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terça-feira, 20 de novembro de 2012

Polícia investiga morte de jornalista e ativista gay em Pernambuco


Delegada de Recife investigará morte de Lucas Fortuna na Região Metropolitana da capital pernambucana. Gleide Ângelo não descarta a hipótese de homofobia

Rio -  O caso do jornalista encontrado morto na Praia de Calheta, em Cabo de Santo Agostinho, Região Metropolitana do Recife, tem nova delegada. Nesta terça-feira, Gleide Ângelo, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) foi designada em caráter especial para investigar o crime. O corpo de Lucas Cardoso Fortuna, de 28 anos, foi encontrado, neste domingo, apenas de cueca e com algumas lesões.

A perícia vai definir se os ferimentos foram praticados antes ou depois do óbito do rapaz, segundo informou a assessoria de comunicação da Polícia Civil de Recife. O laudo do IML que apontará as causas da morte ainda não está pronto. Além de jornalista, Lucas era também um importante militante do Movimento Gay em Goiânia, cidade onde o rapaz vivia com seu pai. Ainda nesta terça-feira, a delegada irá à Praia de Calheta para apurar mais informações
Segundo Polícia Civil de Recife, a delegada Gleide Ângelo não descarta a hipótese do crime ter sido motivado por homofobia. A hipótese mais frágil é para o crime de latrocínio (roubo seguido de morte), contudo, "ainda é cedo para afirmar se tratar de crime passional ou homofóbico". A investigação também não descarta a tese de que Lucas tenha se afogado no mar. "Pode ainda ser um afogamento cujos ferimentos foram provocados pelas pedras do mar"
Avelino Fortuna prefere não ligar morte de Lucas a crime de homofobia | Foto: Reprodução Internet



Na manhã desta segunda-feira, Avelino Fortuna, pai de Lucas Fortuna, esteve no Instituto Médico Legal, no bairro de Santo Amaro, em Recife, para liberar o corpo do filho. Abalado, Avelino falou com a imprensa sobre o caso. "Existe toda uma suspeita que seja um caso de violência homofóbica, mas como eu ainda não sei exatamente o que aconteceu, eu prefiria não levantar bandeiras pra não cometer mais injutiças do que a que foi cometida com ele", disse o pai de Lucas.

"Não é apenas um filho meu que morreu, mas um filho da sociedade. Eu gostaria que essa morte não fosse em vão e que servisse para que a gente refletisse sobre o que nós da sociedade estamos permitindo que aconteça. Independente da sua orientação sexual, é uma vida brilhante, um rapaz de 28 anos, jornalista, que tinha uma vida toda pela frente e que infelizmente ele não pode prosseguir", acrescentou Avelino.

Representante de entidade LGBT lamenta morte
Luciano Freitas, amigo de Lucas e representante do Grupo Leões do Norte, disse durante coletiva de imprensa que "acredita que seja algum tipo de crime de ódio e, até, com um requinte de crueldade porque se fosse latrocínio (roubo seguido de morte), o celular e os documentos de Lucas não teriam sido encontrados".
Luciano Freitas, representante do grupo Leões do Norte | Foto: Reprodução Internet

Professor da Universidade Federal de Goiás, Juarez Ferraz de Maia comentou a morte de Lucas. "Tudo leva a crer tratar-se de um crime homofóbico pelas agressões sofridas. Lucas Fortuna era um militante da causa gay e combatia a intolerância e a violência através de suas ações pacíficas e brilhante oratória . Durante anos foi um dos organizadores em Goiânia da Parada Gay”, escreveu o professor em nota.



O corpo de Lucas Fortuna foi levado, nesta segunda-feira, para Goiânia, onde ele morava e onde deve acontecer o enterro. Lucas, que estava em Recife para apitar uma partida de vôlei, estava feliz com a possibilidade de ser promovido a arbitro nacional, informou seu pai. O último contato do jovem com Avelino Fortuna foi em 16 de novembro, quando Lucas ligou dizendo que adiaria sua passagem de volta para domingo para poder passar um tempo com os amigos que tinha em Recife.
Segundo informou Avelino Fortuna, pai de Lucas, ele e o jovem estavam muito próximos um do outro, devido ao fato do rapaz ter perdido a mãe em janeiro deste ano.
Voz do Movimento Gay
Lucas Fortuna era presidente do Partido dos Trabalhadores (PT) no município de Santo Antônio de Goiás. Além de jornalista, o jovem de 28 anos, também era um importante militante do Movimento Gay em Goiânia, responsável pela fundação do Grupo LGBT Colcha de Retalhos, que atuava na Universidade Federal de Goiás.
O militante morreu no mesmo dia em que era celebrada a 17ª Parada do Orgulho Gay de Copacabana. Durante anos, Lucas lutou pela aprovação do Projeto de Lei 122, que assegura a punição à homofobia no Brasil. O projeto de lei ainda não foi votado pelo Congresso Nacional.

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