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sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Sequestro e terrorismo » Ex-imã radical Abu Hamza é condenado à prisão perpétua nos EUA

AFP - Agence France-Presse

Publicação: 09/01/2015 21:38 


O ex-imã radical britânico Abu Hamza. Foto: AFP/Arquivos ROBERTO SCHMIDT


O ex-imã radical britânico Abu Hamza. Foto:

AFP/Arquivos ROBERTO SCHMIDT
O ex-imã radical britânico Abu Hamza, de 56 anos, foi condenado à prisão perpétua, nesta sexta-feira, em Nova York, depois de ser considerado culpado de 11 acusações de sequestro e de terrorismo.

Ele foi condenado a duas penas de prisão perpétua por sequestro e a um total combinado de 100 anos pelas outras nove acusações, a serem cumpridos consecutivamente.

O ex-pregador da mesquita londrina de Finsbury foi acusado de complô e tomada de reféns por ter ajudado os sequestradores de 16 turistas ocidentais no Iêmen em 1998, assim como de exercer atividades terroristas vinculadas ao projeto de criação de um campo de treinamento de jihadistas em Oregon, noroeste dos Estados Unidos, o que não conseguiu concretizar.

O imã, caolho e com seus antebraços amputados por causa de uma explosão acidental no Paquistão, recebeu a condenação com indiferença.

Depois de três horas de audiência, a juíza americana Katherine Forrest explicou a Hamza que ele deverá cumprir sua prisão perpétua nos Estados Unidos. Ao anunciar a sentença, Forrest classificou os crimes de "diabólicos", "bárbaros" e "inaceitáveis em uma sociedade civilizada".

Abu Hamza será "condenado a uma sentença de prisão perpétua sob custódia da Procuradoria dos Estados Unidos e delegados americanos", declarou a juíza.

A decisão foi anunciada oito meses depois de, em 19 de maio, o réu ter sido considerado culpado por um júri. O julgamento durou quatro semanas. Hamza alarmou os jurados, ao falar de sua devoção ao falecido Osama bin Laden, o cérebro da rede Al-Qaeda, e ao se comparar com o líder republicano irlandês, Gerry Adams.

Os membros do júri levaram apenas 12 horas para considerá-lo culpado por facilitar o sequestro de 16 turistas ocidentais no Iêmen, em 1998, entregando material para a Al-Qaeda, além de apoiar os talibãs e enviar recrutas para o Afeganistão. Quatro desses turistas foram assassinados.

Embora não estivesse no terreno, no Iêmen, ele forneceu aos sequestradores um "indispensável" telefone por satélite, lembrou a juíza.

O réu não mostrou remorso por seus crimes e voltou a alegar inocência. Ele pediu para ser enviado para um hospital de um presídio federal. Ele alegou que será mais bem tratado, já que sofre de diabetes e dupla amputação.

A juíza Forrest disse ter refletido sobre a severidade da sentença, mas que, finalmente, concluiu que o mundo não estaria a salvo com Abu Hamza livre.

"O mal vem em muitas formas, mas nem sempre se mostra imediatamente em toda sua escuridão. Há um lado seu que essa corte vê como diabólico", justificou a juíza.

Abu Hamza, cujo nome completo é Mustafa Kemal Mustafa, também foi considerado culpado por tentar montar um campo de treinamento militar no estado americano do Oregon, em 1999, e por promover violência e uma "Jihad" (guerra santa) global.

De origem egípcia, Hamza se uniu à mesquita do Finsbury Park, em 1997. Foi preso pela polícia britânica em agosto de 2004, a pedido dos Estados Unidos, e sentenciado a sete anos de prisão na Grã-Bretanha, em 2006, por incitar assassinato e ódio racial. 

Ele foi extraditado para os Estados Unidos em outubro de 2012. 

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