia a luta dos trabalhadores e das trabalhadoras rurais
sem-terras, assentados, acampados e atingidos pelos Grandes Projetos que
reivindicam por Reforma Agrária, pelo acesso à água, à terra, à produção e à
comercialização, à assistência técnica de qualidade e todos os direitos que lhe
estão sendo negados.
A Comissão
Pastoral da Terra se compromete com a luta dos trabalhadores e das
trabalhadoras rurais por justiça e profecia na luta e na vida do Povo.
Sertânia –
PE, 19 de agosto de 2012.
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