Delegada de Recife investigará morte de Lucas Fortuna na Região Metropolitana da capital pernambucana. Gleide Ângelo não descarta a hipótese de homofobia
Rio - O caso do jornalista encontrado morto na Praia de Calheta, em Cabo de Santo Agostinho, Região Metropolitana do Recife, tem nova delegada. Nesta terça-feira, Gleide Ângelo, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) foi designada em caráter especial para investigar o crime. O corpo de Lucas Cardoso Fortuna, de 28 anos, foi encontrado, neste domingo, apenas de cueca e com algumas lesões.
Avelino Fortuna prefere não ligar morte de Lucas a crime de homofobia | Foto: Reprodução Internet
Na manhã desta segunda-feira, Avelino Fortuna, pai de Lucas Fortuna, esteve no Instituto Médico Legal, no bairro de Santo Amaro, em Recife, para liberar o corpo do filho. Abalado, Avelino falou com a imprensa sobre o caso. "Existe toda uma suspeita que seja um caso de violência homofóbica, mas como eu ainda não sei exatamente o que aconteceu, eu prefiria não levantar bandeiras pra não cometer mais injutiças do que a que foi cometida com ele", disse o pai de Lucas.
Representante de entidade LGBT lamenta morte
Luciano Freitas, amigo de Lucas e representante do Grupo Leões do Norte, disse durante coletiva de imprensa que "acredita que seja algum tipo de crime de ódio e, até, com um requinte de crueldade porque se fosse latrocínio (roubo seguido de morte), o celular e os documentos de Lucas não teriam sido encontrados".
Luciano Freitas, representante do grupo Leões do Norte | Foto: Reprodução Internet
Professor da Universidade Federal de Goiás, Juarez Ferraz de Maia comentou a morte de Lucas. "Tudo leva a crer tratar-se de um crime homofóbico pelas agressões sofridas. Lucas Fortuna era um militante da causa gay e combatia a intolerância e a violência através de suas ações pacíficas e brilhante oratória . Durante anos foi um dos organizadores em Goiânia da Parada Gay”, escreveu o professor em nota.
O corpo de Lucas Fortuna foi levado, nesta segunda-feira, para Goiânia, onde ele morava e onde deve acontecer o enterro. Lucas, que estava em Recife para apitar uma partida de vôlei, estava feliz com a possibilidade de ser promovido a arbitro nacional, informou seu pai. O último contato do jovem com Avelino Fortuna foi em 16 de novembro, quando Lucas ligou dizendo que adiaria sua passagem de volta para domingo para poder passar um tempo com os amigos que tinha em Recife.
Segundo informou Avelino Fortuna, pai de Lucas, ele e o jovem estavam muito próximos um do outro, devido ao fato do rapaz ter perdido a mãe em janeiro deste ano.
Voz do Movimento Gay
Lucas Fortuna era presidente do Partido dos Trabalhadores (PT) no município de Santo Antônio de Goiás. Além de jornalista, o jovem de 28 anos, também era um importante militante do Movimento Gay em Goiânia, responsável pela fundação do Grupo LGBT Colcha de Retalhos, que atuava na Universidade Federal de Goiás.
O militante morreu no mesmo dia em que era celebrada a 17ª Parada do Orgulho Gay de Copacabana. Durante anos, Lucas lutou pela aprovação do Projeto de Lei 122, que assegura a punição à homofobia no Brasil. O projeto de lei ainda não foi votado pelo Congresso Nacional.
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