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domingo, 6 de outubro de 2013

PT X PSB "Se alguém pensa que vai destruir o PT, não vai", afirma Humberto

Em entrevista ao JC, senador petista avalia que o PT sofre "o maior ataque político

 que já sofreu" em toda a sua vida, prega união interna e diz que não conseguir 

destruir a legenda


Publicado em 06/10/2013, às 00h05


Humberto, na entrevista ao JC: alerta sobre a

Humberto, na entrevista ao JC: alerta sobre a "ofensiva" contra o PT


Clemilson Campos/JC Imagem


O JC encontrou o senador Humberto Costa (PT) no dia em que Maurício Rands e Isaltino Nascimento eram confirmados como os mais novos socialistas do Estado. A maior liderança petista no Estado revela: “É o maior ataque político que o PT já sofreu em toda a sua história em Pernambuco”. No vaivém do discurso, ele trata o PSB do governador Eduardo Campos ora por adversário, ora por aliado. Aposta na união dos “verdadeiros petistas” para evocar um grito de independência, e avisa que não vão conseguir "destruir" o PT. Confira a entrevista:

JORNAL DO COMMERCIO – A semana que passou revelou um assédio marcante do PSB a quadros do PT, que terminou com a saída de Isaltino Nascimento, Lauro Gusmão e André Campos. Como o PT se posiciona diante dessa investida?

HUMBERTO COSTA – Entendo que o PT está sendo vítima do maior ataque político que já sofreu em toda a sua história em Pernambuco. Quando o PT se formou aqui, diziam que o PT não ia se consolidar porque não era muito forte. No entanto, com menos de 20 anos de existência, o PT ganhou a Prefeitura do Recife, abriu espaço para que a esquerda retomasse o poder no Estado, a partir de 2006, com a eleição de Eduardo. Então, vejo que não há o porquê disso ser feito contra o PT, que sempre foi adepto das aliança políticas, absolutamente fiel e leal à Frente Popular. Não consigo entender porque partidos integrantes da Frente tentam enfraquecer o PT nesse momento, procurando assediar lideranças políticas importantes.

JC – É uma tentativa de esvaziar o palanque do PT para 2014?
HUMBERTO – Não sei quem é que ganha com isso. Até porque acho que se alguém pensa que vai destruir o PT com esse tipo de ação, não vai. O PT de Pernambuco tem história, compromisso, tem bases sociais.

JC – Mas o PT vinha de um processo de enfraquecimento desde a eleição passada...
HUMBERTO – Somos aliados da Frente, do PSB. Isso vale para os momentos em que o PSB esteja forte, ou que possa estar temporariamente enfraquecido. Quando se especulava a ida do ex-ministro da Integração Fernando Bezerra Coelho ao PT, tive a oportunidade de dizer que o partido não faz assédio a aliados políticos, a membros de partidos que são nossos aliados. Até porque considero que isso não é uma forma de tratar um aliado. Independente de o PT estar passando por alguma dificuldade, não justifica uma tentativa de enfraquecê-lo ainda mais.

JC – O que o PT deve fazer?
HUMBERTO – Acho que o PT agora precisa tomar uma atitude partidária. O PED é importante, as divergências partidárias são importantes. Mas o mais importante é defender o patrimônio que é o PT. Acho que devemos secundarizar esse PED, juntar os verdadeiros petistas, gente como João Paulo, Pedro Eugênio, Bruno Ribeiro, Fernando Ferro, Teresa Leitão e tantos outros, para que os verdadeiros petistas se unam para resistir a essa tentativa de destruição do nosso partido aqui no Estado. Temos que sentar, fazer um pacto político e dentro desse pacto, incluirmos a necessidade de o PT ser preservado.

JC – Quem são os petistas não verdadeiros? Os que estão mais próximos do PSB?
HUMBERTO – Não quero fazer nenhum julgamento, nem incluir nem excluir quem quer que seja. Acho que todos aqueles que acham que é importante ter um palanque forte para a presidente Dilma no nosso Estado deve se unir, independente do que tenha acontecido no passado.

JC – Agora, depois de constatar essa ofensiva, o PT estaria correndo atrás do prejuízo?
HUMBERTO – O fato de nós termos errado muito até agora, não significa que nós continuemos errado. Acho que devemos pensar daqui pra frente. Pernambuco só é o que é hoje pelas ações do governo Lula, Dilma, na parceria com o governo Eduardo. Não queremos acabar com essa parceria, queremos continuar juntos, queremos ter o apoio do PSB para a candidatura de Dilma. Mas não fomos nós que puxamos esse rompimento, esse afastamento. É lógico que os projetos pessoais são legítimos, mas eles não podem se sobrepor ao interesse da nação, de Pernambuco. Então, o PT agora precisa parar de errar, e parar de errar é procurar encontrar um caminho comum para resistir a esse ataque político que está sendo feito contra o nosso partido e contra o nosso ideário.

JC – O PT teve a oportunidade de demarcar independência em relação ao PSB local, quando eles decidiram sair do governo federal. No final, não entregou os cargos, sob orientação da direção nacional.
HUMBERTO – O PT nacional em nenhum momento disse que nós deveríamos ficar ou sair. Houve um apelo que foi feito pelo presidente Rui Falcão, no sentindo de não nos precipitarmos numa posição de rompimento, quando não está claro qual seria o posicionamento do PSB. Digo com toda a tranquilidade que nesse momento essa discussão está superada. O PT vai discutir e devolver que cargos? O PT é que está sendo retirado da Frente Popular, o PT é que está sendo expelido do governo. Acho que não temos mais o que discutir, o PT agora tem que fazer um movimento na defesa do seu legado e do projeto de Lula e Dilma de Pernambuco.

JC – Deve entregar os cargos que ainda têm?
HUMBERTO – Estamos sendo jogados para fora do governo. Quando discutimos a possibilidade de entregar os cargos eu defendi essa postura. Até como reciprocidade. Não pensamos em construir bloco de oposição. O que o PT vai fazer depende exatamente de como vai ser tratado. Se for tratado com respeito, consideração, entendendo que é um partido relevante para a governabilidade aqui no Estado, devemos continuar aliados. Até porque ajudamos a construir esse governo. Desafio quem quer que seja a encontrar uma posição do PT de Pernambuco de deslealdade com a Frente ou com Eduardo. Agora, se continuarmos sendo tratados como estamos sendo, não como aliados, mas como adversários, temos que discutir o que os vamos fazer.

JC – Como vê a saída de Isaltino?
HUMBERTO – É parte de uma legislação imperfeita que permite que haja essas mudanças de partido, que não exista a fidelidade partidária. As pessoas podem ter seus projetos pessoais, temos que respeitar. Espero que ele tenha tomado essa decisão levando tudo isso em consideração. É um companheiro que respeitamos, mas quem vai julgar se a atitude dele foi correta são as pessoas que estão ao lado dele, que votaram nele.

JC - E Maurício Rands, que disse ter abandonado a política, e se filia ao PSB...
HUMBERTO – Isso é um assunto da economia interna do PSB. Não diz respeito ao PT.

JC – Ao JC, Fernando Bezerra Coelho disse que o PSB saiu do governo Dilma Rousseff estimulado por censura e pressão do PT.
HUMBERTO – O PT tem trabalhado para preservar essa relação com o PSB. Ao contrário, nosso governo e nossa presidente foram muitas vezes criticados e censurados de forma muito dura. Em nenhum momento esboçamos qualquer tipo de reação. Tivemos a paciência de tentar construir essa unidade, vamos continuar tentando. O (ex) presidente Lula sempre falou em manter o PSB no governo, Dilma também, o ex-ministro teve absoluta autonomia para realizar as ações. Como é que o PT estaria querendo promover rompimento? Acho que essa interpretação está errada.

JC – Em recente entrevista ao jornal Correio Braziliense, o ex-presidente Lula disse que o senhor tinha sido candidato de si próprio. Procede?
HUMBERTO – O que ocorreu é que no início de janeiro de 2012, fui junto com o senador Jorge Viana (PT-AC) fazer uma visita ao ex-presidente, ainda em recuperação, no que ele perguntou sobre o quadro na eleição do Recife. Falei que tínhamos a candidatura do prefeito (João da Costa), havia discussões sobre a candidatura de João Paulo, Maurício Rands e até meu nome. Perguntei a opinião dele sobre a possibilidade de eu ser candidato, e ele disse exatamente o que disse ao jornal. Tanto é que desisti do meu nome. Continuei a tocar minha vida. Só depois de ter havido a prévia, que não se chegou a um resultado que todos aceitassem, que havia um conflito instalado, a Executiva nacional levantou o meu nome como uma possibilidade de consenso, o que não aconteceu, foi uma avaliação errada. Naquele momento, o presidente Lula concordou, tanto que gravou programa de TV e rádio para mim. Em nenhum momento atropelei o processo. E a maior vítima disso tudo fui eu. Agora, acho que a gente tem que olhar o passado para aprender com ele. Estou novamente à disposição do PT para o que ele quiser, menos ser candidato a qualquer coisa (em 2014).

JC – Como a Executiva nacional está tratando o PT local agora?
HUMBERTO – Tem acompanhado. Mas acho que precisa ter um papel mais ativo na construção dessa unidade. O presidente do partido, o próprio presidente Lula e a presidente Dilma precisam olhar o PT de Pernambuco com mais atenção, mais cuidado e tendo o entendimento de que ele é fundamental para o nosso sucesso eleitoral. Quem vai segurar o palanque da presidente Dilma se não formos nós ou os aliados? Esse é um momento de nos unirmos (também) para cobrar da direção nacional uma postura de acompanhamento mais próximo do processo que acontece aqui e, ao mesmo tempo, de contribuir para construção de uma unidade, para superação dos problemas das arestas que existem hoje. Nós não temos que pedir mais nada a direção nacional! Temos que exigir o papel da direção nacional aqui no Estado para ser fiadora de um grande acordo que resolva os nossos problemas e nos fortaleça para 2014.

JC – Essa falta de atenção da nacional atrapalha?
HUMBERT O– Acho que a principal tarefa está nas nossas mão. Os verdadeiros petistas precisam agora se sentar, precisam baixar temperatura, se despir das vaidades e dos orgulhos e tentarmos construir alguma coisa nova no Estado. Entendo que se tivermos a participação da direção nacional vai ser mais fácil.

JC – Mas como superar o problema dos “Joões”?.
HUMBERTO – O PT tem um problema muito maior do que as divergências entre os “Joões” – João Paulo e João da Costa – e entre as tendências, que é a necessidade de se unir para fazer valer um projeto que mudou a vida do povo brasileiro e mudou a vida do povo no Estado. Temos que ter a grandeza para colocar esses problemas em segundo lugar. O que pode nos unir mais do que nos separar? Digo por isso que o PED está mais secundarizado. Estamos preparados para enfrentar, temos chapa forte. Mas isso não tem importância se formos aqui atacados de morte como estamos sendo atacados agora.

JC – Apesar desses sinais de “rompimento”, dirigentes nacionais do PT tem dito que gostaria de manter Eduardo como aliado. Não há uma dissintonia?
HUMBERTO – Todos queremos que o governador esteja com Dilma. Mas não podemos brigar com os fatos. Está muito evidente que o governador está montando sua candidatura a Presidência. Isso é legítimo. Não podemos tirar o direto de quem quer que seja de ser candidato. E mais, o caminho que está sendo utilizado pelo PSB para fortalecer esse projeto é um caminho que é claramente antagônico ao PT. Porque não se trata de alianças com a direita. O problema é que as alianças que estão sendo feitas não são apenas à direita. São hostis ao PT. Veja, (ex-senador) Bornhausen foi a pessoa que disse que era preciso acabar com a raça do PT. O Heráclito Fortes, que está entrando no PSB, foi um dos maiores adversários que Lula teve no Congresso. Quer dizer, essa não é uma frente apenas alternativa ao que está aí. É também uma frente anti-PT, anti-governo, pelo menos elementos que estão atrelados a ela. Para mim, fica claro que o PSB vai construindo caminho próprio.

JC – Se Eduardo Campos sair presidente, Dilma Rousseff precisará de um palanque em Pernambuco. O senador Armando Monteiro Neto (PTB) é pré-candidato e não esconde que quer apoio do PT. Como o partido avalia essa questão?
HUMBERTO – A nossa principal tarefa é construir o palanque da presidente Dilma, garantir que ganhe as eleições aqui. Para isso, precisamos unir todos os elementos que estão com Dilma. É o caso do PTB, do PSD, do PP. As lideranças que estão com Dilma precisam sentar à mesa para discutir a campanha da presidente aqui em Pernambuco. A disputa pelo governo do Estado é algo que é para discutir lá na frente. Nesse momento, todas as possibilidades devem ser consideradas, tanto pode ter uma candidatura, o nome de João Paulo é extremamente forte. Tanto o PT pode apoiar uma outra. Temos grande respeito por Armando Monteiro, como temos respeito pelo governador Eduardo Campos.

JC – Mas o governador tem falado de respeito e unidade na Frente Popular...
HUMBERTO – Acho um pouco difícil até porque a Frente sofreu mudanças, ampliações, que nos coloca numa situação que já não é de tanta unidade. Por exemplo, o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB) é um adversário figadal da presidente Dilma, Lula e PT. Aliás, ele disse que só apoia a candidatura de Eduardo Campos para presidente se fosse uma candidatura contra o PT. Como é que vamos dividir o mesmo espaço com quem tem essa visão sobre o PT e sobre a presidente? Acho que é difícil.

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