AFP - Agence France-Presse
Publicação: 09/01/2015 21:24
Placa com os dizeres "Eu sou Charlie" (em francês), em referência ao ataque terrorista realizado ao semanário Charlie Hebdo em Paris. Foto: AFP SAJJAD HUSSAIN |
Os parisienses corriam aterrorizados em meio ao tiroteio em um bairro da capital francesa, enquanto os dois suspeitos do atentado ao jornal "Charlie Hebdo" se entrincheiravam com um refém, em uma pequena cidade próxima.
O violento assalto quase simultâneo aos locais onde os sequestradores se entrincheiravam pôs fim a mais de dois dias de tensão brutal no país, desde que a polícia começou a busca dos islamitas suspeitos do atentado que levou à morte de 12 pessoas na quarta-feira.
No leste de Paris, a polícia invadiu a loja de produtos judaicos, onde um dos agressores havia feito vários reféns. As explosões se sucediam, quando os comandos especiais invadiram o estabelecimento. Uma dessas deflagrações iluminou a frente da loja como uma bola de fogo.
"É a guerra!", gritava uma mãe, puxando a filha para longe dali.
Identificado como Amédy Coulibaly, o homem armado foi abatido, vários reféns morreram, e outros foram resgatados - informaram as forças de segurança.
Cinco pessoas morreram ao todo, incluindo o sequestrador.
Ambulâncias chegavam rapidamente ao local da tragédia, unindo-se ao já grande número de veículos oficiais que lotavam a área, vigiados por helicópteros.
Momentos antes, as forças de intervenção da Gendarmeria invadiam a pequena gráfica, em Dammartin-en-Goele, na qual se entrincheiravam os dois principais suspeitos do atentado ao semanário "Charlie Hebdo", com outro refém.
Várias deflagrações foram ouvidas, enquanto uma coluna de fumaça subia do telhado do prédio.
Cercados por milhares de policiais em uma caçada que durou mais de 48 horas, os irmãos Said e Chérif Kouachi saíram atirando em uma desesperada tentativa de consumar sua ação, mas terminaram abatidos pelas forças de segurança. O refém estava são e salvo.
'Tudo aconteceu muito rápido'
"Passou tudo muito, muito rápido. Vimos helicópteros e, de repente, os CRS (o Batalhão de Choque) estavam por toda parte. Entramos em pânico por um momento", disse Stéphane, de 45 anos, que teve de deixar sua casa, nesta cidade em geral pacata, 40 quilômetros ao nordeste de Paris.
"Nos deram tempo apenas para colocar um casaco por cima e sair. Agora, estamos esperando", contou.
Em Paris, os franco-atiradores estavam espalhados pelos telhados, viaturas policiais chegavam uma atrás da outra, enquanto agentes de elite com armas automáticas e um helicóptero policial reforçavam o cerco.
Não foi preciso esperar muito. No Hotel Ruisseau da capital, em frente ao mercado judaico, o confronto era intenso.
Os hóspedes comiam, quando um tiroteio começou do outro lado da rua: era o momento em que o sequestrador tomava o estabelecimento kasher.
Quase imediatamente, a polícia se mobilizou no bairro, fechou as ruas e bloqueou o tráfego no Bulevar Periférico, a principal artéria de anel viário da capital, perto de Porte de Vincennes.
"Ouvimos um tiroteio. Tudo aconteceu muito rápido. A polícia veio muito rápido", relatou Pascal, gerente do hotel, em conversa por telefone com a AFP.
"Ordenaram que nos escondêssemos do lado de dentro e fechássemos as cortinas", completou.
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